ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil) |
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A
Personalidade Humana
Fredrich
Myers
(Parte 25)
Damos
sequência ao estudo
metódico e sequencial do
livro A Personalidade
Humana, de Fredrich
W. H. Myers, cujo título
no original inglês é Human
Personality and
Its Survival of Bodily
Death. |
Questões preliminares
A. Como explicar os
experimentos
telepáticos?
Não é fácil explicá-los.
Uma explicação é a
teoria das “ondas
cerebrais” ou, segundo a
expressão mais precisa
de Sir William Crookes,
das “ondas etéreas”, que
possuiriam uma amplitude
menor e uma frequência
maior das que transmitem
os raios X. Essas ondas
se propagariam de um
cérebro a outro,
produzindo neste ou
fazendo surgir naquele
uma imagem semelhante à
excitação, ou à imagem
que lhes serviu de
origem. Essa hipótese é
muito atraente porque
relaciona uma atividade
que, com certeza,
existe, mas cujo efeito
é desconhecido, a um
efeito existente, mas
cuja causa é
desconhecida. Mas não
passa de uma hipótese,
que poderá no futuro ser
ou não comprovada.
(A Personalidade Humana.
Capítulo VI –
Automatismo sensorial.)
B. As aparições de
pessoas vivas podem ser
explicadas pela
telepatia?
Não totalmente.
Descobriu-se entre esses
casos a existência de
determinados exemplos
que não podem ser
reduzidos à concepção da
telepatia pura e
simples. Às vezes a
aparição era vista por
mais de uma pessoa, de
uma só vez, cujo
resultado não se teria
produzido caso se
tratasse somente da
transmissão de um
Espírito a outro, o qual
exteriorizava esta
impressão, dando-lhe uma
forma material concorde
com as leis de sua
própria estrutura.
(Obra citada. Capítulo
VI – Automatismo
sensorial.)
C. É possível a
comunicação entre nós e
os chamados mortos?
Sim. Antes da morte de
Gurney, ocorrida em
1888, os casos de
aparições e outras
manifestações de mortos
adquiriram um valor e
uma consistência que,
como o atesta sua última
obra, convenceram-no de
seu caráter verídico,
que se acentuou então
desde aquela época. A
possibilidade de
comunicação com pessoas
mortas parece, hoje, tão
indiscutível como a das
comunicações telepáticas
entre os vivos; e esta
nova possibilidade
modifica e amplia,
necessariamente, nosso
conceito no que diz
respeito à telepatia
entre os vivos.
(Obra citada. Capítulo
VI – Automatismo
sensorial.)
Texto para leitura
593. A telepatia deve
existir, com certeza, em
alguma parte do universo
onde se encontram as
inteligências não
encarnadas. Somente
supondo que toda a vida
do Cosmos está encarnada
em organismos
semelhantes aos nossos,
não podemos conceber
outros meios de
comunicação, senão
através dos órgãos dos
sentidos. Mas, se existe
outra vida, menos
apegada à carne, mais
espiritual (como o homem
concebe a vida
superior), apresentam-se
duas suposições: ou não
existe troca de
pensamentos, isto é,
vida social, ou esta
troca só pode ser
produzida através de
meios diversos da língua
e do cérebro.
594. Esta verdade já era
evidente desde que o
homem começou a tratar
do tema. Mas os
progressos da ciência
agregaram uma nova
hipótese a essas
especulações. Falo da
hipótese defendida pela
ideia de continuidade.
Ao verificarmos o
vínculo estreito que une
o homem aos seres
inferiores, que
anteriormente se
consideravam como
separados de nós por um
abismo intransponível,
chegamos a supor que um
vínculo, da mesma
maneira, estreito, dever
uni-lo às vidas
superiores, que o todo
deve formar uma série
ininterrupta e que as
qualidades essenciais
devem ser as mesmas em
qualquer parte.
595. Pergunta-se,
geralmente, se o homem
se assemelha a um macaco
ou a um anjo. A isto
respondo que só o fato
de existir parentesco
com o macaco é prova a
favor de parentesco com
o anjo.
