O caso Tacumã
“E nos últimos
tempos
derramarei do
meu Espírito
sobre toda a
carne; vossos
filhos e vossas
filhas
profetizarão,
vossos velhos
terão sonhos,
vossos jovens
terão visões.”
(Profecia de
Joel [2:28],
confirmada pelo
Apóstolo Pedro
[Atos 2:17]).
A Expedição
Roncador-Xingu
foi criada pelo
Governo Federal
no ano de 1943,
no auge da
Segunda Guerra
Mundial, com o
propósito de
conhecer e
desbravar as
áreas mostradas
em branco nas
nossas cartas
cartográficas,
em face, dizem,
da suposta
declaração de
uma alta
autoridade
europeia que
demonstrava uma
clara intenção
de ocupar as
áreas
territoriais
vazias do Brasil
Central. Esse
foi talvez o
êmulo
impulsionador da
ideia de
transferir a
capital do País,
do Rio de
Janeiro para o
Brasil Central.
Assim teve
início a
ocupação daquela
imensa faixa de
terras,
localizada na
margem oeste do
rio Araguaia,
entre a Serra do
Roncador e o
Alto do Xingu,
no norte do
Estado do Mato
Grosso, e que
era habitada por
tribos indígenas
que desconheciam
a existência do
homem branco.
Para chefiar
aquela expedição
foram designados
os irmãos
sertanistas
Orlando, Cláudio
e Leonardo
Villas-Bôas.
Em 1945 estavam
eles e os demais
componentes da
expedição pondo
os pés na aldeia
dos índios
Kalapalos, como
os primeiros
não-índios, com
a missão
principal de
civilizá-los sem
violentar em
demasia os seus
costumes, sua
cultura e o seu
modus vivendi
e de melhorar as
suas condições
de vida.
Não imaginavam
aqueles homens
que ali iriam
testemunhar
fatos
assombrosos que
extrapolavam a
sua compreensão
das coisas ditas
sobrenaturais.
Aqueles
exploradores
presenciaram
curandeiros
indígenas
produzir
fenômenos
inexplicáveis à
luz da sua
compreensão
civilizada,
utilizando-se da
ação de seres
espirituais que,
segundo a
tradição
indígena,
habitam aquelas
densas
florestas.
Conforme relata
Pedro de Campos,
em seu precioso
livro, escrito
sob a instrução
do Espírito
Erasto,
“Universo
Profundo – Seres
Inteligentes e
Luzes no Céu –
Uma Visão
Espírita da
Ufologia”,
aquele ambiente
esquisito da
selva amazônica
é povoado por
“animais
estranhos e
nunca vistos:
macacos
vermelhos com
garras de onça,
mãos peludas com
sete dedos e
unhas enormes,
seres cabeçudos
e de olhar
penetrante,
gente que
respira pelos
poros,
aberrações
animais de outra
natureza – todas
essas coisas são
relatadas pela
população
ribeirinha;
entretanto,
naquelas
regiões, essas
histórias são
tidas como
manifestações de
entidades
provenientes de
uma dimensão
espiritual que o
índio sabe muito
bem qual é, mas
não sabe
explicá-la. O
homem branco tem
isso como fruto
da imaginação ou
elementos do
folclore. Talvez
seja uma
humanidade
espiritual cuja
evolução
retroceda
milhares de
milênios da
nossa. O certo,
não se sabe”.
Foi nesse
ambiente
incrível e
exuberante que
os irmãos
Villas-Bôas
trabalharam e
viveram a maior
parte de suas
vidas e no qual
puderam observar
o comportamento
indígena em face
dos
acontecimentos
considerados
sobrenaturais.
Novamente nos
valemos do
escritor Pedro
de Campos, por
meio da obra
supracitada,
para descrever
um caso singular
e intrigante,
relatado por
Cláudio
Villas-Bôas,
publicado em
1975, no jornal
“Folha Espírita”
e republicado na
sua edição de
janeiro de 2003.
