Em louvor da esperança
Embora assinales o
companheiro nas últimas
raias da resistência,
não lhe profetizes a
queda. É possível que,
abraçando a ilusão,
tenha ele provocado as
imensas dificuldades que
lhe supliciam a alma e,
rendendo-se, inerme, às
sugestões do vício, é
provável haja apressado
a decadência orgânica
que o obriga a estugar o
passo, na direção do
sepulcro.
Entretanto, o Senhor te
permite sondar-lhe as
chagas e anotar-lhe as
fraquezas, não para que
lhe arrojes brasa às
feridas, nem para que
lhe esmagues a armadura
dos ossos.
Problema pede solução.
Fogueira não espera
petróleo para
extinguir-se.
*
Em tudo o que se refira
a desalento e terror,
recorda o carinho com
que te desvelas à
cabeceira de um filho
desajustado.
Agradeces, de coração
enternecido, aos que lhe
ofertem a gota de
remédio ou a leve
migalha de reconforto.
Se isso acontece entre
os limites de nossa
ternura estreita, que
não fará por nós o
Infinito Amor,
imensuravelmente acima
de toda a compreensão
humana?
Mesmo que amigos
desencarnados te induzam
a desencorajar os irmãos
doentes ou transviados,
não profiras sentença
que desanime; porquanto,
cada dia, a Natureza, em
nome do Criador, renova
a esperança de todas as
criaturas.
Nuvens anunciam fontes
cadentes para a secura
do solo.
Árvores prometem frutos
à fome do viajor.
Escolas acenam à
educação.
Hospitais referem-se à
cura.
Não te faças portador
das mensagens de
pessimismo. A Terra já
possui legiões enormes
para a força do mal. Sê
a palavra que reconforte
e auxilie. Ainda que te
encontres diante
daqueles que se mostram
nas vascas da agonia,
fala em esperança e não
lhes vaticines o
mergulho na morte,
porque Deus é também
misericórdia e a
misericórdia de Deus
poderá desmentir-te.
Lázaro, enfaixado no
túmulo, era alguém com
atestado de óbito
indiscutível, mas Jesus
chamou-o a mais amplo
aproveitamento das
horas, e Lázaro reviveu.
Do cap. 80 do livro
Seara dos Médiuns,
de Emmanuel, obra
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier.