Sexo e Destino
André Luiz
(Parte
22)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Sexo e Destino,
de André Luiz,
psicografada pelos médiuns
Waldo Vieira e
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1963 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Márcia acabou
visitando Marita no
hospital?
Sim. Levada ao hospital
pelo senhor Torres,
assim que recebeu a
notícia de que o estado
de Marita se agravara,
ela foi inteirada pelo
médico da gravidade do
estado da filha adotiva.
(Sexo e Destino, 2ª
parte, capítulo VI, pp.
227 a 229.)
B. Márcia se comoveu ao
ver a filha adotiva?
Sim. Ela e o senhor
Torres fitaram,
atônitos, a jovem
acidentada e Márcia
sentiu-se esmagada de
assombro, mesclado de
piedade, mas
reprimiu-se. Pouco
depois derramou algumas
palavras de carinho,
mas, percebendo que
Nemésio estava
constrangido naquele
ambiente, convidou-o ao
regresso.
(Obra citada, 2ª parte,
capítulo VI, pp. 229 e
230.)
C. Ocorreu algum fato
que tenha agravado o
estado psíquico de
Marina e determinado sua
internação?
Sim. Ela foi vista pelo
senhor Torres – seu
amante – com Gilberto,
seu namorado e filho do
senhor Torres, no
momento em que se
beijavam. Gilberto nada
percebeu, mas ela sim.
Minutos depois, Marina
piorou, após ligeiro
delíquio, do qual voltou
francamente possessa. A
jovem gritava, chorava,
mordia-se, feria a si
mesma... Tentando
socorrer Marina, André
reconheceu que a
obsessão se instalara.
Os vampirizadores
trazidos por Moreira,
coadjuvados por outros,
haviam dominado, de
todo, a jovem
desprevenida e o choque
experimentado
esbarrondara-lhe as
últimas resistências.
Marina estava
hipnotizada, vencida,
dementada,
irreconhecível. O médico
determinou, então, sua
hospitalização imediata.
(Obra citada, 2ª parte,
capítulo VI, pp. 233 a
235.)
Texto para leitura
106. Márcia fica
perplexa com o caso
- Dona Márcia sentiu-se
perplexa, esmagada, e
não sabia em que pensar,
se no inusitado da
situação, se na
sagacidade da filha.
Reconheceu-se excedida
em astúcia, atirada para
trás. Imaginou também,
em fração de segundos, a
posição de Gilberto.
Como ele estaria,
arrebatado à outra?
Ficara muito claro que
Nemésio e Marina eram
amantes... Mas,
inferindo que as
qualidades do senhor
Torres, com os cabedais
financeiros de que
dispunha, não eram um
partido para desprezar,
Márcia ouviu tudo, tendo
um sorriso complacente
no rosto. Quando se
dispunha, no entanto, a
dizer qualquer coisa, o
telefone tocou. Era o
médico de Marita, em
aviso confidencial,
comunicando-lhe a piora
da filha. Se desejasse
vê-la, não atrasasse a
visita. Cláudio não
compreendia a gravidade
do problema e sonhava
com o reerguimento da
filha, mas, na
realidade, não havia
motivo para esperança.
Dona Márcia agradeceu e
fez-se pálida, a tal
ponto que Nemésio se
viu forçado a correr
para ampará-la.
Inteirando-se do
ocorrido, ele
ofereceu-se para
conduzi-la ao hospital,
aproveitando o ensejo
para cumprimentar a
jovem acidentada e levar
um abraço pessoal ao pai
de Marina. (2a
parte, cap. V, pp. 225 e
226)
107. Márcia visita
Marita pela primeira vez
- Valendo-se da
condução, André seguiu
igualmente para o
hospital, em objetivo de
serviço. Minutos
depois, o casal foi
recepcionado pelo
médico, que prestou à
dona Márcia todas as
informações relativas ao
estado da filha. Cláudio
os recebeu, entre sóbrio
e atento. A princípio, o
desconforto íntimo...
