Na mesma moeda
Cornélio Pires
O coronel Tutuca
Sapecado,
A cada petitório de
mendigo,
Falava: - “Deus é
grande, meu amigo!”
Mas não dava um vintém
de mel coado.
Se um doente gemendo
afadigado
Vinha pedir perdão de
juro antigo,
Louvava: - “Deus é
grande! Deus consigo!”
E recebia o cobre
assossegado.
Quando morreu ficou na
caixa-forte
E gritava mudado pela
morte:
- “Quero o auxílio do
Céu! Que Deus me mande!”
Mas trancado no escuro,
em agonia,
Só escutava alguém que
lhe dizia:
- “Fique firme, Tutuca,
Deus é grande”.
Do livro O Espírito
de Cornélio Pires,
obra psicografada pelos
médiuns Waldo Vieira e
Francisco Cândido
Xavier, de autoria de
Cornélio Pires.
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