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Clássicos do Espiritismo
Ano 6 - N° 301 - 3 de Março de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 26)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. Com base na telepatia podemos afirmar que há em nós um elemento psíquico que opera independentemente do organismo?

Sim. Os fatos telepáticos nos levam a essa conclusão, ou seja, temos um elemento psíquico que faz parte da personalidade, mas que opera independentemente do organismo e, na sobrevivência após a morte corporal, achamo-nos na presença de um elemento da personalidade que age após a destruição do organismo. (A Personalidade Humana. Capítulo VI  – Automatismo sensorial.)

B. A esse elemento psíquico podemos chamar de Espírito?

Sim. Pelo menos é essa a conclusão de Myers, que utiliza a palavra Espírito para expressar essa fração desconhecida da personalidade humana, que não é a fração supraliminar e cuja atividade surpreendemos antes ou depois da morte num mundo metaetéreo. (Obra citada. Capítulo VI – Automatismo sensorial.)

C. Existe alguma relação entre a morte e a aparição dos moribundos?

Segundo Myers, existe, sim, uma relação causal entre a morte e a aparição. Aliás, foi essa a conclusão citada textualmente no “Relatório da Comissão das Alucinações” (Proceedings of the S. P. R., vol. X), a saber: “Entre a morte e a aparição dos moribundos existe uma relação que dificilmente se explica por mero acaso”. (Obra citada. Capítulo VI  – Automatismo sensorial.)

Texto para leitura

615. Qualquer que seja o ponto de vista em que se coloca este ou aquele pesquisador de nossa época, afirmo que o único meio racional de se conseguir uma convicção consiste em decompor primeiro a corrente emaranhada de fatos em diversos grupos definidos e, em seguida, observar a frequência com que esses grupos de fatos se reproduzem, atribuindo-lhes uma importância cada vez maior, dependendo do grau de evidência com que apareçam.

616. Essa forma de proceder exclui, evidentemente, qualquer opinião a priori e reduz nosso conceito a uma simples classificação a que os fatos já conhecidos devem ser submetidos, de forma que possam ser compreendidos em seu todo. Minha “psicologia paleolítica” não tem outra ambição. Atenho-me, simplesmente, a encontrar uma fórmula que abarque todos os fatos observados. “Quais as razões que tenho para acreditar que isto não é correto?” Essa é a pergunta que sempre deve ser feita, quando se chegou a um convencimento, por meios diversos do que a especulação científica, da profunda ignorância com que encaramos o Universo, como ele realmente é.

617. Reconheço, em todo o caso, que minha própria ignorância é imensa, que minhas noções, no que concerne ao que é provável e ao que é improvável no Universo, não me parecem suficientes para separar os fatos que acredito devidamente provados e que não estão em contradição com outros fatos e generalizações estabelecidos. Por mais amplo que seja o domínio dos fatos estabelecidos cientificamente, não representam, de acordo com a confissão dos cientistas mais autorizados, mais do que uma rápida vista d’olhos no domínio desconhecido e infinito das leis.

618. Desse modo, me vi levado a abandonar minha primeira forma de ver e, em lugar de tomar como ponto de partida o conceito de um impulso telepático que simplesmente se transmite de um espírito a outro, a colocar na base de todos esses fenômenos o conceito da dissociabilidade do eu, admitindo que diferentes frações do eu são suscetíveis de operar independentemente umas das outras, até o ponto de que uma não tome consciência dos atos da outra.

619. No fundo esses dois conceitos em grande parte se equilibram. Nos lugares onde se encontra uma transmissão experimental de pensamentos e mesmo das variedades mais comuns de aparições coincidentes, a segunda fórmula aparece como uma variação inútil e não provada da primeira. Mas, desde que nos encontramos em presença de categorias difíceis, casos de reciprocidade, de clarividência, casos coletivos e, antes de tudo, manifestações de mortos, encontramos que o conceito de um impulso telepático, uma vez transmitido, fica abandonado a si mesmo, no que concerne ao efeito que deve produzir; esse conceito, dizemos, necessita, para tornar-se evidente, ser analisado, examinado, manipulado de diversas formas.

620. Por outro lado, exatamente nestas difíceis regiões, é onde se observam as analogias com outras formas de desintegração da personalidade e onde os atos de aparição e automatismo nos lembram os atos através dos quais se manifestam os segmentos da personalidade dissociados da personalidade primitiva, mas que operam através de um organismo que é o mesmo em ambos os casos.

621. A inovação que pretendemos introduzir consiste em supor que os segmentos da personalidade são capazes de agir de uma forma independente, na aparência, da do organismo. Uma semelhante suposição não poderia ter aparecido em nosso espírito sem a prova da telepatia e só pode ser mantida, dificilmente, sem a prova da sobrevivência, após a morte corporal.

622. Porque na telepatia temos um elemento psíquico que faz parte da personalidade, mas que opera independentemente do organismo, e na sobrevivência após a morte corporal achamo-nos na presença de um elemento da personalidade, digamos, de seu último elemento, que age após a destruição do organismo. Portanto, nada há de temerário em reconhecer que um elemento da personalidade pode operar independentemente do organismo, enquanto este último ainda viva.

623. Trata-se, em último lugar, de uma dissociação da personalidade que manifesta sua atividade num meio metaetéreo; esta será, respeitando a terminologia empregada neste livro, a fórmula que com mais clareza resume todos os casos de aparições verídicas, conhecidas até agora. Assim, a bem da clareza de minha exposição, vejo-me obrigado a usar de palavras mais simples e curtas, por discutível e vago que seja seu sentido. Por isso sirvo-me da palavra Espírito para expressar essa fração desconhecida da personalidade humana, que não é a fração supraliminar e cuja atividade surpreendemos antes ou depois da morte num mundo metaetéreo. Não encontro outro termo para expressar este conceito, mas a palavra espírito não implica qualquer outra coisa, para mim. Da mesma forma, o sentido dos termos invasor e invadido, por estranhos e bárbaros que possam parecer, dependerá de conceitos cuja evidência nos aparecerá cada vez mais patente.

624. Os fatos que atualmente possuímos apresentam, do ponto de vista do conteúdo e da qualidade, uma gama que nos deixa perplexos. Para a maioria deles, nada mais faço que recomendar aos leitores a obra de Gurney. Aqui, contentar-me-ei somente em discutir alguns pontos.

625. Recordarei, em primeiro lugar, que todos os casos verídicos de coincidência aparecem sob a forma de um grupo isolado de um fundo de alucinações, que não têm qualquer pretensão de coincidência nem de veracidade. Se as alucinações exclusivamente subjetivas dos sentidos não afetam mais do que os cérebros doentes e desequilibrados, na afirmação corrente, mesmo em círculos científicos, no início de nossas investigações, nossa tarefa seria muito menos árdua.

626. O estado salutar e normal da maioria dos indivíduos que se submeteram às experiências era indubitável e seria para nós de uma enorme simplificação poder dizer, por exemplo, no caso do escolar que viu o fantasma de seu irmão, enquanto jogava cricket: “Esse escolar está em perfeito estado de saúde; essa aparição é a única que teve, logo veio-lhe, necessariamente, de fora”. Assim pensa, com efeito, a maioria das pessoas, quando uma aparição, única na sua vida, se apresenta a elas num momento em que se sentem sadias de corpo como de espírito.

627. Durante o curso de sua pesquisa, Edmund Gurney teve ocasião de se convencer de que as alucinações isoladas, únicas na vida, parciais, sem vinculação aparente com uma circunstância qualquer, observavam-se nas pessoas sadias e normais com uma frequência que ninguém poderia supor. E como as alucinações ocasionais nas pessoas normais são tão frequentes, parece difícil reconhecer que todas sejam verídicas. E a existência de todas essas alucinações, talvez puramente subjetivas, complicam muito nossas investigações no que diz respeito às alucinações verídicas.

628. Resulta disso que a existência pura e simples das alucinações, de qualquer gênero, com frequência muito rara, interpostas na vida comum, não lhes confere valor algum objetivo e é fora delas, na coincidência, por exemplo, existente entre essa alucinação e esse acontecimento que se realiza à distância, onde devemos buscar os elementos de evidência.

629. A sensação do sujeito capaz de perceber não nos proporciona critério algum que nos permita afirmar se, em determinado caso, uma alucinação foi provocada ou não por algo desconhecido, que existe à margem do sujeito. As alucinações hipnóticas, por exemplo, que não correspondem a nenhum fato externo além da ordem sugerida e percebida do modo usual, constituem, talvez, o grupo mais diferenciado e constante das alucinações normais.

630. Repito, não possuímos nenhum testemunho subjetivo que permita distinguir as alucinações falsas das verdadeiras, o que não quer dizer que devamos renunciar a encontrar esse testemunho. Alguns indivíduos, particularmente sensíveis e sujeitos às alucinações dos dois gêneros, creem ter aprendido a distinguir, por si mesmos, as duas classes e mesmo a distinguir entre as alucinações verdadeiras, as que são devidas à ação das pessoas vivas, e as provocadas pelos Espíritos desencarnados; e é de esperar sensibilidade e a apreciá-la com maior seriedade, a faculdade discriminadora do próprio sujeito se converterá num fator cada vez mais importante na constatação da evidência dos fenômenos de que trata.

