Escrever
Escrever dignamente:
será isso tão-só
guindar-se quem se
exterioriza, através das
letras, às alturas
literárias, fixando
imagens com palavras
preciosas?
Certamente todos os
escritores, ainda mesmo
aqueles que se
caracterizam por sentido
absolutamente hermético,
são credores de
respeito.
Lícito, no entanto,
considerar que importa,
acima de tudo, escrever
edificando.
Entendemos que a ideia
graficamente
materializada se destina
de preferência aos
salões nobres, entre os
quais transita,
suscitando criações
educativas que
honorificam a
Humanidade. Isso, porém,
não lhe suprime a função
em setores outros, com
muito mais extensão de
força, onde atende a
objetivos diferentes.
Observemos, de relance,
os campos de experiência
em que se agitam milhões
de seres, aguardando o
pensamento que se lhes
ajuste às necessidades.
Não encontramos aí os
temas de simpósio ou os
assuntos altamente
específicos, embora
sempre dignos e
indispensáveis.
Nessas linhas de provas
e lutas edificantes
identificamos a fome de
ideias renovadoras que
derramem consolo e
esperança, orientação e
fé, arrebatando corações
às trevas da
imponderação e da
rebeldia. Letras que
traduzam apoio e socorro
aos acidentados de ordem
moral, a fim de que se
refaçam, escora aos que
se arrastam na aflição,
remédio aos enfermos do
espírito, salva-vidas
aos náufragos da Terra,
a se debaterem na pesada
maré do desequilíbrio,
para que se firmem na
praia da segurança.
Escrever, sim, mas saber
o que escrevemos, como
escrevemos, para que e
para quem escrevemos.
Porque o sentimento gera
a ideia, a ideia plasma
o verbo, o verbo
estabelece a ação e a
ação cria o destino. À
vista disso, é preciso
lembrar que de tudo
quanto escrevermos, nos
quadros de hoje, a vida
nos trará o reflexo
claramente exato nas
telas do amanhã.
Do cap. 14 do livro
Diálogo dos Vivos,
obra de autoria de
Francisco Cândido
Xavier, J. Herculano
Pires e Espíritos
diversos.