Como devemos escrever:
“Espírito de São
Luís” ou “Espírito São
Luís”?
Note o leitor que a
diferença entre as formas
acima está na colocação ou
não da preposição “de”. O
assunto já foi tratado nesta
revista no Especial da
edição 24, que os
interessados podem ler
clicando neste link:
http://www.oconsolador.com.br/24/especial.html
Conforme o texto a que nos
reportamos, Kardec sempre
utilizou a primeira forma:
“Espírito de São
Luís”.
Eis exemplos de como o
Codificador da Doutrina
Espírita – que foi, como
sabemos, um especialista em
matéria de língua francesa e
autor de uma Gramática
Francesa Clássica –
escrevia, ao referir-se aos
desencarnados: Espírito
de São Luís (Revista
Espírita de 1858, pp. 76,
155 e 271), Espírito de
Mozart (Revista Espírita de
1858, p. 142), Espírito
do Sr. Badet (Revista
Espírita de 1858, p. 187),
modelo que jamais abandonou,
o que pode ser aferido com
facilidade em sua obra.
Essa forma adotada por
Kardec ao designar os
Espíritos não era estranha a
Francisco Cândido Xavier,
que em várias situações, ao
designar esse ou aquele
Espírito, procedia do mesmo
modo.
Eis alguns exemplos
comprobatórios dessa
assertiva.
Em 3 de outubro de 1955,
quando já havia completado
45 anos de idade, Chico
escreveu, em carta dirigida
ao presidente da FEB:
“Nas coleções do ‘Aurora´,
de 1928 a 1932, há numerosos
trabalhos do Espírito de
João de Deus, cuja autoria
somente pude reconhecer,
mediunicamente, em 1931. Não
conseguiríamos as coleções
dos anos referidos para que
eu pudesse fazer um reestudo
e minuciosa vistoria?”
(Testemunhos de Chico
Xavier, de Suely Caldas
Schubert, p. 332).
O modo como Chico se refere
ao Espírito de João de Deus
era-lhe um procedimento
habitual, como demonstra
este trecho do prefácio que
ele próprio redigiu, em 16
de setembro de 1937, para a
abertura do livro
“Emmanuel”, publicado pela
Editora da FEB:
“Lembro-me de que em 1931,
numa de nossas reuniões
habituais, vi a meu lado,
pela primeira vez, o bondoso
Espírito de Emmanuel.
Eu psicografava, naquela
época, as produções do
primeiro livro mediúnico,
recebido através de minhas
humildes faculdades e
experimentava os sintomas de
graves moléstia dos olhos”
(Emanuel, prefácio, p. 11).
A mesma maneira de designar
as entidades desencarnadas
seria por ele ratificada em
1967 no depoimento que deu a
Elias Barbosa, o qual faz
parte da obra “No Mundo de
Chico Xavier”, escrita pelo
conhecido confrade
uberabense:
“Como passou a sua
mediunidade psicográfica
dessa fase de indecisão para
a segurança precisa?
Resposta de Chico Xavier:
‘Isso aconteceu em 1931,
quando o Espírito de
Emmanuel assumiu o comando
de minhas modestas
faculdades. Desde aí, tudo
ficou mais claro, mais
firme. Ele apareceu em minha
vida mediúnica assim como
alguém que viesse completar
a minha visão real da
vida´.”
No Brasil, até determinada
época, os autores e as
editoras seguiam o mesmo
modelo. Depois, sem que se
saiba exatamente o porquê da
mudança, as editoras
resolveram inovar e, por
causa disso, aboliu-se a
preposição “de” que unia o
vocábulo ‘Espírito' ao nome
pelo qual a pessoa foi
conhecida na Terra.
Dessa maneira, passou-se a
ver nas capas dos livros
mediúnicos nomes como
Espírito Bezerra de Menezes,
Espírito Jésus Gonçalves,
Espírito Manoel Philomeno de
Miranda, como se essas
personalidades desencarnadas
adotassem no plano
espiritual exatamente esses
nomes.
Respondendo, assim,
objetivamente, à pergunta
inicial, entendemos que
podemos utilizar uma ou
outra forma, porque não
existe nas normas
gramaticais regra alguma que
se deva observar, conquanto
pessoalmente só utilizemos a
expressão sem a preposição
“de” quando, na designação
do Espírito, é utilizado um
pseudônimo diferente do nome
que ele utilizou quando
encarnado.
Assim sendo, ao mesmo tempo
em que adotamos as formas
“Espírito André Luiz”,
“Espírito Emmanuel”, dizemos
“Espírito de Eurípedes
Barsanulfo” e “Espírito de
Jésus Gonçalves”, fiel às
explicações apresentadas no
Especial da edição 24, a que
nos referimos linhas acima.
*
Existe a palavra cardial?
Ou o certo é cardeal?
Sim, cardial é um
adjetivo que se refere a
cárdia – orifício que
permite a passagem do
conteúdo esofagiano para o
estômago – e tem por
sinônimos as palavras
cardíaco e cárdico.
Cardeal significa
outra coisa. Eis alguns de
seus significados:
principal, fundamental;
cardinal; prelado do Sacro
Colégio pontifício;
designação comum a várias
aves passeriformes;
designação comum a
subarbustos ornamentais da
família das labiadas.