631. Todavia, só podemos contar com a evidência que emana da coincidência externa, com este simples fato, para expressar essa coincidência na sua forma mais singela, que eu veja o fantasma de meu amigo Smith, no momento em que Smith morre distante de mim e sem que eu seja prevenido de seu estado. Uma coincidência desse tipo geral, quando é produzida, não é difícil de constatar e a constatamos e verificamos, com efeito, em centenas de casos.

632. A conclusão que me parece mais lógica é a de uma relação causal entre a morte e a aparição. Para refutar essa conclusão temos que discutir a exatidão do testemunho do sujeito, ou mostrar que a coincidência em questão é um simples efeito do acaso. Cada uma dessas questões foi objeto de uma discussão tão completa como frequente. Encontra-se exposta no “Relatório da Comissão das Alucinações” (Proceedings of the S. P. R., vol. X).

633. Não posso deixar de citar textualmente a conclusão da Comissão: “Entre a morte e a aparição dos moribundos existe uma relação que dificilmente se explica por mero acaso”. Ao formular essa conclusão, escolheram, com preferência, aparições no momento da morte, porque como a morte é um acontecimento único na existência humana, as coincidências entre a morte e as aparições proporcionam um elemento deveras favorável, do ponto de vista das investigações estatísticas. Mas as coincidências entre as aparições e outras crises que não a morte, ainda que inacessíveis à própria estimativa, rigorosamente aritmética, são igualmente convincentes. Esse grande agrupamento de casos espontâneos é o que vamos agora considerar.

634. A classificação lógica desses casos não é coisa fácil, porque cada narração pode ser considerada sob diversos pontos de vista: inicialmente temos que considerar a natureza do acontecimento externo, morte ou crise, ao qual corresponde a aparição, em seguida a própria forma da aparição, conforme se apresente durante o sono, no estado de semissonolência ou durante a vigília; temos, igualmente, que levar em conta o sentido especial que se encontra afetado, quer seja a vista ou o ouvido, e finalmente o efeito produzido, quer se trate de uma percepção coletiva comum a diversas pessoas de uma vez, quer se ache uma pessoa na presença de uma percepção eletiva particular a determinada pessoa.

635. Uma destas divisões, a distinção entre os casos auditivos e os casos visuais, que foi suficientemente considerada na primeira coleção do Phantasms of the Living, pode ser deixada de lado. Os dados estatísticos das alucinações visuais, auditivas, bissensoriais ou trissensoriais foram determinados com suficiência, no que permitiam os documentos de que se dispunha; e, uma vez que supomos não se tratar de visão ocular nem de audição auricular, a questão de saber que sentido interno se encontra mais facilmente estimulado em cada sujeito determinado perde sua importância. Essa distinção pode muito bem, com algumas outras, ser discutida no que diz respeito a cada caso individual; mas devemos colocar na base de nossa classificação geral um caráter mais fundamental.

636. Não obstante, uma das vantagens do conceito de invasão ou de incursão psíquica, à qual já fizemos alusão, consiste, com precisão, em que esse conceito é suficientemente fundamental, para servir de base à classificação geral de todos os casos narrados, talvez, de todos os casos de aparições. E, ainda que existam certos casos para os quais o termo metafórico de invasão possa parecer demasiadamente forte, enquanto que a antiga metáfora de influência telepática seria suficiente, esses casos, ainda que, de certa maneira, sejam incompletos, entram com semelhante naturalidade nas mesmas divisões.

637. Seja A o “agente” ou o Espírito supostamente invasor ou incursivo, num determinado caso, e P o sujeito invadido, um Espírito que desempenha papel mais passivo, que recebe e, às vezes, enxerga a visita de A. Naturalmente, A é, com frequência, senão sempre, por sua vez, um sujeito capaz de perceber, que adquire os conhecimentos ao mesmo tempo em que os comunica, com a restrição de que seu eu subliminar, que realiza esta incursão, nem sempre dá notícia dos resultados ao eu supraliminar que é o único acessível à observação externa.

638. Temos necessidade de um esquema que compreenda, de acordo com o conceito da invasão ou incursão, todas as ações telepáticas observáveis, desde as correntes de pouca intensidade que imaginamos passando incessantemente de um homem a outro, até um ponto, reservado para os capítulos seguintes, em que uma das partes da ação recíproca telepática deixou, definitivamente, o invólucro carnal. O primeiro termo da série será, forçosamente, um pouco ambíguo; mas o último nos conduzirá ao limiar do mundo espiritual. (Continua no próximo número.) 




 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita