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Para um grande homem, a
presença de uma grande
mulher
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Os espíritas muito devem
a Amélie Gabrielle
Boudet, a mulher
corajosa, forte e
inteligente, cuja
presença foi essencial
para que
o Codificador do
Espiritismo cumprisse
sua missão
No dia 6 de fevereiro de
1832, em Paris, era
firmado o contrato de casamento
entre Hippolyte Léon
Denizard Rivail e
Amélie Gabrielle
Boudet – mais tarde
conhecidos como Allan
Kardec e Senhora. Pouco
se fala dessa nobre dama
na história do
Espiritismo, mas ela
certamente merece ocupar
papel de grande
destaque, uma vez que
foi a principal
companheira do professor
no cumprimento de sua
nobre missão.
Professora primária, de
letras e de Belas Artes,
Amélie nasceu em 23 de
novembro de 1795, em
Thiais, Departamento do
Sena, França.
Foi poetisa, desenhista
e chegou a publicar três
livros (um de contos e
dois na área artística).
Morando em Paris e
frequentando o meio
acadêmico, conheceu o
professor Rivail, seu
grande amor e
companheiro.
O casal compartilhava o
mesmo amor e preocupação
com a Educação. Trocavam
ideias sobre o tema e
juntos fundaram
instituições ligadas a
essa área de atuação;
elaboraram materiais
pedagógicos e
ministraram aulas
gratuitas ao menos
favorecidos em sua
própria residência. Tudo
porque ambos acreditavam
que todos deveriam ter
acesso ao conhecimento,
independente de condição
social ou sexo. Juntos
também enfrentaram a
adversidade financeira,
sempre de forma serena e
firme.
A partir de 1854, quando
ele inicia suas
pesquisas que resultaram
nas obras da
Codificação, é em Gaby
(forma carinhosa como
Kardec chamava a
esposa), então com 60
anos, que ele encontra,
uma vez mais, a
companheira amorosa e a
auxiliar que o secundava
nos novos e árduos
trabalhos e, ainda, o
incentivava a concluir
sua missão.
Quando Kardec partiu,
Gaby deu continuidade à
sua obra
Logo após lançar
O Livro dos Espíritos,
ocorrido no ano
anterior, Kardec lança
em 1º de janeiro de
1858, contando
tão-somente com apoio da
esposa, a primeira
edição da Revista
Espírita.
A residência do casal
era, então, local de
sessões concorridas,
exigindo da Madame
Rivail cuidados
cansativos, mas sempre
amorosos. E quando, por
falta de espaço, o
esposo decidiu fundar a Sociedade
Parisiense de Estudos
Espíritas (SPEE),
uma vez mais sua fiel
parceira estava a seu
lado, com abnegação e
sacrifícios.
Amélie demonstrou todo
seu devotamento ajudando
a ler, selecionar e
discutir o conteúdo das
inúmeras
correspondências
provenientes de todos os
lugares do planeta. E,
mesmo cansada, sempre
que suas forças
permitiam, ela
acompanhava o marido nas
viagens que visavam
conhecer o movimento
espírita da época.
Por conta de sua posição
de “líder dos
espíritas”, Kardec foi
alvo de calúnia, inveja,
traições, insultos e
outras dificuldades e,
nesses momentos, com
toda certeza, o colo
aconchegante da esposa
querida foi uma das
fontes onde o professor
sorveu forças
necessárias para
prosseguir.
Quando o querido marido
desencarnou, em 1869,
Amélie Boudet deu
continuidade à sua obra,
tomando providências
essenciais para
continuidade da
divulgação espírita,
entre elas, a fundação
de uma sociedade que
garantisse a publicação
da Revista
Espírita e
das obras básicas e
participação nas
reuniões da Sociedade
Parisiense de Estudos
Espíritas,
sempre que sua saúde o
permitia.
Não eram adversários,
mas companheiros que se
amavam
Já octogenária, Gaby
viu-se envolvida no
célebre episódio do Processo
dos Espíritas,
em 1875, quando
pioneiros do Espiritismo
tiveram que comparecer à
presença de um juiz para
se defenderem da
acusação de fraude na
produção de fotos de
desencarnados.
Intimada como
testemunha, Amélie foi
desrespeitada pelo juiz,
que humilhou a memória
de Allan Kardec,
provocando viva reação
da viúva, que exigiu
respeito à memória de
seu esposo. Em nenhum
instante desse
lamentável episódio ela
recuou, defendendo a
Doutrina Espírita com a
autoridade que a
situação o exigia.
Lúcida e atuante, Gaby
desencarnou em
Paris no dia 21 de
janeiro de 1883,
aos 87 anos, e seus
restos mortais seguiram
para o mesmo local onde
estavam os do amado
esposo, sendo gravados,
na coluna que sustenta o
busto do Codificador, os
dizeres: “Amélie
Gabrielle Boudet – Viúva
de Allan Kardec”.
Sem dúvida, os espíritas
muito devem a essa
mulher corajosa, forte e
inteligente, cuja
presença foi essencial
para que Kardec
cumprisse sua missão.
Cúmplices, em todos os
sentidos e formas,
evoluíram e superaram os
obstáculos provenientes
da caminhada que
empreenderam. Não eram
adversários – como muito
se vê nas relações
atuais –, mas
companheiros que se
amavam, admiravam e
respeitavam.
Apoiando-se mutuamente,
trabalharam e evoluíram
juntos e, ainda,
deixaram-nos um precioso
legado traduzido na
mensagem espírita.
Entenderam como poucos
que, como afirmou um dia
o escritor Saint
Exupéry, “a vida nos
ensinou que o amor não
consiste em olhar um
para o outro, mas sim
olhar juntos na mesma
direção”.
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