O
grito
Hilário Silva
– Uma boa
palavra auxilia
sempre. Às
vezes,
supomo-nos
sozinhos e
proferimos
inconveniências.
Desajudamos
quando podíamos
ajudar. É
preciso
aproveitar
oportunidades.
Falar é um dom
de Deus. Se
abrirmos a boca
para dizer algo,
saibamos dizer o
melhor.
A pequena
assembleia ouvia
atenta a palavra
de Sálus, o
instrutor
espiritual que
falava pelo
médium.
– Não adianta
repetir frases
inúteis. E é
sempre falta
grave conferir
saliência ao
mal. Comentemos
o bem.
Destaquemos o
bem.
Dentre todos os
presentes,
Belmiro Arruda,
escutava em
silêncio.
*
Decorridos
alguns dias,
Arruda, nas
funções de
pedreiro-chefe,
orientava o
término da
construção de
grande recinto.
O enorme salão
parecia
completo. Tudo
pronto.
Acabamento
esmerado.
Pintura
primorosa.
– Experimentemos
a acústica –
disse o
engenheiro
superior.
E virando-se
para Belmiro:
– Grite algo.
Arruda,
recordando a
lição, bradou:
– Confia em
Jesus!... Confia
em Jesus!...
O som estava
admiravelmente
distribuído.
Os operários
continuavam na
sua faina,
quando triste
homem penetra o
recinto.
Cabeleira
revolta.
Semblante
transtornado.
– Quem mandou
confiar em
Jesus? –
perguntou.
Alguém aponta
Belmiro, para
quem ele se
dirige, abrindo
os braços.
– Obrigado,
amigo! –
exclamou.
E mostrando um
revólver:
– Ia encostar o
cano no ouvido,
entretanto,
escutei seu
apelo e sustei o
tiro... Queria
morrer no
terreno baldio
da construção,
mas sua voz
acordou-me...
Estou
desempregado, há
muito tempo, e
sou pai de oito
filhos... Jesus,
sim! Confiarei
em Jesus!...
Arruda
abraçou-o, de
olhos úmidos. O
caso foi
conduzido ao
conhecimento do
diretor do
serviço. E o
diretor,
visivelmente
emocionado,
estendeu a mão
ao desconhecido
e falou:
– Venha amanhã.
Pode vir
trabalhar
amanhã.
Do livro A
Vida Escreve,
de Hilário
Silva, obra
psicografada
pelos médiuns
Francisco
Cândido Xavier e
Waldo Vieira.