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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 287 - 18 de Novembro de 2012

JOSÉ LUCAS
jcmlucas@gmail.com
Óbidos, Portugal
 

 
Ah, se eu soubesse…


Viajamos na vida, sem saber o que ela encerra. Uns acreditam que após a morte do corpo de carne nada mais existe (os materialistas), outros não cogitam desse assunto (os agnósticos), outros defendem a imortalidade do Espírito (os espiritualistas), sendo que, neste campo, as explicações são tão diversificadas quanto o número de religiões, doutrinas, ideias que existam no mundo.

A Doutrina Espírita (ou Espiritismo) não é mais uma seita nem mais uma religião, mas sim uma ciência de observação, que nos leva a conceitos filosóficos, e a uma moral que assenta nos ensinamentos de Jesus de Nazaré. Esta doutrina tem por princípios básicos a existência de Deus, a imortalidade do Espírito, a comunicabilidade dos Espíritos, a reencarnação e a pluralidade dos mundos habitados. Está assente na lógica, na razão, na observação dos fatos espíritas e explica a natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como as relações existentes entre o mundo espiritual e o mundo terreno.

Com o aparecimento do Espiritismo em 18 de Abril de 1857, no lançamento da monumental obra “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, comprovou-se que a vida continua após o decesso do corpo carnal, provas essas que têm vindo a ser confirmadas pelas múltiplas pesquisas de muitos cientistas e pesquisadores não espíritas, desde então.

Hoje em dia, a Doutrina Espírita é um preciso auxiliar da medicina, nomeadamente da Psiquiatria e da Psicologia, auxiliando estas ciências a entender o ser humano numa perspectiva integral (alma + corpo espiritual + corpo carnal) e não apenas como um amontoado de células orgânicas.

Aprendemos com o Espiritismo que todos os nossos atos, omissões, pensamento e sentimentos se repercutem em nós próprios em primeiro lugar, trazendo-nos paz, felicidade ou inquietação, conforme o padrão mental em que estejamos a vibrar no nosso quotidiano.

Recordando as palavras sábias de Jesus, “a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”, vemos aqui a lei de causalidade ou lei de causa e efeito.

Somos assim, senhores do nosso destino, temos o livre-arbítrio de agir bem ou mal, com ou sem intenção, fraternal ou egoisticamente, mas, um dia, após a morte do corpo de carne, não poderemos fugir de nós próprios, arcando com as consequências dos nossos atos, quer no mundo espiritual, quer em vidas (reencarnações) futuras, haurindo a tranquilidade ou a inquietação geradas por nós próprios.

Daí podermos encontrar tanta dessemelhança de oportunidades, de estados de alma, de estados físicos nos seres humanos, ao longo da vida, interrogando-nos onde está a presença divina perante tais desigualdades.

Hoje em dia, a Doutrina Espírita é um precioso auxiliar da medicina, nomeadamente da Psiquiatria e da Psicologia

Sem a explicação da reencarnação, sem dúvida que encontraríamos um Deus displicente, que dava oportunidades diferentes aos seus filhos.

Atualmente, a reencarnação, apesar de aceita por cerca de 75% da população mundial, deixou de ser mais uma crença para ser um fato científico (estudem-se as pesquisas de crianças que se lembram de vidas passadas, os meninos prodígios, as comunicações espirituais e as terapias a vidas passadas) do qual não adianta fugir.

O roteiro para a felicidade foi-nos dado por Jesus de Nazaré há mais de 2 mil anos: “Não façais ao próximo o que não desejais para vós mesmos”; os conhecimentos estão ao dispor de todos e em todo o lado; a noção de bem e de mal é inata ao ser humano através da sua consciência, pelo que um dia teremos de prestar contas dos nossos dons que Deus nos deu.

Uns dirão que não sabiam, outros que não aproveitaram bem o tempo, e aqueles que se esforçaram para terem êxito espiritual olharão com pena para os seus irmãos mergulhados em futuras e duras expiações, por muito terem abusado nesta vida, da vida do próximo, dos dinheiros públicos, do egoísmo, da falta de retidão no seu proceder e no seu caráter.

E a vida continua prenhe de oportunidades evolutivas ao nível intelectual e moral, na certeza de que cada um colherá de acordo com o seu estado íntimo, dentro do aforismo “a cada um de acordo com as suas obras”.

Oxalá nós não estejamos no grupo daqueles que dirão: “Ah, se eu soubesse…”.

Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem cessar, tal é a lei” diz-nos o Espiritismo, incentivando o homem à fraternidade, lembrando um dos ensinamentos dos benfeitores espirituais: “Fora da caridade não há salvação”.

 

Bibliografia:

“O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec

“O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec.


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita