O último ato
"Tudo tem
causa,
continuidade
eterna,
consequência. A
vida,
simplesmente,
prossegue..."
(Espírito Iohan
– “Sonata ao
Amor”)
Estes dias
conversava em
família sobre
espiritualidade,
mediunidade e
temas afins, e
em dado momento
o assunto
enveredou para a
repisada questão
Nibiru e 2012, a
pretexto de uma
palestra a que
assisti há dias
na internet, do
autor espírita
André Luiz Ruiz.
Bastante
impressionante,
porque não
exatamente,
durante as duas
horas em que
expôs com
lucidez sobre o
tema, ele
pretendeu
convencer
ninguém do que
quer que fosse
ou fazer
alarmismo.
Antes, concitar
as mais de cem
pessoas
presentes no
auditório a
pesquisarem
sobre o que
propunha, ao
exibir fotos e
dados de
agências
espaciais
retratando
estranhas
anomalias no
sistema solar
acontecidas nos
últimos meses,
e, daí, a
extraírem suas
próprias
conclusões.
Não me atinha,
durante a
conversa na
minha intimidade
familiar, a
protestar
certezas sobre
nada, até porque
meu lado
racional, ou
talvez, mais
acertadamente, a
terceira visão,
repele
francamente
qualquer
expectativa
dramática para
mais este ano de
peculiaridades
proféticas como
tantos já houve.
Mas ouvi um
argumento, a
certa altura,
que me compeliu
a esclarecer
melhor, deste
posicionamento,
as causas:
–
Ora, mas se as
coisas estiverem
mesmo
acontecendo do
modo como este
escritor expôs,
por que você
continua? Por
que haveríamos
de continuar
fazendo tudo
normalmente?!
Você fala nisso
e aparenta certa
preocupação. Mas
se daqui para
dezembro há um
grande risco do
mundo emborcar o
polo magnético,
de nada
adiantaria
insistirmos na
rotina de todos
os dias!
Foi, portanto,
neste ponto que
não pude deixar
de recordar
Iohan e sua
assertiva,
exposta como
abertura deste
artigo e
extraída de um
trecho bastante
inspirado do seu
tocante livro
"Sonata ao
Amor": “A
vida,
simplesmente,
prossegue...",
válida como
resposta a
qualquer tempo
–
tanto para
contextos
dramáticos de
vida como o que
ele enfrentou,
sendo um
portador do
vírus HIV que
agora retorna
para oferecer,
via literatura
mediúnica, o seu
testemunho de
que, a despeito
das suas grandes
dúvidas
anteriores, a
vida apenas
prosseguiu
noutras esferas,
quanto também
para
questionamentos
como o que ouvi
durante o
peculiar diálogo
de dias atrás!
E respondi:
–
Em absoluto
não tenho
preocupação, e
faço questão
mesmo de
prosseguir meus
dias como deve
ser! Porque
tenho convicção
de que aqui ou
em qualquer
outro lugar
simplesmente
vamos continuar,
e bem
possivelmente,
se estas coisas
surpreendentemente
se confirmassem,
em contextos de
vida melhores!
–
Mas se há o
risco de tudo
acabar, por que
você continua
estudando
violino?!
Quem insistia no
argumento
confuso era
minha mãe, a
esta altura da
vida
praticamente
cética para com
tudo que não
passe pelo crivo
apurado de
indícios fortes
o bastante
–
de preferência,
o dos sentidos!
–
para
convencê-la,
como nova versão
de São Tomé.
–
Ora...
– respondi,
com certo humor,
embora sincera e
convicta
–
Porque, na
certa,
continuaria
fazendo a mesma
coisa "do lado
de lá"!...
E o assunto se
esvaiu naquela
espécie de
impasse,
desviando-se
para outras
banalidades,
enquanto eu
mergulhava em
reflexões, a
partir mesmo do
exemplo do
querido músico e
amigo que, de
outras
dimensões, vem
se mantendo
próximo na atual
fase de parceria
da minha
produção
literária
espírita.
Porque, apesar
de naquela sua
última vida não
ter
necessariamente
sido um
partidário de
temas e
convicções
espiritualistas,
fora ele, de
outro lado, um
otimista
incurável!
Carregava em si
um fardo de
ordem cármica
que, em muitos,
seria de molde a
arruinar-lhes
ímpeto de vida e
otimismo, e, no
seu caso, ao
contrário, foi
enfrentado por
uma inabalável
convicção de que
desistir de
manter seus
objetivos e
esperanças n’algo
melhor no futuro
seria a última
opção possível!
Músico, galês, e
então portador
de raízes
religiosas
assentadas em
correntes
diametralmente
opostas às
percepções mais
imediatas das
realidades do
espírito,
convicções
adquiridas mais
facilmente por
quem possui
diretrizes
íntimas de fundo
espiritualista,
algo nele
–
talvez que uma
sensibilidade
intuitiva
muitíssimo
avançada com
origens em vidas
milenares na
atmosfera das
antigas
vivências
druídicas
–
lhe instilava um
poderoso sopro
renovador, a lhe
manter acesos,
de forma
maravilhosa, o
otimismo, o
humor, e o
indiscutível
virtuosismo
naquilo a que se
propôs, como
mestre e
realizador
musical!
Iohan,
indiscutivelmente,
intuía esta
continuidade
pura e simples
–
e, contra todos
os prognósticos
desfavoráveis da
moléstia que
acabou por
arrebatá-lo às
esferas mais
depuradas ao
redor da Terra,
persistiu, e
conquistou,
ainda aqui,
inefável estado
de felicidade
amorosa! Fez
feliz, e foi
feliz, a
despeito de
todas as
perspectivas em
contrário que
uma das facetas
de sua última
estadia material
lhe outorgou! E
foi este o
exemplo maior
que me ocorreu
durante a
palestra
acalorada sobre
os próximos
acontecimentos
neste mundo, em
cuja face
material
estagiamos de
modo
indiscutivelmente
fugaz!
Como nos
acontece
inevitavelmente
todas as manhãs,
meus amigos,
tudo seguirá
sempre, ao
exemplo exato de
um simples
fechar e abrir
de olhos, no
intervalo
vertiginoso de
nosso
desprendimento
noturno. E,
acima de nossos
maiores temores
ou dúvidas neste
sentido, no
momento exato
–
e não importa se
sob os efeitos
de mudanças
planetárias de
maior ou menor
impacto nos
próximos meses,
ou daqui a
alguns ou muitos
anos,
vitimizados por
alguma moléstia
ou depois de
agradável ou
imperceptível
período de sono
–
o fato é que
continuaremos!
Continuaremos
amando,
realizando, e
nos preocupando.
Auxiliando
quando o
podemos, ou nem
tanto. Sendo
auxiliados e
estimados, e
sorrindo ou
sofrendo por
saudades ou
alegrias, a
grande verdade é
que aqueles de
vocês que
apreciam ler,
dançar, ajudar,
ouvir ou fazer
música, ou
escrever e
trabalhar com
afinco em
qualquer área da
vida
prosseguirão
como são, pura e
simplesmente!
Aqui, ou noutros
dos setores
incontáveis do
universo onde a
existência
prolifera
incessantemente,
renovando
cenários e
opções para o
livre exercício
de nossas
escolhas!
E é assim que
Iohan continuará
regendo, tocando
e ensinando
música, até
quando o queira;
meus familiares,
amigos e
conhecidos
trabalhando,
aprendendo,
realizando e
movimentando-se
continuamente
por aí... E eu,
que, entre
outras
vivências, agora
escrevo em
parceria com
estes amados
habitantes de
outras
dimensões,
estudo e toco
violino, bem
provavelmente
darei
prosseguimento
natural a tudo,
quando um dia me
transportar
destas paisagens
para outros
lugares situados
para além do
alcance dos
sentidos
físicos.
Não existe o
último ato! E
todos nós, que
aqui e agora
estamos, plenos
desta vida
inesgotável, um
dia,
impreterivelmente,
e de algum modo
desconhecido,
fecharemos as
cortinas dos
nossos próprios
enredos
transitórios na
matéria,
deixando, como
miragens
celestiais,
estes palcos
mais densos nos
quais aprendemos
e vivemos tantas
emoções
importantes,
para apenas
surgirmos
noutros lugares
e roteiros,
atuando no fio
contínuo dos
infindáveis
papéis que
interpretamos no
drama imenso da
Criação!