Celibato e castidade
“Diferença expressiva
medeia entre a
felicidade e o prazer, o
gozo físico e as emoções
que produzem dita...” –
Joanna de Ângelis.
Interessante que, vira e
mexe, determinadas
pessoas descobrem ou
lembram-se de Jesus. Não
dos seus ensinamentos,
mas de sua vida. Não de
sua vida de exemplos
fartos e robustos no
campo do Amor, mas de
sua vida amorosa.
Talvez,
psicologicamente,
necessitemos buscar algo
Nele que justifique os
desequilíbrios atuais
que caracterizam o sexo.
Desse sexo que procura,
em vão, traduzir-se ou
confundir-se com o que
seja verdadeiramente o
amor. O jovem de hoje
sabe muito sobre o sexo
físico, mas desconhece
quase tudo sobre o sexo
fruto do amor. A parte
ginecológica substituiu
a emocional. Digo isso
porque a revista VEJA,
edição 2288, de 26 de
setembro de 2012, traz
uma reportagem com o
título EXISTIU UMA
SENHORA JESUS?
Vamos pinçar alguns
trechos. “As
especulações sobre a
possibilidade de Jesus
ter sido casado vêm dos
primeiros séculos da era
cristã. Os cristãos
buscavam referências
sobre o mestre para
saber qual comportamento
deveriam adotar, diz o
historiador André
Chevitarese, da
Universidade Federal do
Rio de Janeiro. O
celibato do clero só foi
definitivamente
decretado no Concílio de
Trento, que ocorreu
entre 1545 e 1563.”
Interessante essa
colocação porque os
outros comportamentos
que todo cristão deveria
adotar exemplificado por
Jesus até hoje não são
seguidos. Mas quando se
fala na vida sexual que
Ele poderia ter
vivenciado, isso
desperta interesse. Por
que tanto interesse
assim? Para se
justificar o que se faz
ou o que se fez ao longo
de tantos séculos com a
força do sexo? Como a se
dizer: se Ele se
relacionou com uma
mulher, então também
tenho todo o direito!
Ora, se o celibato foi
um decreto humano, já
ficou suficientemente
esclarecido que não
partiu Dele, mas sim de
uma decisão dos homens
que a tomaram por
motivos que a
consciência de cada um
deles deve justificar.
Justifique você as suas
decisões sem querer
empurrar a sua
responsabilidade, fruto
do seu livre-arbítrio,
para as costas de
alguém.
A reportagem continua
insistindo: “A falta de
documentação histórica
sobre a vida de Jesus
faz com que os olhos do
mundo se voltem atentos
a cada descoberta de
manuscritos antigos que
possam trazer mais
elementos sobre ele. No
século passado, surgiram
vários textos apócrifos,
ou seja, considerados
ilegítimos pela Igreja,
que contradizem os
Evangelhos oficiais. O
Evangelho de Judas diz
que ele não traiu
Cristo. O de Felipe
afirma que Maria
Madalena era sua
companheira”.
Passemos às lições para
Joanna de Ângelis: “Da
coação a que a
intolerância o jugulava
(o sexo), como
consequência da
ignorância das suas
sublimes funções e
finalidades, passou à
libertinagem com que se
apresenta corrompido, em
mixórdias repulsivas,
nas quais se buscam
expressões de gozo que o
envilecem, o desnaturam
e o desorganizam...
Incontestavelmente o
sexo exerce profunda
influência na vida
física, emocional e
espiritual das
criaturas.
Santuário da procriação,
fonte de nobres
emulações e instrumento
de renovação pela
permuta de estímulos
hormonais, a sexualidade
tem sofrido agressão
apocalíptica dos
momentos transitórios da
regeneração espiritual
que se opera no planeta.
Isto porque o sexo, sem
a dignidade do amor,
desarvora, embrutecendo
os apetites que não se
fazem saciar e ressurgem
mais violentos,
constrangedores...
Das condenáveis críticas
da mordacidade e da
perseguição, o sexo saiu
para a praça pública do
desrespeito, como a
desforçar-se dos
padecimentos sofridos na
suposição de que o
extremado uso
reabilitasse o erro da
antiga coibição”.
Para Jesus o Amor não
era sinônimo de sexo
como é nos dias atuais.
O sexo, atualmente, traz
uma pequenina parcela de
amor (amor?) que termina
diante dos pequenos
obstáculos. Por que
vivemos preocupados com
esse aspecto da vida
Dele se os demais
ensinamentos vivem
esquecidos por nós em
nosso dia-a-dia no
relacionamento com
aqueles que caminham ao
nosso lado? Por acaso,
alguém que vivenciou
tudo o que Ele vivenciou
por nós, se macularia se
tivesse tido uma
companheira? Nascemos
através do
relacionamento sexual de
nossos pais, com ou sem
amor, por isso somos
filhos de um pecado? Até
quando carregaremos em
nosso interior esse
conceito responsável por
tantos conflitos
psicológicos de intensa
gravidade? Até quando
continuaremos a
confundir celibato com
castidade? Jesus era,
acima de tudo, casto.
Castidade não ocorre
pela ausência de
relacionamento sexual.
Castidade é a ausência
do mal dentro de nós
mesmos. Castidade é um
estado de alma que se
reflete nos atos da
pessoa, e não a
repressão contra o
relacionamento sexual.
Castidade em nossos
pensamentos. Castidade
em nosso relacionamento
com aquele que caminha
conosco. Quantos
celibatários não se
abrasam por dentro para
manter uma aparência
exterior que nada
traduz? Quantos
conflitos emocionais
torturam as almas que
despreparadas para serem
castas fazem opção pelo
celibato?
Que importa o que os
Evangelhos, apócrifos ou
não, falem sobre a vida
amorosa de Jesus no
sentido de Ele ter
convivido com alguém, se
o Amor sobre o qual ele
tanto falou e viveu está
tão ausente de nossas
vidas? Essa deveria ser
a nossa preocupação
maior. Ficamos a
traduzir pequenos
fragmentos de papiro na
língua copta e fugimos
de traduzir a linguagem
do Amor que Ele empregou
para conosco e
recomendou que a
utilizássemos com os
nossos semelhantes!