Eis a narração
de Villas-Bôas:
“Isso aconteceu
na aldeia de
Kalapalos. O pai
saiu para pescar
levando dois
filhos. A certa
altura do dia
ele deixou as
crianças à beira
da lagoa
Marivarré, perto
do nosso posto,
na sede do
Parque. Quando
voltou, as
crianças não
estavam mais lá.
Procurou-as por
toda parte e
depois voltou
para a aldeia,
pedindo ajuda.
Todos auxiliaram
na busca, mas
foi em vão... No
outro dia, um
pajé dos
Kalapalos disse
que um Espírito,
o Evurá, tinha
levado as
crianças. O pajé
não conseguiu
fazer a
pajelança
(¹)
toda e as
crianças não
voltaram. Então,
procuraram
outros pajés de
outras tribos –
Kuicuru, Meinaco,
Arueiti – e
todos se
concentraram na
aldeia “Kalapalos”,
mas tudo inútil.
Foi aí que
alguém se
lembrou de
Tacumã. A esse
tempo ele já era
chefe da aldeia,
mas não
respeitado como
grande pajé.
Estavam
esperançosos
porque Tacumã
era filho de um
pajé que se
tornara famoso e
talvez pudesse
descobrir as
crianças
perdidas há
cinco dias.
Tacumã veio com
um grupo de
pajés
auxiliares, fez
toda a
pajelança,
cantando e
realizando a
atração. Quando
terminou, disse
que as crianças
iriam aparecer
às dez horas do
dia seguinte;
que Evurá, um
Espírito, as
tinha levado,
mas que ele
conversara com
Evurá e elas já
estavam de
volta.
Notável! Às dez
horas ouviu-se
um grito na mata
e as crianças
apareceram na
orla do cerrado.
Eu estava lá!
Não posso
duvidar porque
eu e o Orlando
assistimos a
tudo isso.
Quando as
crianças
apareceram os
parentes
correram para
pegá-las, mas
Tacumã gritava:
–
Não vai! Não
vai, senão elas
não voltam
mais...
Mas os parentes
correram para
pegá-las e as
crianças
entraram de novo
no mato e
sumiram.
Tacumã fez outro
trabalho com
muita pajelança,
muita fumaça com
aquele cigarro
de quase trinta
centímetros de
comprimento,
imenso... Fumou
um atrás do
outro, entrou em
transe e falou:
–
Amanhã elas
voltam outra
vez, mas ninguém
vai até lá, eu
vou para pegar
as crianças.
Às dez horas,
ouviu-se o grito
das crianças na
orla do mato e
elas apareceram.
Tacumã, então,
com um chocalho
na mão, foi
cantando rumo às
crianças e,
auxiliado por
outro pajé,
levou-as pelo
braço até a casa
dos pais. Eram
duas meninas,
uma de nove,
outra de seis
anos”.
Conforme o autor
de “Universo
Profundo...”,
este relato de
Cláudio
Villas-Bôas foi
feito em 1975 à
doutora Marlene
Nobre, à artista
plástica
Sulamita
Mareines e a seu
filho Ivo, por
ocasião de uma
visita destas
pessoas ao
Parque Nacional
do Xingu.
Teria havido,
nesse ocorrido,
os fenômenos de
desmaterialização
e
rematerialização?
O Espírito
Erasto, coautor
da obra acima
mencionada,
indagado a
respeito do caso
enfocado,
esclarece a
Pedro de Campos:
“De início é
preciso destacar
aqui que não vos
falo dos
Espíritos
errantes nem dos
seres
ultraterrestres,
cujos processos
distintos de
materialização
já vos descrevi
anteriormente,
mas sim dos
seres humanos,
Espíritos
encarnados que
são”.
Prossegue aquele
Espírito:
“Vosso corpo não
comporta
desmaterialização
com perda de
energia vital;
pereceria sem
ela. Essa força
vital de que vos
falo,
indispensável
para a eclosão
da vida na
matéria,
possibilita a
ligação do corpo
espiritual ao
corpo de carne e
é obtida com
fartura durante
o processo
gestativo. Vós
não sois seres
agenésicos e sem
ciclo vital,
portanto,
precisais
daquela energia
para reproduzir
e viver. A
desagregação da
matéria a
libera,
fazendo-a voltar
ao manancial de
onde procedeu”.
