Suicídio – atenuantes e
agravantes
A lei de causa e efeito
é uma lei universal; a
ela estão submetidas
todas as ações. No
entanto, não se pode
olvidar que, com
respeito às ações
humanas, o seu
cumprimento estará
sempre associado a
atenuantes e agravantes
de acordo com as
circunstâncias em que
foram realizadas. Isso
porque, antecedendo a
qualquer ação, existe
sempre um processo, que
caracteriza a
intencionalidade ou
objetivo da ação.
O desconhecimento do
referido mecanismo
conduz a maioria das
pessoas a uma opinião
padronizada no que diz
respeito ao suicídio. É
comum uma avaliação
apenas superficial, sem
conhecimento de causa,
quando se compara um
suicídio a outros
supostamente
semelhantes, cujas
implicações para as
vítimas foram relatadas
por Espíritos
orientadores, e, então,
forma-se uma opinião
generalizada sobre o
assunto: “Todo suicida
irá para uma região no
plano espiritual,
conhecida como Vale dos
Suicidas!” ou “Todo
suicida sofrerá
intensamente, por tempo
igual ao que deveria
ainda permanecer no
corpo físico!”.
É importante
esclarecermos, que até
podemos considerar dois
suicídios idênticos no
que diz respeito ao
gênero de morte das
vítimas, mas não podemos
dizer o mesmo com
relação às
circunstâncias que os
favoreceram ou aos
objetivos a que se
propunham.
Alguns se matam por pura
covardia diante das
aflições; outros por se
encontrarem totalmente
dominados por obsessores
cruéis ou sob o efeito
de drogas; já outros,
realizam-no por
altruísmo imaginando o
suicídio como
única providência para
beneficiar a alguém da
família, ou a uma
coletividade.
Para esclarecermos sobre
o assunto, nada melhor
do que conhecermos as
opiniões abalizadas dos
mentores espirituais e
do Codificador – Allan
Kardec, em algumas obras
espíritas:
O pai e o conscrito -
"No
começo da guerra da
Itália, em 1859, um
negociante de Paris, pai
de família, gozando de
estima geral por parte
dos seus vizinhos, tinha
um filho que fora
sorteado para o serviço
militar. Impossibilitado
de o eximir de tal
serviço, ocorreu-lhe a
ideia de suicidar-se a
fim de o isentar do
mesmo, como filho único
de mulher viúva. Um ano
mais tarde, foi evocado
na Sociedade de Paris a
pedido de pessoa que o
conhecera, desejosa de
certificar-se da sua
sorte no mundo
espiritual.”
(1)
Podereis ministrar-nos a
vossa apreciação sobre
esse suicídio?
–
“Este Espírito sofre
justamente, pois lhe
faltou a confiança em
Deus, falta que é sempre
punível. A punição seria
maior e mais duradoura,
se não houvera como
atenuante o motivo
louvável de evitar que o
filho se expusesse à
morte na guerra. Deus,
que é justo e vê o fundo
dos corações, não o pune
senão de acordo com suas
obras.” (Espírito São
Luís)
– “À primeira vista,
como ato de abnegação,
este suicídio
poder-se-ia considerar
desculpável.
Efetivamente assim é,
mas não de modo
absoluto. A esse homem
faltou a confiança em
Deus, como disse o
Espírito S. Luís. A sua
ação talvez tenha
impedido a realização
dos destinos do filho;
ao demais, ele não tinha
a certeza de que aquele
sucumbiria na guerra e a
carreira militar talvez
lhe fornecesse ocasião
de adiantar-se. A
intenção era boa, e isso
lhe atenua o mal
provocado e merece
indulgência; mas o mal é
sempre o mal, e se o não
fora, poder-se-ia,
escudado no raciocínio,
desculpar todos os
crimes e até matar a
pretexto de prestar
serviços.” (Allan
Kardec)
A ninguém foi concedido
o direito de atentar
contra a vida, quer seja
a sua ou a de seu
semelhante. Cada um deve
entender que a vida é
uma dádiva Divina,
somente Deus tem o
direito de interrompê-la
no momento que achar
conveniente.
Por mais que alguém
tente justificar o
suicídio, jamais apagará
de sua consciência o
estigma da culpa,
enquanto não realize a
devida reparação.
Como pudemos muito bem
constatar no exemplo
citado, mesmo que exista
atenuante não se pode
concluir que exista a
isenção de culpa, ele
sofrerá as consequências
da ingratidão cometida
contra a misericórdia
divina.
Bibliografia:
1.
O Céu e o Inferno –
Allan Kardec
2.
Um Trágico Equívoco – F.
Altamir da Cunha.