Evitando a dor
do remorso
Como não poderia
deixar de ser, a
tragédia de
Santa Maria tem
produzido muita
consternação em
todo o país.
Eventos como
este causam uma
enorme sensação
de impotência e
perplexidade ao
mesmo tempo.
Muitos perguntam
como pôde
acontecer
tamanha
desgraça. Outros
tantos
indignados
desabafam: “mas
eram tão
jovens!...” e
assim por
diante.
Acreditamos que
pelo menos duas
explicações
básicas e
sucintas podem
ser utilizadas
para explicar o
estarrecedor
episódio. A
primeira, a
própria imprensa
a apresentou com
muita
competência
jornalística,
aliás. Nesse
sentido,
fiquemos apenas
com um recente e
esclarecedor
editorial da
revista Veja
que nos
parece abarcar a
essência do
problema na sua
dimensão
material:
“... as moças e
os rapazes foram
vítimas de uma
sucessão de
erros, de
desleixo,
negligência, de
desapego às leis
e às normas de
segurança,
subprodutos da
corrupção de
valores que se
impregnou no
tecido social
brasileiro e que
está nos
cobrando um
preço alto como
nação”.
De fato,
condutas como as
acima descritas
estão
impregnadas nas
instituições
localizadas em
todos os
quadrantes do
país. De uma
forma ou de
outra, tais
coisas enxameiam
a nação
atrasando o seu
progresso à
medida que se
criam
dificuldades sem
conta para se
vender
facilidades,
assim como pela
ganância
inconsequente e
desmedida de
muitos
empresários e
organizações.
Mas até aí nada
de novo. O
aspecto positivo
na dimensão ora
analisada, se
assim podemos
nos referir, é
que as
autoridades
públicas estão
fechando
centenas de
casas noturnas
em todo o país,
isto é, aquelas
que não se
enquadram nas
leis de
segurança. Como
se diz
popularmente,
“antes tarde do
que nunca”.
A segunda
explicação –
menos óbvia para
a maior parte
das pessoas –
trata da questão
espiritual aí
implícita. Nessa
perspectiva,
elucidam-nos os
Espíritos que as
provações
coletivas têm um
efeito
purificador, bem
como de indutor
do progresso,
conforme se
infere lendo-se,
por exemplo,
sobre a lei
de destruição
e do
progresso
contidas em O
Livro dos
Espíritos.
Evidentemente,
também se
inserem aí os
sábios
mecanismos de
reajuste
previstos pela
lei de causa e
efeito aos quais
aqueles jovens
estão igualmente
subordinados.
Posto isto, não
há nenhuma
dúvida que, no
momento
oportuno, as
entidades
espirituais se
manifestarão
sobre o assunto
tal como já o
fizeram no
passado em
situações ainda
piores.
De qualquer
maneira, no
Evangelho somos
devidamente
informados por
Jesus Cristo a
respeito do tema
– ou seja: “Ai
do mundo, por
causa dos
escândalos;
porque é mister
que venham
escândalos, mas
ai daquele homem
por quem o
escândalo vem!”
(Matheus, 18:7).
Portanto,
tragédias como a
acima mencionada
não ocorrem “por
acaso”. Há algo
de transcendente
nelas que cumpre
entender e
aceitar. Não há
outro jeito!
Todavia, os seus
perpetradores
têm – os agentes
do “escândalo”,
conforme
referido pelo
Mestre – um
papel capital na
tessitura de
todo esse
evento. Como sói
acontecer em
tais
circunstâncias,
todos os atores
nela envolvidos
têm procurado se
esquivar como
podem das
acusações de
participação nos
lamentáveis
acontecimentos.
Como as leis
brasileiras são
frouxas, não
seria de admirar
que consigam
evitar uma
punição mais
severa.
Entretanto, o
vírus da culpa –
seja ela direta
ou indireta – já
os contaminou.
Ter o nome
exposto
publicamente
como malfeitor,
irresponsável,
funcionário
público relapso,
negligente ou
corrupto, só
traz desonra e
opróbrio. Ser
vinculado de
maneira negativa
às causas de
tanta dor e
sofrimento é
algo que – mais
cedo ou mais
tarde – eclodirá
como um
irrefreável
sentimento
amargo de culpa
e remorso no
coração dos
envolvidos. Não
temos nenhuma
dúvida sobre
isso.
A conclusão do
devido ajuste de
contas, por sua
vez, resultante
da transgressão
às leis divinas,
poderá demorar
muito ainda, mas
certamente ele
já começou.
Ter-se a clara
percepção de que
pessoas morreram
porque falhou no
cumprimento do
dever público,
ou porque o
interesse
material
egoístico e
ganancioso
prevaleceu acima
até mesmo de
vidas humanas, é
algo aterrador
para o bem-estar
de qualquer
Espírito. Nesse
sentido, o
Espírito Joanna
de Ângelis na
sua imensa
lucidez faz
interessantes
considerações na
obra Atitudes
Renovadas
(psicografia de
Divaldo P.
Franco), como a
que mencionamos
a seguir: “A
falta, porém, do
amor no ser
humano, torna-se
grave problema
existencial que
o conduz ao
desespero mesmo
que silencioso,
ao sofrimento
desnecessário,
que poderiam ser
resolvidos no
aproximar-se um
do outro com o
objetivo
destituído de
lucro”.
Infelizmente,
nos depoimentos
colhidos até o
momento em que
escrevemos estas
modestas linhas
e o farto
noticioso
disponível, fica
evidente que o
desejo excessivo
de ter, possuir
e acumular de um
lado, e a
irresponsabilidade
e omissão do
outro, tiveram
pesos
consideráveis no
desenrolar dos
nefastos
acontecimentos.
Cabe considerar
que todos nós
somos tentados a
abdicar do
caminho do bem
através de
inúmeras formas
e meios. Mas o
nosso desafio é
o de nos
mantermos firmes
nessa senda
porque é ela que
nos conduzirá à
salvação.
No mundo
hodierno tem que
se ter muita
coragem moral
para seguir essa
vereda
libertadora.
Abrir mão das
facilidades da
vida material e
viver
modestamente com
o salário justo
é algo que
incomoda a
muitos. Os
apelos do
consumismo, da
vida prazerosa e
do poder efêmero
são muito fortes
em nossa
civilização.
Todavia, não há
como contestar
que representam
sérias ameaças
para a alma.
Quantos retornam
ao mundo das
provas com
claros
compromissos de
ajudar no
progresso humano
com a sua
inteligência e
capacidades, mas
se perdem ao
longo do
trajeto?
Certamente
muitos.
Todavia, a nossa
proposta é para
que busquemos
sempre dilatar a
nossa capacidade
de empatia. O
bem-estar do
outro deve ser
um objetivo
diário de vida,
pois é através
dele que nos
revelamos a
Deus. O nosso
trabalho por
mais simples que
seja impacta, de
alguma maneira,
a vida de
outros. Ademais,
como bem observa
o Espírito
Lancellin, na
obra Cirurgia
Moral
(psicografia de
João Nunes
Maia), “A
alma que vive
procurando a
perfeição no que
faz, concentra
suas energias no
que tange à sua
própria conduta
e apara suas
arestas, para
que a saúde se
manifeste em seu
coração e se
instale em todo
o seu corpo”.
Assim sendo,
prossigamos
firmes no
compromisso de
fazer o melhor e
mais perfeito ao
nosso alcance
para que a nossa
consciência
esteja sempre em
paz e a nossa
saúde
equilibrada.