ANSELMO FERREIRA
VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil) |
|
Mais alguns
sinais da
transição
planetária
Como a
demonstrar o seu
justificado
descontentamento
com a
inclemência
humana, a
natureza vem se
rebelando de
maneira
onipresente.
Afinal, é raro
não se ver na
atualidade um
ponto da Terra
que não esteja
enfrentando
algum tipo de
anomalia
climática ou
desequilíbrio no
meio ambiente.
Ao que tudo
indica, estamos
acordando muito
tarde para as
consequências
dos nossos atos
coletivos. As
providências
tomadas são
lentas e os seus
efeitos demoram
a dar resultados
positivos. A
verdade é que na
sua sanha de
“progresso” o
homem tornou a
natureza refém e
ela agora, por
sua vez, lhe
manda a conta.
Nesse sentido,
vale recordar o
pensamento de
Allan Kardec,
conforme se lê
na obra A
Gênese: “O homem
recebeu em
partilha uma
inteligência com
cujo auxílio lhe
é possível
conjurar, ou,
pelo menos,
atenuar os
efeitos de todos
os flagelos
naturais. Quanto
mais saber ele
adquire e mais
se adianta em
civilização,
tanto menos
desastrosos se
tornam os
flagelos. Com
uma organização
sábia e
previdente,
chegará mesmo a
lhes neutralizar
as consequências,
quando não
possam ser
inteiramente
evitados. Assim,
com referência,
até, aos
flagelos que têm
certa utilidade
para a ordem
geral da
Natureza e para
o futuro, mas
que, no
presente, causam
danos, facultou
Deus ao homem os
meios de lhes
paralisar os
efeitos” (ênfase
nossa).
Mas nesse
processo insano
de exploração
econômica e de
espoliação dos
recursos
naturais, há
muito as grandes
nações do
planeta vêm se
destacando pela
irresponsabilidade
da sua omissão.
Claramente
desinteressadas
em capitanear as
necessárias
transformações
paradigmáticas –
talvez até para
não desagradar
determinados
grupos e setores
que poderiam se
sentir
prejudicados –,
elas agora se
encontram às
voltas com uma
dura realidade
marcada por
constantes
tragédias
coletivas
geradas,
sobretudo, pelas
incontroláveis
mudanças
climáticas.
Assim tem sido,
por exemplo, com
os Estados
Unidos da
América. A rica,
poderosa e
influente nação
do norte –
portadora de um
patrimônio
cultural
invejável, de um
arsenal militar
inigualável e de
cérebros humanos
da mais alta
competência e
valor –
encontra-se
vergastada pelos
açoites da
natureza.
Cada vez mais, a
fúria de dezenas
de tornados,
tempestades e
furacões atinge
o solo da
admirável nação
destruindo-lhe
valores
preciosos e
afetando
duramente a vida
de milhares dos
seus
concidadãos. Não
foi, aliás,
diferente com o
furacão Sandy
que, com ventos
de mais de 130
quilômetros por
hora, expôs toda
a fragilidade
humana diante de
certos eventos
naturais. Na
revista Veja
pode-se ler que:
“O furacão
alterou a vida
de 50 milhões de
americanos em
meia dúzia de
estados. Sem
transporte nem
energia, os
moradores de
Nova Jersey
foram os mais
afetados”.
Mostrando a real
magnitude da
tragédia, as
imagens exibidas
pelas TVs eram
estarrecedoras,
ou seja, caos e
destruição por
toda a parte.
Por mais que se
apresentem
estimativas
financeiras, o
fato é que os
prejuízos são
incalculáveis.
De um momento
para o outro,
pessoas perderam
tudo que
acumularam
durante uma
vida. Muitos
imploravam aos
prantos ajuda ao
presidente
americano e às
equipes de
socorro, pois
não tinham o que
comer, beber ou
vestir. Um
motorista de
táxi de Nova
Iorque, cansado
de esperar horas
a fio pela sua
vez de abastecer
o tanque de
combustível do
seu do carro,
declarou: “Nós
somos a maior
nação do mundo e
deveríamos estar
preparados para
isso”.
Certamente que
há grandes
lições a serem
aprendidas nesse
episódio. Uma
delas talvez
seja a de
entender
definitivamente
que somos partes
da criação
divina, o que
não nos dá o
direito de
destruí-la. Como
se lê em A
Gênese: “[...]
lançando o olhar
em torno de si,
sobre as obras
da Natureza,
notando a
providência, a
sabedoria, a
harmonia que
presidem a essas
obras, reconhece
o observador não
haver nenhuma
que não
ultrapasse os
limites da mais
portentosa
inteligência
humana. Ora,
desde que o
homem não as
pode produzir, é
que elas são
produto de uma
inteligência
superior à
Humanidade, a
menos se
sustente que há
efeitos sem
causa”.
Outra mostra com
clareza que tais
episódios expõem
os limites
humanos. Dito de
outra forma,
apesar de toda a
excelência dos
modelos
matemáticos de
previsão do
tempo e sistemas
de comunicação,
há aparentemente
um sentimento de
impotência
diante de coisas
que não se
domina. Em
outras palavras,
esses arroubos
da natureza têm
vida própria e
não há poder na
Terra que possa
lhes “segurar as
vontades”. De
certa maneira,
eles “caçoam” de
nós como se
dissessem:
“vocês não podem
tudo” ou “sintam
um pouco da dor
que nos causam
seus orgulhosos
e inconsequentes”,
ou ainda, “vocês
não são deuses”.
A prestigiosa
revista The
Economist
lembrava
recentemente
sobre um estudo
chamado “Visão
2020” sobre a
cidade de Nova
Iorque, no qual
se indicava a
necessidade de
implantação de
mais diques,
muros de
contenção das
marés e
edifícios à
prova de
inundações,
entre outras
coisas. Sem
dúvida que em
decorrência dos
acontecimentos,
novas
providências e
medidas serão
tomadas a fim de
se tentar domar
as forças da
natureza – uma
luta sem
tréguas. Afinal
de contas, como
esclarece Kardec
na referida
obra: “Tendo o
homem que
progredir, os
males a que se
acha exposto são
um estimulante
para o exercício
da sua
inteligência, de
todas as suas
faculdades
físicas e
morais,
incitando-o a
procurar os
meios de
evitá-los. Se
ele nada
houvesse de
temer, nenhuma
necessidade o
induziria a
procurar o
melhor; o
espírito se lhe
entorpeceria na
inatividade;
nada inventaria,
nem descobriria.
A dor é o
aguilhão que o
impele para
frente, na senda
do progresso”.
Nesse momento,
portanto, o
apego a Deus, a
profunda
reflexão, o
cultivo da prece
e a busca de
forças
interiores são
essenciais para
se ter
resistências e
coragem diante
da provação
imposta. Nenhum
povo da Terra
está isento dos
efeitos da
transição
planetária e os
recursos do mais
alto nos fazem
ver o nosso real
valor e
significado.