Soneto
Antônio Nobre
“Quando cobrir-se o chão
de folhas mortas
– meu coração dizia em
grave entono –
Extinguindo-se a vida
que comportas,
Dormirás no meu seio o
último sono...”
E murmurava a alma: –
“Findo o Outono,
A Primavera vem por
outras portas;
Não existe no túmulo o
abandono,
Ou a dor amarga e rude
em que te cortas.”
Escutava essas vozes
comovido,
Morto de angústia, morto
de incerteza,
Aguardando o sol-posto,
entristecido;
E além da amarga vida de
segundos,
Ressurgi da tortura e da
tristeza,
Sob os ares sadios de
outros mundos!
Nascido na cidade do
Porto, em Portugal,
Antônio Nobre
distinguiu-se pela
suavidade e melancolia
do seu estro. O soneto
acima integra o
Parnaso de Além-Túmulo,
obra psicografada pelo
médium Francisco Cândido
Xavier.
|