596. Os sentimentos
instintivos anteciparam,
de outro lado, esses
raciocínios
especulativos. Os homens
acreditaram sempre, e
acreditam ainda, na
realidade da oração,
isto é, na possibilidade
de comunicações
telepáticas entre nossos
Espíritos humanos e
outros Espíritos
superiores aos nossos,
dos quais supõe-se que
não só compreendem
nossos desejos e
aspirações, como também
que são capazes de
exercer influências e
agir internamente sobre
nós. Essa crença na
eficácia da oração está
tão difundida que é
assombroso que os homens
não tenham chegado à
seguinte conclusão,
aparentemente natural:
se nossos Espíritos
podem se comunicar por
meios que superam os de
nossos sentidos, podem,
da mesma forma, ser
capazes de se comunicar
entre si, da mesma
maneira. Esse fato foi
estudado, em épocas
diversas, por eminentes
pensadores, desde Santo
Agostinho a Bacon, de
Bacon a Goethe e deste a
Tennyson.
597. As experiências
isoladas provam, de vez
em quando, a verdade
prática disto. Mas só há
alguns anos essa noção
vaga e flutuante tomou a
forma de uma teoria
definida, como
consequência de
experiências
sistemáticas. A Edmund
Gurney devemos o
primeiro ensaio dessa
experiência sistemática,
baseada num número
considerável de
observações
cuidadosamente
verificadas e em
experimentos cercados de
todas as garantias.
598. A explicação dos
experimentos telepáticos
não é fácil.
Assinalaremos um que, se
correto, seria capaz de
colocar esta ciência à
altura das ciências mais
avançadas: é a teoria
das “ondas cerebrais”
ou, segundo a expressão
mais precisa de Sir
William Crookes, das
“ondas etéreas”, que
possuiriam uma amplitude
menor e uma frequência
maior das que transmitem
os raios X. Essas ondas
se propagariam de um
cérebro a outro,
produzindo neste ou
fazendo surgir naquele
uma imagem semelhante à
excitação, ou à imagem
que lhes serviu de
origem. Essa hipótese é
muito atraente porque
relaciona uma atividade
que, com certeza,
existe, mas cujo efeito
é desconhecido, a um
efeito existente, mas
cuja causa é
desconhecida.
599. No mundo das
vibrações, nada parece
tão natural quanto
invocar outra vibração.
Seria, com efeito,
arriscado afirmar que um
fenômeno qualquer
perceptível aos homens
não possa ser expresso,
ao menos em parte, nos
termos das ondulações
etéreas. Mas, no caso da
telepatia, a semelhança
que sugere essa
explicação, isto é, a
analogia aparente entre
a imagem emitida, por
assim dizer, pelo
agente, e a que percebe
o indivíduo submetido à
sua influência, como
quando concentra a
atenção sobre pedaços de
papel e o indivíduo vê o
papel inteiro, essa
analogia está longe de
ser completa.
600. Pode-se dizer que o
Espírito do indivíduo
percebe, modificada, a
imagem transmitida pelo
agente, até que a
semelhança entre as duas
imagens torna-se
puramente simbólica.
Vimos que existe uma
transição contínua da
telepatia experimental
para a telepatia
espontânea, da
transmissão das imagens
de papel ao
pressentimento da morte
de um amigo distante.
601. Esses
pressentimentos podem
muito bem ser as imagens
do amigo moribundo, mas
é pouco provável que
essas imagens sejam
emitidas pelo cérebro do
moribundo na forma em
que as percebe o cérebro
do sujeito receptor.
Para citar um caso bem
conhecido de nosso
arquivo (Phantasms of
the Living, I, pág.
210), M. L. morre de um
enfarte, deitado em seu
leito, nu. No mesmo
momento, M. N. J. S. vê
M. L. de pé, junto a
ele, com ar de
contentamento, vestido
com traje de passeio e
com uma bengala na mão.
Não se compreende como
as ondulações teriam
podido transformar até
esse ponto os fatos
físicos.
602. As alucinações
telepáticas coletivas
são ainda mais difíceis
de serem explicadas pela
teoria das ondulações. É
difícil compreender como
A é capaz de emitir
vibrações que, ao se
propagar por igual em
todas as direções,
afetam não somente ao
amigo distante, B, como
também aos estranhos C e
D, que, por acaso,
acham-se ao lado de B,
sem influenciar, ao que
se sabe, qualquer outra
pessoa no mundo.
603. Todos esses pontos
foram analisados e
discutidos desde que
iniciamos nossas
investigações. Mas, à
medida que nossas
experiências se
multiplicavam, nosso
conceito da telepatia se
generalizava, cada vez
mais, em outras direções
novas, cada vez menos
compatíveis com a teoria
das ondulações.
