Valorização perniciosa
Infelizmente temos
visto, especialmente
pelos meios virtuais,
uma supervalorização de
aspectos perfeitamente
dispensáveis da
divulgação espírita. São
ataques e críticas a
médiuns e pessoas, a
instituições, a ideias,
e uma atenção muito
especial para aspectos
sombrios e negativos de
nossa condição humana,
com toda a gama de
imperfeição que
carregamos, desfocando o
objetivo principal do
Espiritismo: exatamente
nossa melhora moral.
Fico perguntando por que
dar tanto valor a quem
está equivocado –
aprendamos a respeitar
os estágios e degraus de
cada um no entendimento
da proposta espírita – e
tentar a todo custo
denegrir médiuns e
ideias, esquecendo que
nosso compromisso
principal é destacar os
caminhos do progresso e
da evolução.
Claro que ninguém está
pregando aqui a omissão
ou a indiferença aos
descaminhos que se
multiplicam diariamente
por ausência de
conhecimento
doutrinário, com
práticas distorcidas e
distantes do
Espiritismo. É preciso,
lógico, esclarecer as
coisas. Só que o que
está ocorrendo é que, na
ânsia de esclarecer,
estamos virando
combatentes uns dos
outros, esquecendo o
objetivo primordial da
presença do Espiritismo
no planeta, que é
exatamente, repetimos,
nossa evolução moral.
Com a energia despendida
em combater, perdemos o
foco, e nos perdemos na
prática salutar de
atividades que motivem a
criatura humana a
despertar das carências
próprias que todos
carregamos. Saturados da
prepotência e da vaidade
– erro singular – de nos
considerarmos
dominadores e sábios
nesse ou naquele setor
da vasta e inesgotável
literatura espírita,
iludimo-nos com suposta
sabedoria que denigre e
ataca companheiros que,
certos ou errados, não
nos cabe julgar. Afinal,
o tempo colocará cada um
de nós no seu devido
lugar.
Já se sabe que cada um
responderá pelo que faz.
Não temos que ficar
respondendo pelos outros
ou tentando diminuir
esforços alheios. Os
degraus de
amadurecimento são muito
variados em tamanho,
espessura, dimensão e
tempo de permanência em
cada um deles. Devemos,
isso sim, aprender com a
experiência alheia, ao
invés dos exaustivos
combates. Estamos
transformando o
movimento espírita numa
guerra sem fundamentos.
Nosso compromisso é com
o Espiritismo e não com
ideias que não lhe dizem
respeito. Se outros
adotam tais posturas, o
problema não é nosso, é
deles, que aprenderão
com as próprias
experiências. Nosso
dever é respeitar o
Espiritismo por meio do
movimento que o
representa e mais,
particularmente, com as
instituições em que
participamos.
Por outro lado, para
mudar esse estado
lamentável de
ocorrências, não nos
omitamos. Coloquemos
nosso esforço no
movimento espírita com
palestras esclarecedoras
e, principalmente,
libertadoras, ao invés
de criarmos
condicionamentos
perfeitamente
dispensáveis.
Muitas inserções na
prática espírita são
incoerentes com o
conteúdo doutrinário do
Espiritismo, por
ausência de reflexão
sadia. Daí a necessidade
de valorizar os
clássicos da literatura
espírita, estes, sim,
capazes do
esclarecimento que
norteia. Uns surgem com
a descabida teoria do
Kardec ultrapassado,
outros querem inserir
práticas estranhas,
outros sofrem de inveja
e ciúme com o destaque
alheio, outros ficam a
atacar médiuns e
pessoas. Para quê? A que
isso levará?
Isso tudo é muito
pernicioso, pois rouba o
tempo que deveria ser
dedicado ao
esclarecimento saudável
e ao socorro à imensa
gama de necessidades
humanas. Desviar tais
esforços pode ser
classificado de crime
lesa-humanidade, pois
que ele representa
autêntica falta de
caridade. Pernicioso,
porque semeia
inverdades, cultiva
vaidades, faz escolas
despreparadas e
vaidosas, combatentes
por orgulho, e impede ou
adia a instalação do
reino de paz e amor
desejado pelo Mestre da
humanidade. Nosso dever
é com o bem!
Por oportuno à
abordagem, selecionei
algumas frases de
Emmanuel, retiradas de
seu fabuloso Vinha de
luz, edição FEB:
“(...) Quem ama,
compreende; e quem
compreende trabalha pelo
mundo melhor.” (último
parágrafo do capítulo
5);
“(...) Não roubes o pão
da vida; procura
multiplicá-lo.” (idem,
capítulo 6);
“(...) a marca do Cristo
é, fundamentalmente,
aquela do sacrifício de
si mesmo para o bem de
todos.” (idem, capítulo
8);
E, finalmente, para
concluir: “(...) Todos
podem transmitir recados
espirituais, doutrinar
irmãos e investigar a
fenomenologia, mas para
imantar corações em
Jesus Cristo é
indispensável sejamos
fiéis servidores do bem,
trazendo o cérebro
repleto de inspiração
superior e o coração
inflamado na fé viva.
(...)”.
Tratemos, pois, de
colocar à disposição do
público o manjar
agradável e salutar dos
clássicos do
Espiritismo, do
conhecimento genuíno
apresentado pela
Codificação, ao invés de
fomentarmos o veneno da
discórdia e da vaidade,
infrutíferas por si
mesmas.
Afinal, o que desejamos?
A prisão das
imperfeições morais, a
ilusão das conquistas
subjetivas ou a
liberdade do
conhecimento que
esclarece? É para
pensar...