CLÁUDIO BUENO DA
SILVA
klardec@yahoo.com.br
Osasco, SP
(Brasil) |
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Olhar o mundo
com
novos olhos
“Há alguns
séculos,
discutia-se se
escravos tinham
alma! Hoje,
estupefatos,
julgamos isso um
absurdo e já nos
sentimos muito
avançados por
estarmos
discutindo se os
animais têm
alma! Quanto
tempo ainda será
necessário para
as pessoas,
então
estupefatas,
também acharem
essa dúvida um
absurdo?”
Este é um trecho
das “Palavras
Iniciais” do
livro A Alma
dos Animais,
da Dra. Irvênia
Prada,
ex-professora
titular da
Faculdade de
Medicina da
Universidade de
São Paulo,
especializada em
Neuroanatomia
Animal.
Nesse opúsculo
(1),
Dra. Irvênia
examina a
possibilidade da
existência da
dimensão
psíquica nos
animais,
“mediante as
pistas que a
Ciência hoje nos
oferece”.
A ideia de que
os animais são
providos de alma
no estágio
evolutivo que
lhes é próprio é
consenso entre
os espíritas,
que também
aceitam com
naturalidade a
progressão e o
desenvolvimento
das suas
potencialidades
através das
eras, conforme
se aprende em
O Livro dos
Espíritos,
de Allan Kardec,
capítulo XI, Os
Três Reinos,
item II.
Embora o assunto
não faça parte
das preocupações
da maioria das
pessoas, a
simples
compreensão de
que os animais
não são simples
“máquinas”,
facilita
bastante que se
os trate com
respeito e
humanidade.
Saber que os
animais têm alma
é um
conhecimento
importante, mas
que precisa ser
ampliado com
maiores
reflexões e
ações concretas
que nos conduzam
“racionalmente,
a poupá-los de
sofrimentos e a
respeitar neles
a vida”.
Dirigido ao
público em
geral, o livro
A Alma dos
Animais será
bastante útil
pelo estudo
comparativo que
faz entre a
organização
fisiológica do
homem e a do
animal. Para
muitos não é
difícil
constatar as
semelhanças, e
grande parte das
pessoas consegue
perceber isso.
Mas a Dra.
Irvênia Prada
não se detém aí.
As informações
científicas que
ela traz,
transmitidas
numa linguagem
bem didática,
avançam pela
análise dos
conceitos
subjetivos da
alma, não no seu
sentido
religioso, mas
“no que
corresponde à
mente ou psique
e ao conjunto de
seus atributos
que, embora com
dificuldade de
conceituação,
chamamos de
pensamento,
vontade,
raciocínio,
inteligência,
consciência
etc.”.
Neste ponto é
que muita gente
se mantém
neutra, passiva,
sem nenhum
questionamento
quanto a essas
possibilidades
nos animais. São
estas mesmas
pessoas que
dizem,
comumente: “os
animais não
pensam”, “são
irracionais”,
“agem somente
por instinto”,
“neles só há
condicionamento”.
A Ciência,
estudando o
comportamento
animal, tem
muito ainda a
revelar além do
que se sabe hoje
e surpreender
aqueles que
insistem em não
querer
diferenciar um
bicho de outra
coisa qualquer.
Sobre a
semelhança das
estruturas
orgânicas entre
homens e animais
(principalmente
os mamíferos), a
autora, que já
publicou mais de
uma centena de
trabalhos em
revistas
científicas,
participando de
congressos
nacionais e
internacionais,
aponta o Sistema
Nervoso como
fundamental para
explicar essa
identidade: “É
por intermédio
do Sistema
Nervoso que as
funções mentais
podem ser
‘reveladas’ em
atos de
comportamento do
indivíduo”.
Ora, se a
organização do
Sistema Nervoso
do homem e dos
animais segue o
mesmo modelo,
como ela afirma;
se cabe ao
cérebro
(componente do
Sistema Nervoso)
o papel de
ligação entre o
mundo das ideias
(mente e psique)
e o mundo
comportamental
(...), “É
perfeitamente
lógico
admitir-se, com
base nos dados
que a Ciência
hoje nos
oferece, que
cada grupo ou
espécie animal
tem as suas
funções mentais
mais ou menos
desenvolvidas em
paralelo com o
grau de
desenvolvimento
de seu Sistema
Nervoso”.
Portanto, assim
como o homem, os
animais têm
atividade
mental, têm
alma. A
diferença, para
a Ciência, está
no
desenvolvimento
do Sistema
Nervoso, que
propicia mais ou
menos intensa
atividade
mental. Para os
espíritas, a
diferença está
também na
evolução mais ou
menos adiantada
da alma.
As reflexões
contidas neste
livro nos
ajudarão “a
olhar o mundo
com novos
olhos...
adotando o
paradigma
biocêntrico”,
onde a vida
prevalece; e nos
afastando da
conduta
antropocêntrica,
em que os homens
se julgam
“senhores de
tudo e de
todos”,
desrespeitando a
natureza, e com
isso, afrontando
a si próprios.
Sabendo que há
sempre os que
duvidam da alma
e suas aptidões,
tanto no homem
quanto nos
animais, termino
esta crônica
como a Dra.
Irvênia Prada
iniciou seu
magnífico
livreto, citando
Pe. Antonio
Vieira, em
“Sermões”:
“Quereis saber o
que é a alma?
Olhai um corpo
sem alma”.
(1)
A Alma dos
Animais,
Irvênia Prada,
Editora
Mantiqueira
(Campos do
Jordão, SP),
www.editoramantiqueira.com.br.
Negritos do
autor do texto.