A Epístola
Lentuli
A famosa carta
que se
popularizou após
a publicação do
livro “Há Dois
Mil Anos” do
autor espiritual
Emmanuel, mentor
das atividades
mediúnicas de
Chico Xavier,
traz consigo um
dos maiores e
mais fascinantes
enigmas já
revelados por
meio da
psicografia
xavieriana.
O manuscrito que
teria sido
produzido por
volta do ano 32
da era cristã
pelo pretor
romano Públius
Lentulus, o
próprio Emmanuel
em uma de suas
existências na
Terra, era
endereçado ao
imperador
Tibério César e
trazia em seu
conteúdo a
descrição de
Jesus de Nazaré,
tal qual a
conhecemos hoje:
"Nestes tempos
apareceu e ainda
se encontra
entre nós um
homem de grande
virtude, que se
chama Jesus
Cristo, o qual é
tido pelo povo
como profeta da
verdade; seus
discípulos o
chamam de filho
de Deus, pois
ele ressuscita
os mortos e cura
os doentes. É um
homem notável,
de alta estatura
e aspecto
venerando, que
pode inspirar a
quem o olha
tanto o amor
como a
temeridade. Seus
cabelos são de
um tom
cobre-acastanhado,
levemente
ondulados até a
altura das
orelhas, sendo,
a partir daí,
mais escuros,
encrespados e
brilhantes até a
altura dos
ombros; usa-os
repartidos ao
meio, ao estilo
dos Nazarenos.
Seu rosto é bem
conformado e de
aspecto sereno,
não tem rugas
nem cicatrizes
na face, a qual
um rubor
moderado torna
ainda mais bela,
sem nenhuma
imperfeição no
nariz nem na
boca. Tem a
barba abundante
e avermelhada,
quase da cor dos
cabelos, não
longa, mas
bifurcada na
altura do
queixo. Sua
expressão é
simples e
natural, e seus
olhos são
azulados e
brilhantes. Sua
expressão,
quando reprova,
é severa; quando
aconselha, se
faz serena e
amável, até
mesmo quase
alegre, mas sem
perder a sua
dignidade, já
que ninguém
jamais o viu
rir, embora já o
tenham visto
chorar por
vezes. Seu talhe
corporal é
esbelto, bonito
de ver, com mãos
e braços
proporcionais;
fala de modo
grave e
eloquente, mas é
reservado e
modesto; seu
modo simples de
ser, pode ser
comparado ao dos
demais homens.
Passai bem."
No livro, o
autor espiritual
relata sua vida
como orgulhoso
patrício romano
que exercia a
nobre atividade
de Cônsul (uma
espécie de
magistrado com
grande
autoridade
jurídica e
legisladora) e
que teria
ajudado Pôncios
Pilatos,
prefeito da
Judeia, no
julgamento de
Jesus.
Emmanuel narra
que em sua
passagem como
Lentulus teria
tido um rápido
encontro com o
Nazareno a
pedido de sua
esposa Lívia,
que era
simpatizante das
ideias do
Cristo, para
pedir a cura de
sua filha
Flávia,
acometida pela
lepra, sendo
atendido de
imediato.
O documento,
conhecido em
latim como
Epistolae
Lentulii, talvez
seja o único
registro da
Physiognomia
Christi (em
português,
fisionomia do
Cristo) e faz
parte de uma
série de
documentos
apócrifos que
compõem o
chamado ciclo de
Pilatos, podendo
ter sido a
principal
referência da
aparência de
Jesus. Esses
manuscritos
seriam
documentos
oficiais do
Império que
trazem detalhes
do processo de
julgamento do
Cristo, mas que
não foram
considerados
textos canônicos
pela Igreja
Católica, por
não ser de
autoria cristã,
critério de
exclusão na
avaliação de
documentos
canônicos nos
concílios.
O fato é que
muita polêmica
surgiu após a
publicação de
"Há Dois Mil
Anos" em torno
da referida
carta. Alguns
alegam que nunca
existiu na
história de Roma
um senador com o
nome de Públios
Lentulus, outros
confirmam a
existência da
carta, mas não
atestam sua
legitimidade e
há quem acredite
cegamente tanto
na existência da
carta quanto na
do senador
romano.
Há de se
ressaltar que
Públios Lentulus
dedicou boa
parte de sua
vida à procura
de seu filho
Plínio, que fora
seqüestrado, e
por esse motivo
não teve uma
vida social
intensa, sem
fatos dignos de
menção, o que
pode explicar a
omissão de seu
nome na
história.
Em verdade, a
carta de fato
existe, mas
acredita-se que
seja uma
tradução datada
do século XIX,
porém a edição
mais antiga de
que se tem
notícia é do
século XI.
Alguns
historiadores
alegam que o
documento
original seria
do século I e
que após o
calvário de
Cristo foi
difundido,
sofrendo várias
traduções e
vindo a se
perder ao longo
do tempo, o que
evidenciaria a
autenticidade de
Emmanuel e suas
obras.
O mais
interessante é
que todos os
fatos relatados
por Emmanuel em
"Há Dois Mil
Anos" estão de
acordo com os
acontecimentos
históricos
registrados na
época,
considerando que
a primeira
edição da obra
saiu em 1940,
quando se
conhecia muito
pouco, ou quase
nada, acerca da
Epístola Lentuli.
Todas essas
reflexões são no
mínimo
intrigantes.
Para os
admiradores da
doutrina
espírita, a
existência da
carta significa
a confirmação da
grandeza do
legado de Chico
Xavier.
No ano de 2012,
o administrador,
escritor e
ufólogo Pedro de
Campos, autor da
obra “Lentulus,
Encarnações de
Emmanuel”,
lançou o livro
“A Epístola
Lentuli”, uma
rica obra que
traz um
levantamento
histórico
baseado em
registros
fidedignos e que
busca comprovar
a autenticidade
do manuscrito
sem tomar
qualquer
posição. O autor
apresenta em seu
livro argumentos
que ajudam o
leitor a formar
uma opinião
sobre o assunto.
Vale a pena
lê-lo.
Referências:
“Há Dois Mil
Anos”, de
Emmanuel,
psicografado por
Chico Xavier
“A Epístola
Lentuli”, de
Pedro de Campos