604. Mencionamos aqui,
com brevidade, três das
citadas direções, em
particular as relações
entre a telepatia e (a)
a telestesia ou
clarividência, (b) o
tempo e (c) os Espíritos
desencarnados:
(a) Cada vez torna-se
mais difícil atribuir as
cenas que o sujeito
capta à atividade de um
Espírito determinado,
que, na realidade,
percebe essas cenas
distantes. Isto torna-se
evidente nas
experiências da
cristaloscopia.
(b) As visões através do
cristal mostram,
igualmente, o que
podemos, do ponto de
vista estritamente
telepático, considerar
como uma elasticidade
demasiada em suas
relações com o tempo. O
indivíduo escolhe, por
si próprio, o momento em
que deve olhar a bola, e
ainda que, com
frequência, veja
acontecimentos que se
realizam no mesmo
momento, pode igualmente
ver acontecimentos
passados e até, ao que
parece, acontecimentos
futuros.
(c) O conhecimento
antecipado pode, caso se
queira, ser considerado
como uma atividade
telepática exercida por
Espíritos desencarnados
e isto o coloca num
grupo de fenômenos que
todos os que se ocupam
de nosso tema devem ter
reconhecido de há muito
tempo. Ao reconhecer, em
virtude da causa, que
recebemos de pessoas
mortas comunicações que
chamaríamos telepáticas,
se partissem dos vivos,
podemos pensar que estas
mensagens foram,
igualmente, transmitidas
por ondas etéreas. Mas,
como estas ondas não
podem, de modo algum,
emanar de cérebros
materiais, afastamo-nos,
de tal modo, da hipótese
primitiva das ondas
cerebrais, que se torna
muito difícil
defendê-las.
605. Tudo o que podemos
dizer a respeito da
telepatia é isto: a vida
possui a faculdade de se
manifestar à vida. As
leis da vida, tal como
as conhecemos, só são
aplicáveis à vida,
associada à matéria. Com
esses limites, pouco
sabemos sobre a
verdadeira natureza da
vida. Não sabemos se a
vida é, unicamente, uma
força dirigente, ou se
é, ainda, uma energia
efetiva. Não sabemos de
que forma atua sobre a
matéria. Tampouco
podemos definir as
relações que existem
entre nossa consciência
e nosso organismo.
Atrevo-me a dizer que as
observações telepáticas
nos abrem determinados
horizontes deste lado.
Da mesma forma que
certos elementos de um
organismo individual,
fazendo abstração da
atividade material,
influem sobre outro
organismo, podemos
aprender alguma coisa
sobre a forma como nossa
própria vida influi no
nosso organismo e
mantém, interrompe ou
abandona sua curva
orgânica.
606. A hipótese que
sugeri no Phantasms of
the Living em minha
“Nota sobre uma possível
forma de atividade
recíproca psíquica”
parece-me que se tornou
mais verossímil, em
consequência das
numerosas observações
feitas desde essa época.
Continuo acreditando, e
agora com mais certeza
do que em 1886, que se
produz uma “invasão
psíquica”, estabelecendo
no meio que cerca o
sujeito perceptor um
“centro fantasmogenético”,
que realiza um movimento
de certa maneira
relacionado com o espaço
tal como o conhecemos, e
um transporte da
presença que pode ser
discernido ou não pelas
pessoas invadidas e que
resulta da percepção de
uma cena distante, da
qual a pessoa que age
pode não se lembrar.
607. Mas os termos de
que me sirvo,
inicialmente, supõem
associação de ideias
cuja natureza pode
chocar a vários
leitores, mesmo os menos
científicos. Valho-me da
linguagem de uma
psicologia paleolítica e
pareço compartilhar dos
hábitos de pensamento do
selvagem, que crê poder
viajar em sonhos e que o
seu espírito pode
perseguir e acossar o
seu inimigo. Mesmo
dando-se conta do que
essas expressões contêm
de chocante, e do
retorno que parecem
significar a conceitos
tão antigos, não vejo
outro meio de me
desculpar senão
percorrendo novamente,
diante do leitor, o
caminho que um
crescimento gradativo de
provas me obrigou, com o
fim único de compreender
todos os fenômenos, a
usar frases e expressões
tão diferentes das que
Edmund Gurney e eu
usamos em nossos
primeiros trabalhos
sobre esse tema, em
1883.
608. Eis, sucintamente,
os fatos. Quando nosso
pequeno grupo começou,
em 1882, a colecionar os
fatos relacionados com
as “alucinações
verídicas” ou as
aparições coincidentes
com outros
acontecimentos, de modo
a sugerir a ideia de um
nexo causal, demo-nos
logo conta de que o tema
estava apenas abordado.
