ALTAMIRANDO
CARNEIRO
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São Paulo, SP
(Brasil) |
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O nascimento de Jesus
nos nossos corações
No livro O Evangelho
por Dentro (Edições
FEESP), capítulo: O
Natal do Grande Mestre,
o saudoso escritor e
jornalista Paulo Alves
Godoy faz interessante
análise sobre o
comportamento da
Humanidade, nas
comemorações do Natal de
Jesus.
Essas comemorações
ocorrem num misto de
alegria e tristeza. A
alegria ocorre,
naturalmente, pelo fato
da vinda de Jesus à
Terra; e a tristeza,
porque há uma parcela
da Humanidade que ignora
o conteúdo da mensagem
de Jesus. Alguns, por
imaturidade espiritual.
Como diz a mensagem do
Espírito de Verdade, no
item cinco do capítulo
seis de O Evangelho
segundo o Espiritismo
(FEB): “... No
Cristianismo
encontram-se todas as
verdades; são de origem
humana os erros que nele
se enraizaram. Eis que
do além-túmulo, que
julgáveis o nada, vozes
vos clamam: Irmãos! Nada
perece. Jesus Cristo é o
vencedor do mal, sede
vendedores da
impiedade.”
Por tudo isso, o
“amai-vos uns aos
outros” parece ter sido
transformado no
“armai-vos uns aos
outros”. E o que vemos?
Pessoas e até crianças
indefesas sacrificadas
em atentados sem
sentido; o ódio
campeando à solta; povos
e nações vivendo num
clima de terror; nações
poderosas enchendo seus
arsenais com armas que,
quando acionadas, podem
ceifar milhares de
vidas.
Interessante registrar
que já no século 19
Allan Kardec se
posicionava sobre o
assunto. À sua pergunta
número 742 em O Livro
dos Espíritos, sobre
o que leva o homem à
guerra, os Espíritos
respondem que é a
predominância da
natureza animal sobre a
espiritual e a
satisfação das paixões.
À pergunta 743: se a
guerra desaparecerá um
dia da face da Terra, a
resposta é sim, quando
os homens compreenderem
a justiça e praticarem a
Lei de Deus. Aí então,
todos os povos serão
irmãos.
As mesmas causas da
guerra podem ser
aplicadas à violência e
ao desamor.
Jesus previu todo este
panorama. O Sermão
Profético, assinalado no
capítulo 24 do Evangelho
de Mateus, registra o
seu pronunciado nesse
sentido, e que tem
plena atualidade. Foi
quando ele demonstrou,
de forma velada, toda a
sua amargura pela
incompreensão dos
homens, diante da
mensagem viva que viera
trazer.
Mas o rebanho que Jesus
quer formar há de ser
integrado pelos bons,
pelos desprendidos,
pelos verdadeiros
pacificadores, pelos
simples de coração;
enfim, os que trabalham
em favor do próximo,
exercendo a verdadeira
caridade, a caridade
moral, que o item nove
do capítulo 13 do
Evangelho diz que
consiste em
suportarmo-nos uns aos
outros, que é o que
menos se faz neste mundo
inferior, onde estamos
encarnados.
Esse Reino de Paz vai
chegar. Para tanto, é
preciso que façamos a
nossa parte, como no
caso daquela ave que,
diante de um grande
incêndio na floresta,
molhava as suas pequenas
asas num lago e
espalhava as gotinhas no
incêndio, certa de que,
mesmo não conseguindo
apagá-lo, pelo menos
estava fazendo a sua
parte.
Se cada um fizer a sua
parte, quem assim
proceder terá a
oportunidade de voltar
ao Planeta numa próxima
encarnação, para
continuar a desenvolver
o mesmo trabalho em
torno do bem e em favor
do próximo e,
consequentemente, em
favor do próprio
Planeta, ao passo que os
que espalham a violência
serão exilados para
mundos inferiores.
Como diz o item 27 do
capítulo 18 do livro
A Gênese, de Allan
Kardec, para que os
homens sejam felizes
sobre a Terra, é
necessário que ela seja
povoada apenas por bons
Espíritos, encarnados e
desencarnados, que
apenas queiram o bem.
Neste sentido, Pedro de
Camargo (Vinícius)
escreveu uma bela
mensagem intitulada:
Cristo nasceu? Onde?
Quando?, registrada
no livro Em Torno do
Mestre (FEB), que
fala admiravelmente do
momento em que Jesus
nasce no coração de cada
um. É uma mensagem que,
por certo, sensibiliza o
íntimo, o coração, não
só dos que estudam e
exemplificam o
Evangelho, e que na
Parábola do Semeador
(Mateus, 13: 1 a 23;
Marcos, 4: 1 a 20 e
Lucas, 8: 4 a 15)
representam as sementes
que caem em terreno
fértil, fortificam e
produzem a cem, a
sessenta e a trinta por
um, mas também dos que
sentem que precisam
despertar para as
Verdades Eternas.