“No caso Tacumã
– continua
Erasto –
ilustrativo ao
nosso propósito
de
esclarecimento,
as crianças
ribeirinhas se
fizeram
atraentes ao
Espírito Evurá,
entidade índia
sem instrução
nem maldade, que
viu nelas os
antecedentes de
sua própria vida
na floresta, por
isso as levou da
orla à mata
fechada, para
ali viverem como
índios. Evurá
tomou do
ectoplasma
exalado do corpo
carnal das
crianças,
combinou-o com
seus fluidos
espirituais e
outros
encontrados na
floresta,
envolveu-as com
esse substrato,
tornando-as
invisíveis, por
assim dizer. Ao
mesmo tempo,
sempre se
utilizando
desses fluidos
imponderáveis
para vós,
isolou-as da
gravidade,
tornando seus
corpos leves, e,
sem desagregação
material,
transportou-as
para dentro da
mata.
Ali as crianças
viveram alguns
dias,
encontraram
alimento e água,
facilitado pela
ação de Evurá.
Por sua vez, o
pajé Tacumã
tivera ajuda do
plano espiritual
para conseguir
reverter o caso.
Com os rituais
realizados,
embora o
Espírito
estivesse
contrafeito,
conforme o
demonstra a
desaparição das
crianças quando
da primeira
entrega, Evurá
foi esclarecido
e teve de
devolver as
crianças ao
pajé, que as
levou aos pais,
moradores
ribeirinhos”.
A
comunicabilidade
entre os dois
planos da vida
remonta aos
primórdios do
homem. A
ocorrência dos
fenômenos ditos
sobrenaturais,
também. Estes –
os fenômenos
espíritas –
estão fartamente
descritos,
sobretudo nas
Escrituras
Sagradas,
bastando folhear
a Bíblia para se
constatar o
quanto já eram
frequentes as
intervenções do
plano espiritual
na vida material
da Humanidade
terrena, tal
qual hoje,
quando se
reproduzem por
todos os cantos
da Terra e são
difundidos por
todos os meios
de comunicação.
Fechamos este
artigo,
repetindo Allan
Kardec em “O
Livro dos
Médiuns” – item
10 – capítulo
II: “Aos
olhos daqueles
que olham a
matéria como uma
única força da
Natureza, tudo o
que não pode ser
explicado pelas
leis da matéria
é maravilhoso ou
sobrenatural; e,
para eles,
maravilhoso é
sinônimo de
superstição. A
esse título a
religião,
fundada na
existência de um
princípio
imaterial, seria
um enredo de
superstições;
não ousam
dizê-lo bem
alto, mas o
dizem baixinho,
e creem salvar
as aparências
concedendo que é
preciso uma
religião para o
povo, e para
fazer com que as
crianças sejam
sábias; ora, de
duas coisas uma:
ou o princípio
religioso é
verdadeiro ou é
falso; se é
verdadeiro, ele
o é para todo o
mundo; se é
falso, não é
melhor para os
ignorantes do
que para as
pessoas
esclarecidas”.
(¹)
Pajelança é uma
ação cerimonial
do feiticeiro
amazônico para
obter fórmulas
terapêuticas,
ditar regras de
vida, definir
atos que devem
ser praticados e
dar
aconselhamentos.
(Explicação do
autor de
“Universo
Profundo...”.)
Fontes de
consulta:
Livro <Universo
Profundo
– Seres
Inteligentes e
Luzes no Céu –
Uma Visão
Espírita da
Ufologia” (Pedro
de Campos por
instruções do
Espírito Erasto
– Lúmen
Editorial.)
Livro “O
Espiritismo e as
Igrejas
Reformadas”
(Jayme Andrade
– Editora Seda.)
Livro “O Livro
dos Médiuns”
(Allan Kardec
– Instituto de
Difusão
Espírita.)
Wikipédia (www.wikipedia.org.br)