ALTAMIRANDO
CARNEIRO
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São Paulo, SP
(Brasil) |
|
A
poesia nosso cotidiano
O Novo
Dicionário Aurélio da
Língua Portuguesa (Editora
Positivo) registra o
termo poesia como
a arte de escrever em
versos; composição
poética de pequena
extensão; entusiasmo
criador; inspiração;
aquilo que desperta o
sentimento do belo; o
que há de elevado ou
comovente nas pessoas ou
nas coisas; encanto,
graça, atrativo; poesia
pura: corrente
da poesia moderna à
expressão de sentimentos
individuais e ao
material anedótico.
E no livro Cântico
dos Cânticos –
volume I (Edições CELD),
Yvonne A. Pereira
explica: “A poesia é uma
das mais belas artes que
honram a cultura humana.
Ela tem servido e
exaltado os feitos e as
ações mais nobres que os
homens têm conseguido
realizar.
O Evangelho, a religião,
o amor, a caridade, o
heroísmo, o civismo, a
dor, a virtude, a
beleza, a alegria, a
natureza, a própria
ideia de Deus etc.
sempre serviram de temas
para a consagração dos
verdadeiros poetas, os
quais souberam sentir
e interpretar as
impressões que tais
sentimentos produzem na
alma humana.
O verdadeiro poeta é um
Espírito dotado de
sensibilidade superior,
sensibilidade
desenvolvida,
certamente, por dons
especiais, através de
múltiplas etapas
reencarnatórias ou mesmo
através de seguidos
aprendizados na vida
espiritual.
É uma alma cujas
vibrações se harmonizam
com as vibrações das
esferas espirituais
superiores, onde a Arte
pura mantém o seu
domínio”.
A poesia sempre foi uma
expressão artística
marcante e atravessou o
tempo com a sua marca
inconfundível. Nos
tempos medievais, a
maioria dos Senhores
Feudais e seus súditos
consideravam os
artistas, entre eles os
poetas, uma
classe especial. Os
Bardos e suas equipes
iam de castelo em
castelo, levando aos
Senhores Feudais a
música instrumental ou
cantada e a declamação
de poesias.
Tempos depois, não mais
nos Feudos e sim nos
Reinos mais extensos, os
Reis continuaram a
patrocinar as artes. Os
textos eram escritos em
forma de poemas. Os
diálogos não eram
falados, mas recitados,
ou seja, declamados
dramaticamente.
Nos nossos tempos, ao
produzir essas peças,
atores e atrizes devem
possuir grande talento
para transformar os
textos poéticos em
linguagem normal.
No Brasil do século 16,
o primeiro século da
colonização, José de
Anchieta escreveu, com
seu bastão, 4.072 versos
a Maria nas águas de
Iperoig, atual Ubatuba
(SP).
A poesia brasileira
passou por vários
períodos: Barroco,
Arcadismo, Romantismo,
Simbolismo, Modernismo,
Pós-Modernismo,
Concretismo.
Salve a poesia, que está
presente na nossa vida desde
o nosso nascimento,
quando as mães
cantarolam, alegres e
esperançosas, uma
agradável canção de
ninar: “Nana filhinho,
do meu coração...”; e
segue pela vida nos
acompanhando, em todas
as expressões de
sentimento do nosso
viver diário.
Tudo é poesia na Criação
Divina. Como diz o
escritor Sholem Asch, no
capítulo inicial de sua
notável obra intitulada Maria, “Repete-se
a Gênese do mundo em
cada amanhecer, e
contemplar a Terra na
sua luta para fugir do
vazio impenetrável das
sombras é presenciar o
espetáculo da Criação”.
É tudo um hino de amor,
pois, sendo Deus amor, é
com amor e poesia que
Ele imprime a sua marca
em toda a Sua obra.
E a poesia segue adiante
na obra de Sholem Asch,
quando ele diz, no
parágrafo seguinte,
que “O véu da noite
pairava sobre as cristas
dos montes, porém, a
abóboda celeste em que
se espelhava indefinível
brilho espalhava em
redor a claridade de
suas estrelas,
emprestando no ar leve
transparência. Na
límpida escuridão do
vale pequeninas casas de
aldeolas adormecidas se
aninhavam umas contra as
outras, protegidas de
ambos os lados por
frondosos ciprestes e
oliveiras. Nos morros,
podiam-se distinguir as
folhas das plantas
estremecerem a uma gota
de orvalho, balançando
ao sopro de doce aragem
como em muda oração e
irradiando de si o
brilho com que as
aquinhoaram as primeiras
horas da Gênese”.
Enfim, tudo o que Deus
faz e que nos rodeia é
beleza, é
perfeição. E é assim que
devemos viver a vida.
Aliás, a poesia nos
acompanha em todos os
instantes, pois ela está
presente num fato comum,
que muitos não percebem: a
música que nos envolve.
Quem não cantarolou e
ainda cantarola os
versos de Carinhoso, de
Fascinação, e
chegando mais aos nossos
tempos, os versos de Tocando
em Frente, de Planeta
Água e
outras belas canções? E
letra de uma canção que
a toda hora nos vem à
lembrança, o que é? É
uma poesia musicada.
A poesia está aí, e ela
veio para ficar. E
podemos assegurar: dia
virá em que a
poesia fará parte de
todas as manifestações
artísticas e os poetas
serão aplaudidos de pé,
nos mais modestos aos
mais aristocráticos
dos auditórios.
Por isso, Alfred de
Musset (Espírito), na
Sociedade Parisiense de
Estudos Espíritas, em 23
de novembro
de
1860, tendo como médium
a senhorita Eugénie,
disse que “A poesia é o
bálsamo que se aplica
sobre as chagas. A
poesia foi dada ao homem
como o maná
celeste”. E mais, quase
uma profecia: “A Arte
pagã é o verme: a Arte cristã,
o casulo; a Arte
espírita será a
borboleta”.