Sexo e Destino
André Luiz
(Parte
20)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Sexo e Destino,
de André Luiz,
psicografada pelos médiuns
Waldo Vieira e
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1963 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Em face da agressão
recebida de Moreira,
qual foi a reação de
Marina?
Marina experimentou
irreprimível mal-estar.
Empalideceu. Sentiu-se
sufocar, registrando
todos os sintomas de
quem recebera forte
pancada no crânio. Os
Torres, pai e filho,
perceberam-lhe a
vertigem e acorreram,
pressurosos. Nemésio
atribuiu o desmaio à
falta de descanso, após
uma noite de vigília ao
redor de Beatriz.
Gilberto trouxe-lhe água
fresca e telefonou para
o médico.
(Sexo e Destino, 2ª
parte, capítulo IV, pp.
205 e 206.)
B. Qual o motivo do
desespero de Moreira
ante a iminência da
morte de Marita?
A notícia de que Marita
estava prestes a
desencarnar feriu
Moreira nas últimas
fibras. Ele não se
resignava à ideia de
perdê-la no plano
físico, porque Marita,
inconscientemente,
despendia recursos
fluídicos que se casavam
com os dele,
fornecendo-lhe sensações
de euforia, robustez. E
ele retirava dela os
estimulantes mentais que
lhe vigorizavam a
masculinidade, tanto
quanto se valia
habitualmente de
Cláudio, para viver na
Terra como qualquer ser
humano.
(Obra citada, 2ª parte,
capítulo IV, pp. 209 e
210.)
C. Que fato fez com que
Moreira parasse de
importunar a jovem
Marina?
Isso se deu graças ao
irmão Félix, que,
inteirado de tudo o que
acontecera, chegou de
repente ao local onde
Marina estava e, à
feição de um pai que
reencontra o filho,
abriu os braços para
Moreira. Feito isso e
sem qualquer gesto que
lhe censurasse a
deserção, Félix apelou
para o ex-vampirizador
com absoluta confiança:
"Ah! meu amigo, meu
amigo!... Nossa Marita!...",
informando-o de que a
jovem piorara muito
desde o momento em que
ele, Moreira, se
afastara. Marita
necessitava dele,
esperava por ele, a fim
de aliviar-se. Ante tais
frases, que o atingiram
no fundo, Moreira
acudiu, incontinenti,
regressando ao hospital
em companhia de Félix e
André. Em consequência,
Marina ficou aliviada do
assédio do infeliz
Espírito.
(Obra citada, 2ª parte,
capítulo IV, pp. 213 e
214.)
Texto para leitura
96. André é
hostilizado por Moreira
- Em face da agressão
recebida de Moreira,
Marina experimentou
irreprimível mal-estar.
Empalideceu. Sentiu-se
sufocar, registrando
todos os sintomas de
quem recebera forte
pancada no crânio. Os
Torres, pai e filho,
perceberam-lhe a
vertigem e acorreram,
pressurosos. Nemésio
atribuiu o desmaio à
falta de descanso, após
uma noite de vigília ao
redor de Beatriz.
Gilberto trouxe-lhe água
fresca e telefonou para
o médico. O impacto no
ambiente espiritual não
foi menos constrangedor.
Neves fitou André,
irrequieto, como a rogar
socorro para não
explodir. Uma das
senhoras desencarnadas,
que aguardava o momento
de acolher Beatriz,
liberta, abordou André,
pedindo providências.
Moreira e os comparsas
despejavam ditérios e
obscenidades,
injuriando a dignidade
do recinto, depois de
haverem burlado a
vigilância mantida em
torno da casa. Em
determinadas
terapêuticas, lembrou
André, não se pode
restabelecer a
normalidade orgânica
senão removendo o centro
da infecção, e ali o
pivô da desarmonia era
Marina. Afastada a moça,
retirar-se-iam com ela
os agentes da desordem.
Foi o que André fez.
Abeirando-se da menina,
suplicou-lhe que saísse.
Fosse repousar. Não
teimasse ante a
solicitação, em seu
próprio proveito.
Marina obedeceu a
contragosto. Pediu
licença aos amigos, a
fim de esperar o médico
na dependência dos
fundos, e retirou-se,
acompanhada por André.
Moreira, contudo, o
hostilizou,
interpelando-o. Por que
nutria simpatia pela
jovem que ele, Moreira,
detestava? Por que se
interessava por alguém
que ele chamava de
bisca, bonita por fora e
devassa por dentro? (2a
parte, cap. IV, pp. 205
e 206)
97. Marina expõe
seu íntimo a Moreira
- Após ser crivado de
considerações
repassadas de fel e
desafiado a esclarecer
os motivos de sua
conduta, André Luiz
disse a Moreira que
Marina, apesar de tudo,
era também filha de
Cláudio Nogueira e irmã
de Marita, aos quais
ambos tributavam
calorosa afeição.