Cristo nasceu? Onde?
Quando?
(Pedro de Camargo -
Vinícius)
A salvação não está numa
finalidade a que se
convencionou denominar
céu ou paraíso: está,
sim, na perpétua
renovação da vida para a
frente e para o alto.
Avançar, como disse São
Paulo, de glória em
glória, tal é, em
síntese, o trabalho e o
plano da redenção. Jesus
é a força viva que, uma
vez encarnada no homem,
determina a sua
constante transformação.
"O Verbo se fez carne e
habitou entre nós, cheio
de graça e verdade, e
vimos a sua glória como
de unigênito do Pai. Mas
a todos os que o
receberam, aos que creem
em seu nome, deu ele o
direito de se tornarem
filhos de Deus; os quais
não nasceram do sangue,
nem da vontade da carne,
nem da vontade do homem,
mas sim de Deus."
A prerrogativa de
unigênito do Pai, Jesus
a torna extensiva a
todos os que de boa
vontade o receberem. E
assim se opera o seu
natalício no coração do
pecador.
O menino que Maria
enfaixou, deitando-o, em
seguida, numa
manjedoura, é a figura
desse Jesus que é força,
que é poder, que é vida
e verdade, atuando no
interior do homem.
Invoquemos, em abono de
nossa asserção, o
testemunho de algumas
personagens que figuram
na esfera cristã como
astros de primeira
grandeza.
Perguntemos a Paulo -
onde e quando Jesus
nasceu? Ele nos dirá:
Foi na estrada de
Damasco, quando eu,
então intolerante e
fanatizado por uma causa
inglória, me vi
envolvido na sua divina
luz. Dali por diante -
"já não sou eu mais quem
vive, mas o Cristo é que
vive em mim".
Indaguemos de Madalena
onde e quando nasceu
Jesus. Ela nos
informará: Jesus nasceu
em Betânia, certa vez em
que sua voz, ungida de
pureza e santidade,
despertou em mim a
sensação de uma vida
nova, com a qual, até
então, jamais sonhara.
Ouçamos o depoimento de
Pedro, sobre a
natividade do Senhor, e
ele assim se
pronunciará: Jesus
nasceu no átrio do paço
de Pilatos, no momento
em que o galo, cantando
pela terceira vez,
acordou minha
consciência para a
verdadeira vida. Daí por
diante, nunca mais
vacilei diante dos
potentados do século,
quando me era dado
defender a Justiça e
proclamar a verdade,
pois a força e o poder
do Cristo constituíram
elementos integrantes de
meu próprio ser.
Chamemos à baila João
Evangelista e peçamos
nos diga o que sabe
acerca do natal do
Messias, e ele nos dirá:
Jesus nasceu no dia em
que meu entendimento,
iluminado pela sua
divina graça, me fez
saber que Deus é amor.
Dirijamo-nos a Zaqueu, o
publicano, e eis o seu
testemunho: Jesus nasceu
em Jericó, numa
esplêndida manhã de sol,
quando eu, ansioso por
conhecê-lo, subi numa
árvore, à beira do
caminho por onde ele
passava, contentando-me
com o ver de longe. Eis
que ele, amorável e bom,
acena-me, dizendo:
Zaqueu, desce, importa
que me hospede contigo.
Naquele dia entrou a
salvação no meu lar.
Interpelemos Tomé, o
incrédulo: Quando e onde
nasceu o Mestre? Ele,
por certo, retrucará:
Jesus nasceu em
Jerusalém, naquele dia
memorável e inesquecível
em que me foi dado
testificar que a morte
não tinha poder sobre o
Filho de Deus. Só então
compreendi o sentido de
suas palavras: "Eu sou o
caminho, a verdade e a
vida".
Apelemos, finalmente,
para Dimas, o bom
ladrão: Onde e quando
Jesus nasceu? Ele nos
informará: Jesus nasceu
no topo do Calvário,
precisamente quando a
cegueira e a maldade
humanas supunham
aniquilá-lo para sempre;
dali ele me dirigiu um
olhar repassado de
piedade e de ternura,
que me fez esquecer
todas as misérias deste
mundo e antegozar as
delícias do Paraíso.
Desde logo, senti-o em
mim e eu nele.
Tal foi o testemunho do
passado - tal é o
testemunho do presente,
dado por todos os
corações que, deixando
de ser quais hospedarias
de Belém, onde não havia
lugar para o nascimento
de Jesus, se
transformaram, pela
humildade, naquela
manjedoura, que o amor
engenhoso da mais pura e
santa de todas as mães
converteu no berço do
Redentor do mundo.