ORSON PETER
CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br
Matão, São Paulo
(Brasil)
Não sobre a
cabeça frágil de
um único ser
humano
Referindo-se ao
Controle
Universal do
Ensinamento dos
Espíritos,
no item II –
Autoridade da
Doutrina
Espírita, na
Introdução de
O Evangelho
segundo o
Espiritismo,
Allan Kardec
destaca que
“(...) Diante
desse imponente
acordo de todas
as vozes do céu,
que pode a
opinião de um
homem ou de um
Espírito? Menos
que a gota
d´água que se
confunde no
oceano, menos
que voz da
criança, abafada
pela tempestade.
(...)”.
E continua com
gravidade:
“(...) A opinião
universal, eis,
pois, o juiz
supremo, aquele
que pronuncia em
última
instância; ela
se forma de
todas as
opiniões
individuais; se
uma delas é
verdadeira, não
tem senão seu
peso relativo na
balança; se é
falsa, não pode
se impor sobre
todas as outras.
Nesse intenso
concurso, as
individualidades
se apagam, e aí
está um novo
revés para o
orgulho humano
(...)”.
Em parágrafo
anterior do
mesmo texto, já
havia a
advertência:
“(...) É diante
desse poderoso
tribunal ou
assembleia, que
não conhece nem
os conciliábulos,
nem as
rivalidades
invejosas, nem
as seitas, nem
as nações, que
virão se quebrar
todas as
oposições, todas
as ambições,
todas as
pretensões à
supremacia
individual; que
nós mesmos nos
destruiríamos se
quiséssemos
substituir esses
decretos
soberanos pelas
nossas próprias
ideias; só ele
decidirá todas
as questões
litigiosas, fará
calar as
dissidências, e
dará razão, ou
não, a quem de
direito (...)”.
Tais reflexões
são de máxima
importância
diante de tantas
opiniões
divergentes
sobre tão
variados
assuntos, bem
refletindo a
nossa
imaturidade
humana,
especialmente
quando também se
tratando da
prática e do
movimento
espírita. O
raciocínio de
Kardec está
usado no texto
para referir-se
ao choque de
ideias diante da
revelação
espírita, mas
bem podemos
usá-lo
igualmente em
nosso próprio
âmbito interno,
doutrinário,
onde também se
encontram o
entrechoque das
ideias e as
divergências.
É que tais
considerações
estão exatamente
tratando da útil
questão do
Controle
Universal do
Ensinamento dos
Espíritos,
indicando
critério na
análise e
recepção de tudo
o que vem dos
Espíritos, onde
vamos encontrar
farto material
para orientar
nossas reflexões
na aceitação ou
rejeição das
informações
advindas do
plano
espiritual.
Tratando-se de
documento
importantíssimo,
norteador da
prática
espírita, é
texto de estudo
e consulta
permanente,
autêntico
roteiro que
garante
estabilidade na
prática
espírita.
O hábito de
“pular” a
introdução dos
livros faz o
leitor perder
muitas pérolas
instrutivas,
como a acima
transcrita. A
Introdução,
Prefácio ou
Apresentação de
um livro são
valiosos
recursos de
compreensão e
não devem ser
desprezados ou
ignorados.
É o que ocorre
com o que está
contido na
Introdução de O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
onde se
encontram
referidos
textos. Nos
subtítulos
apresentados por
Kardec, como
Objetivo da Obra,
Autoridade da
Doutrina
Espírita,
Notícias
Históricas e
Sócrates e
Platão,
apresentados
como precursores
da ideia cristã
e do
Espiritismo, o
leitor atento
encontra farto
material para
estudos e
reflexões,
facilitando,
como não poderia
deixar de ser, o
entendimento da
obra em seu
conjunto e mesmo
os fundamentos
do Espiritismo.
Embora
referindo-se ao
que vem dos
Espíritos, como
pode perceber e
sabe o leitor, o
mesmo texto pode
ser aplicado a
nós mesmos, os
encarnados, nas
velhas
dissidências e
tolas vaidades
das opiniões
pessoais. Nossas
opiniões e
pontos de vistas
são muito
frágeis e
sujeitas a
instabilidades
de expressão.
Por isso é
sempre
importante
lembrar que a
opinião
universal é,
pois, o juiz
supremo das
causas. Voltemos
a ler o que está
acima. Como
pondera o
Codificador, o
que é realmente
nossa opinião
individual?
Apenas uma
opinião, que
pode estar certa
ou equivocada.
E, quando certa,
está sujeita a
um peso relativo
e, quando
equivocada,
nenhum valor
tem.
Deus não
poderia, pois,
colocar a
verdade na
cabeça frágil de
um único ser
humano. É
exatamente na
universalidade
do ensino dos
Espíritos que
está o caráter
essencial da
Doutrina
Espírita, sua
força e sua
autoridade,
refletindo
opinião geral,
decorrente de
lei e não de
gostos,
tendências ou
preferências de
um único ser
humano ou de um
grupo...
Por isso
voltemos a
estudar a
Introdução de
O Evangelho
segundo o
Espiritismo,
para não
perdermos tempo
com tantas
questões inúteis
e que somente
desviam do foco
principal: nossa
melhora moral.
Nota do Autor:
Utilizamos na
transcrição a
365ª edição do
IDE, tradução de
Salvador
Gentille.