Qualquer fracasso em
prejuízo dela seria
desastre para eles.
Evidentemente, não lhe
cabia reprovar
corrigendas; no entanto,
por amizade aos
Nogueiras, não
concordaria em que ela
fosse massacrada.
Moreira sorriu e
observou que as
apreciações não eram de
todo desprovidas de
senso; todavia – embora
prometesse amainar o
desforço – não
desistiria da correção.
Pediu, então, a seus
comparsas que lhe
aguardassem as
instruções no pátio
lateral e seguiu a
jovem, segurando-a,
descortês. Marina
penetrou na câmara,
encostou a porta e
ajeitou-se no leito.
Aspirava a dormir,
descansar, mas não
conseguiu. Moreira
resolveu submetê-la, ali
mesmo, a um
interrogatório em torno
de Marita, para provar a
André que ele estava
certo em seus propósitos
de vingança. O
indesejável obsessor,
erguido por si mesmo à
condição de juiz,
pespegou um pejorativo
contundente aos ouvidos
da moça e reclamou-lhe a
opinião sobre Marita.
Embora debilitada e
presumindo monologar,
Marina deixou que os
pensamentos lhe
pululassem do cérebro,
sem o travão da
autocrítica.
Compadecia-se da irmã –
admitia –, mas
confessava-se agradecida
ao destino por se ver
livre dela.
Logicamente, não teria
tido coragem de
impeli-la à morte;
contudo, se ela própria
deliberara desaparecer,
sentia-se aliviada.
Reportou-se, então, ao
telefonema que Marita,
sem declinar o nome,
fizera a Gilberto na
noite do acidente.
Gilberto fora claro. Ele
a julgava
desequilibrada,
neurótica e asseverou
certa vez que Marita não
servia para casar. Ora,
se o jovem Torres não a
amava e, por isso, ela
resolvera sumir, por que
preocupar-se? (2a
parte, cap. IV, pp. 207
e 208)
98. O obsessor
decide puni-la -
Em suas recordações,
Marina lembrou ter
ouvido da própria mãe
que o médico lhe dissera
que o óbito de Marita
era questão de dias, mas
que nada dissesse a
Cláudio, visto o pai
encontrar-se esmagado de
angústia. Essa notícia
feriu Moreira nas
últimas fibras. Ele não
se resignava à ideia de
perder Marita no plano
físico. Ela,
inconscientemente,
despendia recursos
fluídicos que se casavam
com os dele,
fornecendo-lhe sensações
de euforia, robustez.
Retirava dela os
estimulantes mentais que
lhe vigorizavam a
masculinidade, tanto
quanto se valia
habitualmente de
Cláudio, para viver na
Terra como qualquer ser
humano. Frustrado e
inconformado, designou
Marina com um nome
chulo e justificou-se
diante de André quanto à
determinação de
puni-la. Na sua
meditação, Marina dizia
amar a Gilberto, sim;
apenas a ele.
Descobriria recursos
para desvencilhar-se de
Torres, pai. Anelava
desposar o rapaz, ser a
sua mulher em casa e mãe
de seus filhos. Quando,
porém, o esboço do lar
futuro se lhe configurou
na imaginação, Moreira
arremeteu-se contra ela
e bramiu: "Nunca!...
Você nunca será
feliz!... Você matou sua
irmã... Assassina!
assassina!..." Marina
experimentou estranho
mal-estar. Aquelas
palavras percutiam-lhe
fundo, como se alguém
lhe varasse o
pensamento. Ofegou em
desassossego e começou a
refletir, acerca de
Marita, sob novos
aspectos. Debalde
tentava impugnar o
remorso que se lhe
infiltrava na
consciência. Gemia em
desconforto, e, à medida
que Moreira martelava as
censuras, às quais
aderia por saber-se
culpada, passou a perder
posição. O raciocínio
enevoava-se-lhe. O
contendor desafiara-lhe
a fortaleza,
proclamando-lhe as
brechas. A fortaleza
resistiria, incólume, se
fosse inteiriça, mas as
brechas existiam e por
elas o inimigo lançava
petardos de maldição e
sarcasmo, gerando a
demência e invocando a
morte. (2a parte,
cap. IV, pp. 209 e 210)
99. O remorso leva
Marina às lágrimas
- André, em vão,
diligenciou no
silêncio, articulando
agentes mentais de
auxílio para que Marina
se libertasse, mas a
jovem jazia desarmada de
conhecimento
enobrecedor que lhe
pudesse indicar direção
diferente. E, assim, à
mercê da força que lhe
espatifava os recursos
psíquicos, sentia-se
derrotada. Da
impassibilidade ante o
desastre ocorrido com a
irmã, transferiu-se à
opressão, ao temor.
Imaginou, então, que
Marita não buscaria o
suicídio, se nela
houvesse achado uma
companheira honesta e
piedosa. Rememorou a
noite em que divisara
Gilberto pela primeira
vez. Ele saía de um
cinema, em companhia da
irmã, amparando-a contra
a chuva. Julgou
encontrar ali Nemésio
Torres mais moço, e
apaixonara-se pelo
rapaz. Ao sabê-lo
aprisionado à irmã,
requintara-se nos
processos de sedução.
Instalando nele a
necessidade dela,
tornara-o dependente,
escravo, manobrando-o
inteiramente, o que a
irmã, inexperiente e
sincera, não se animara
a fazer. Perante o
libelo do juiz
inesperado,
perguntava-se, agora,
pela tranquilidade
própria, visto que o
exame sereno de suas
atitudes indicava ter
lesado a si mesma. O
remorso figurou-se-lhe,
então, broca invisível a
verrumar-lhe o crânio.
Lágrimas abundantes lhe
subiram do peito aos
olhos. O médico, ao
chegar, apanhou-a em
crise de pranto.
Sugerindo-lhe repouso,
prescreveu
tranquilizantes, mas,
quando o facultativo
saiu, ela retomou o
choro convulsivo,
diante de Nemésio que,
intimidado, trancou a
porta e tentou
confortá-la. Moreira
zombeteava, lançando
frases ultrajantes.
Nemésio a beijava,
referindo-se aos
derradeiros arranjos do
casamento, que era
questão de dias. Diante
daquela cena, André
convidou Moreira a
retirar-se, mas o
obsessor desapiedado,
recusando ser julgado,
asseverou que detinha
tanta culpa na
indisposição de Marina
quanto a de um bisturi
na ablação de um tumor.
(2a parte, cap.
IV, pp. 210 a 212)
100. Agrava-se o
estado de Marita
- André pediu a Moreira
lhe auxiliasse, em
consideração a Cláudio,
a proteger-lhe a filha.
Talvez um dia ambos
precisassem rogar-lhe
ajuda. Por que, então,
não ficarem do lado de
fora do quarto,
resguardando-a? Moreira
concordou e eles saíram.
Como André lhe pedisse
paciência junto dela e
de todas as pessoas em
distúrbios do sexo, ele
riu-se abertamente e
comentou, galhofeiro,
que não lhe adiantava
falar grego, ante as
obscenidades que para
ele tinham nome próprio,
advertindo-o de que,
logo que o pai se
retirasse, viria o
filho. Foi o que
aconteceu. Bastou
Nemésio Torres sair, e
Gilberto entrou no
quarto. Chegou, porém,
nesse momento, o irmão
Félix, que, inteirado de
tudo o que acontecera,
abriu os braços para
Moreira, à feição de um
pai que reencontra o
filho. Sem qualquer
gesto que lhe censurasse
a deserção, Félix apelou
para o ex-vampirizador
com absoluta confiança:
"Ah! meu amigo, meu
amigo!... Nossa Marita!...",
informando-o de que a
jovem piorara muito
desde o momento em que
ele, Moreira, se
afastara. Marita
necessitava dele,
esperava por ele, a fim
de aliviar-se... Ante
tais frases, que o
atingiram no fundo,
Moreira acudiu,
incontinenti,
regressando ao hospital
em companhia de Félix e
André. Realmente, a
infeliz criatura se
estirava em situação
lamentável. Escorada por
Telmo, que lhe insuflava
energias, Marita não lhe
assimilava a influência
com tanta segurança.
Faltava entre eles
aquela harmonia
necessária às crenas das
rodas de engrenagem
determinada, num plano
de sustentação. Telmo,
rico de forças,
apoiando-a, lembrava um
sapato novo e precioso
em pé doente. Com
Moreira de volta à
tarefa, verificou-se, de
imediato, alguma
desopressão, mas a
peritonite instalava-se,
dominante, aumentando o
mal-estar da filha de
Aracélia, que gemia sob
a atenção atribulada de
Cláudio e, graças aos
padecimentos físicos,
pensava apenas nas
próprias dores,
contundida, suarenta,
amarfanhada. (2a
parte, cap. IV, pp. 213
e 214) (Continua no próximo
número.)