Depois, a conformação. O
senhor Torres
pareceu-lhe agora de
forma diferente. Na
verdade, eram os
ensinamentos
espíritas-cristãos que o
levavam a ver com outros
olhos o explorador de
sua filha. Recordou
Jesus e a lição da
primeira pedra... Se
Torres se entretinha com
uma jovem que lhe dava
liberdade, ele, Cláudio,
não vacilara em abusar
da própria filha, depois
de encantoá-la na
sombra, através de
embuste soez. Com que
direito assumiria, ante
a própria vítima
tombada, o papel de
censor? Concluiu então
que amigos espirituais
lhe traziam o negociante
detestado, a quem um dia
desejou esmurrar, para
experimentar a sua
renovação. Volveu,
depois, o olhar para a
esposa e não mais
encontrou em dona
Márcia a inimiga cordial
de tantos anos, mas um
coração insatisfeito,
cujos desastres haviam
sido provocados por ele
mesmo, logo após o
casamento. (2a
parte, cap. VI, pp. 227
a 229)
108. O estado de
Marita comove os
visitantes -
Cláudio recordou-se
naquele momento de como
se enfadara,
desapiedado, da esposa,
então menina cândida e
espontânea, tão-só por
vê-la disforme durante a
gravidez da qual
nascera Marina, e de
como transferira, na
direção de Aracélia, os
instintos de homem
selvagem. Desde o choque
em que se vira coagida a
criar duas filhas, em
vez de uma, a
personalidade real de
Márcia desaparecera.
Desequilibrara-se. E
ele, ao invés de
regenerar-se,
recuperando-a, jamais
regressara da caça de
aventuras. Como exigir,
assim, contas da mulher,
se devia acusar-se?
Prosseguindo nessas
reflexões, percebeu que
Márcia e Torres lhe
estranhavam a atitude.
Desse modo, para não
incomodá-los, olhou para
a filha desfigurada, que
somente as energias de
Moreira conjugadas com a
alimentação artificial
retinham no corpo, e
falou para Nemésio:
"Veja o senhor... Nossa
filha está muito mal..."
Os recém-chegados
fitaram, atônitos, a
jovem acidentada. Dona
Márcia sentiu-se
esmagada de assombro,
mesclado de piedade,
mas reprimiu-se. Torres,
muito nervoso e
evocando, com aquela
cena, a imagem de
Beatriz,
recém-desencarnada,
buscou Cláudio para
confortá-lo, mas deparou
com o pai de Marita, de
lenço ao rosto,
tentando sofrear, em
vão, o pranto que lhe
escorria abundante. Dona
Márcia aproveitou o
ensejo para transmitir a
Torres a versão do
acidente por ela
arquitetada. Cláudio
percebeu que Márcia
mentia para
impressionar o
visitante, mas não lhe
rebateu as afirmativas.
Limitava-se a chorar em
silêncio. Em vez de
indignação, sentia
apenas pena,
imaginando-se na
posição do viajante que
houvesse espalhado
farpas em todo o
caminho, por onde seria
fatalmente impelido a
regressar... Márcia
derramou, por fim,
algumas palavras de
carinho e, percebendo
que Nemésio estava
constrangido naquele
ambiente, convidou-o ao
regresso. (2a
parte, cap. VI, pp. 229
e 230)
109. Agrava-se o
problema de Marina
- Atendendo a instrução
de Félix, André
retornou com Torres e
Márcia, com vistas a
socorrer Marina, cujo
problema obsessivo se
agravava. Nemésio,
dominando-se, escolheu
caminho mais longo, em
marcha lenta. A tortura
de Cláudio suscitava-lhe
falsas impressões.
Cotejando-se com ele,
qualificava-se por homem
de rija têmpera que
assistira à morte da
própria esposa, sem
quebrar-se, ao passo que
Cláudio se derretia ao
pé de uma filha
adotiva... De vez em
vez, deitava olhares
furtivos para Márcia,
comparável à filha em
beleza e inteligência,
supondo que, certamente,
ela não seria feliz
junto daquele cavalheiro
chorão. Retomando,
assim, as
características
próprias, a pouco e
pouco olvidou a jovem
acidentada e o bancário
arrasado, que
classificava por maricão,
e começou a conversar
com Márcia, como se
aspirasse a despertá-la
para a ideia de que se
achava no automóvel sob
o patrocínio de alguém
compreensivo e vigoroso,
capaz de assegurar-lhe
euforia. Indagou-lhe,
então, se ela
frequentava os passeios
cariocas mais
estimáveis, referindo-se
aos almoços das
Paineiras, aos
piqueniques da Pedra do
Conde, aos banhos em
Copacabana, à vista
inigualável no Pico da
Tijuca... Márcia
conhecia todos esses
lugares, como a palma
das mãos, mas fez-se de
ingênua. Afetando-se
novata, em matéria de
experiências romanescas,
informou ter-se casado
muito nova e que, desde
então, a existência lhe
fora um suplício entre
escovões e panelas, com
a obrigação de tolerar
um marido resmelengo,
segundo ele próprio,
Nemésio, pudera
verificar. E
acrescentou, fitando-o
demoradamente, que havia
tempo vivia separada do
esposo, embora
continuassem sob o mesmo
teto. Nemésio entendeu a
insistência daqueles
olhares e experimentou
recôndita satisfação ao
ver-se requestado. A
futura sogra não lhe
desagradava. Não fosse
Marina – pensou – e não
hesitaria atraí-la a
convívio mais íntimo.