É correto que se
citaram, vagamente,
casos de diferentes
gêneros, mas apenas
alguns deles alcançavam
esse grau de evidência,
de que queremos cercar
nossa exposição. Nosso
próprio arquivo era
incrivelmente pobre, em
comparação com a rica
colheita que só pedia
para ser colhida; mas
era suficiente para
mostrar essas variedades
de aparições
coincidentes, que, por
sua vez, eram as mais
comuns e convincentes.
609. Particularmente, as
aparições de pessoas
vivas, coincidindo com
alguma crise que essas
mesmas pessoas sofriam à
distância e, além do
mais, de pessoas que
ainda viviam, mas que
estavam em perigo de
morte. Esses casos foram
os primeiros a alcançar
número e valor
suficientes para
conquistar nossa
confiança e em diversos
artigos publicados no
Proceedings of the S. P.
R. e no Phantasms of the
Living, foram expostos
com a plena evidência
que mereciam e
relacionados com a
telepatia experimental,
sendo considerados, em
si, como exemplos
espontâneos, mas muito
mais surpreendentes, das
transmissões de
impressões de um
Espírito a outro.
610. Todavia, por outro
lado, descobriu-se entre
esses casos a existência
de determinados exemplos
que não se deixam
reduzir à concepção da
telepatia pura e
simples, mesmo que se
admita tenha este
conceito recebido sua
forma definitiva. Às
vezes a aparição era
vista por mais de uma
pessoa, de uma só vez,
cujo resultado não se
teria produzido caso se
tratasse somente da
transmissão de um
Espírito a outro, o qual
exteriorizava esta
impressão, dando-lhe uma
forma material concorde
com as leis de sua
própria estrutura.
611. Existiam ainda
outros casos em que a
pessoa influenciada
parecia ser a um só
tempo a pessoa
influenciadora, no
sentido de que tinha a
impressão de ter, de
alguma maneira,
visitado, ou percebido
uma cena distante, cujo
participante não estava,
necessariamente,
consciente de uma
relação imediata com
essa pessoa. Ou, às
vezes, essa
“clarividência
telepática” se convertia
em “reciprocidade” e
cada uma das pessoas em
questão estava
consciente da outra, a
cena de seu encontro era
a mesma na visão de cada
uma ou, ao menos, a
experiência era de
alguma maneira comum às
duas. Estas e outras
dificuldades semelhantes
apresentaram-se ao meu
espírito desde o início
e na “nota”, já
mencionada, “sobre uma
possível forma de ação
psíquica recíproca”,
inserida no segundo
volume do Phantasms of
the Living, indiquei
brevemente a extensão da
teoria telepática que
considerava necessária a
ela.
612. Entretanto,
continuavam chegando até
nós casos de
determinados grupos,
ainda que, em número,
menos consideráveis que
os das aparições no
instante da morte. Para
não mencionar mais do
que os dois grupos mais
importantes, achamo-nos
na presença de aparições
chamadas de mortos e de
casos de conhecimento
prévio. Para cada um
desses grupos, parecia
razoável postergar
qualquer conclusão, até
que o tempo mostrasse se
os casos deste gênero e
de primeira mão poderiam
acontecer de maneira
contínua e se os
testemunhos
independentes
continuariam a
produzir-se em favor dos
incidentes que essas
hipóteses explicavam
melhor do que outras.
613. Antes da morte de
Gurney, ocorrida em
1888, os casos de
aparições e outras
manifestações de mortos
adquiriram um valor e
uma consistência que,
como o atesta sua última
obra, convenceram-no de
seu caráter verídico,
que se acentuou então
desde aquela época. A
possibilidade de
comunicação com pessoas
mortas parece, hoje, tão
indiscutível como a das
comunicações telepáticas
entre os vivos; e esta
nova possibilidade
modifica e amplia,
necessariamente, nosso
conceito no que diz
respeito à telepatia
entre os vivos.
614. Os fatos que abonam
o conhecimento prévio
eram muito menos
numerosos e a evidência,
relativamente a esse
grupo de fenômenos,
aparecia mais
vagarosamente. Mas, de
qualquer forma, é o
suficiente para me fazer
acreditar que ter-se-á
que contar com esses
fatos, sem que se possa
afirmar, como faço com
as mensagens de pessoas
mortas, que todos os que
aceitam nossas provas no
que diz respeito à
telepatia estejam
obrigados a aceitar, ao
mesmo tempo, as que se
referem ao conhecimento
prévio. Alguns passarão
antes que esses fatos
adquiram um valor
indiscutível.
(Continua no próximo
número.)