Não era, contudo,
conveniente
precipitar-se. (2a
parte, cap. VI, pp. 231
e 232)
110. Marina é
internada - A
convite de Nemésio, eles
almoçaram no Catete,
ocasião em que Márcia
falou o possível, no
intuito de cativar o
companheiro.
Agradeceu-lhe, então, o
devotamento à filha e
pediu-lhe permissão para
assinalar que a moça era
demasiado jovem e, por
isso, temia pela
inexperiência dela...
Ficava evidente, no
entanto, que entre
ambos a relação afetiva
estava selada, apesar de
todos os itens do acordo
se evidenciarem por
entrelinhas, suspiros e
reticências. A prova
disso é que, quando
Nemésio retomou o
volante, admitiu-se
visitado mentalmente
pela imagem de Márcia.
Fugindo-lhe à
influência, opunha-lhe a
figura de Marina e, por
causa disso, ao entrar
em casa, estava decidido
a ver a jovem. Foi assim
que tomou o pijama,
calçou os chinelos
silenciosos e, absorto,
andou, de manso, na
direção do quarto em que
pretendia surpreendê-la
e dissipar os
pensamentos intrometidos
que Márcia lhe
suscitara. Empalmando,
de leve, a maçaneta,
abriu a porta, sem
ruído, mas a cena que
viu quase o levou ao
chão, tal seu assombro,
visto que Gilberto e
Marina se beijavam em
amplexo apaixonado,
efusivo. De costas para
a porta, o filho não viu
o pai, mas Marina,
situada de frente,
cruzou o olhar com o
dele, viu-lhe o rosto
crispar-se e desmaiou.
Foi tudo muito rápido.
Nemésio retirou-se, à
maneira de um cão
espancado, arrastando-se
em terrível asfixia.
Estava arrasado e tomado
por ponderações
contraditórias que lhe
varavam o cérebro. Como
deslindar o enigma
doloroso? Gilberto
abusara da moça
enfraquecida ou ela
dividia-se pelos dois?
Buscou, então,
erguer-se, mas, como se
houvesse recebido uma
pedrada no coração, o
peito doía-lhe muito e
ele, suando frio,
sufocava-se. Depois de
um quarto de hora,
Gilberto, que ignorava
por completo a angústia
do pai, veio
comunicar-lhe que
Marina piorara, após
ligeiro delíquio.
Voltara da síncope
francamente possessa.
Gritava, chorava,
mordia-se, feria a si
mesma... Pousando nele
os olhos magoados,
Nemésio pediu ao rapaz
comandasse as medidas
necessárias. Chamasse o
médico, telefonasse para
dona Márcia, insistisse
com a genitora para
vir... Tentando socorrer
Marina, André reconheceu
que a obsessão se
instalara. Os
vampirizadores trazidos
por Moreira, coadjuvados
por outros, haviam
dominado, de todo, a
jovem desprevenida e o
choque experimentado
esbarrondara-lhe as
últimas resistências.
Marina estava
hipnotizada, vencida,
dementada,
irreconhecível. O médico
determinou a
hospitalização imediata.
Cláudio foi avisado, sem
ser inteirado por Márcia
de toda a verdade sobre
a filha. Gilberto estava
atarantado e infeliz,
mas Nemésio, dois dias
depois, já permutava
confidências com Márcia,
cultivando consolações
um no outro. (2a
parte, cap. VI, pp. 233
a 235)
(Continua no próximo
número.)