O princípio do
bem
& o horror ao
mal
Para armazenar
amor no coração
é indispensável
ampliar as
fontes da
piedade
“Ó estúpido
amor-próprio,
tola vaidade e
louco orgulho,
quando sereis
substituídos
pela caridade
cristã, pelo
amor ao próximo
e pela humildade
que o Cristo
exemplificou?” –
Um Espírito
Amigo
Há que se
caminhar com
tranquilidade e
fé na senda
evolutiva, vez
que os percalços
são muitos e
quase impérvios
os caminhos...
No início da peregrinação evolutiva,
o Espírito é
envolvido na
vertigem do
instinto.
Depois, mais
corrompido e
experiente,
desborda-se nas
paixões chãs e,
no decorrer dos
evos, cada um é
o somatório
dessas mesmas
paixões
cultivadas,
sendo o
acentuado e
estúpido amor-
próprio, a
vaidade, o
orgulho e o
egoísmo – pai de
todos os vícios
– os corolários
naturais desse
caldo cultural
insano... Por
isso mesmo,
quando
despertamos do
sono ancestral,
entram em
conflito os dois
homens: o velho
e o novo. “E
nem poderia ser
diferente” –
informa Joanna
de Ângelis,
e continua:
“(...) Chocam-te
as atitudes de
beligerância
entre os
companheiros e
aturdem-te
reações que os
levam a assumir
posições danosas
ao trabalho.
Muitos, ainda
ontem,
opunham-se
tenazmente ao
que ora aceitam
e a transição
mental de uma
para outra ideia
ou opinião nem
sempre se faz
acompanhada por
uma real mudança
de atitude e de
comportamento.
Há quem se
afervore a um
serviço, desde
que esse esforço
o promova;
muitos apoiam as
realizações
somente quando
elas os
beneficiam;
inumeráveis
trabalhadores
apenas cooperam
com aqueles que
se lhes submetem
ao talante...
Sê tu quem
ajuda, sem
condições nem
exigências.
Coloca o
combustível da
paciência e do
amor na chama
que arde no teu
sentimento
espírita e
prossegue.
Ninguém é
obrigado a
ajudar-te nem a
compreender-te.
Tu, no entanto,
deves a todos
auxiliar e
entender.
Desde que já
consegues
superar um pouco
as tuas
limitações e
dificuldades,
faze-te o
companheiro dos
outros,
ensinando sem
palavras o que
se deve fazer,
como fazer e
para que fazer o
bem sem
descanso”.
Os Benfeitores Espirituais informaram
ao insigne
Codificador da
Doutrina dos
Espíritos ser
“preciso que o
princípio do Bem
e o horror ao
mal morem no
coração do
homem”.
Nesse passo, a magna lição do
“argueiro e da
trave”
oferecida por
Jesus é de vital
importância para
quantos estejam
dispostos a
vencer a batalha
contra o
“homem velho”
ergastulado no
lado sombra de
todos nós e,
consequentemente,
vencer também o
egoísmo e seu
terrível séquito
de caudatários
que se aninham
no coração
imobilizando-o
para os tentames
do amor e da
ascensão
espiritual. O
começo dessa
verdadeira
guerra está em
“trabalhar”
as emoções. O
Espírito Hammed
nos indica o
roteiro: “(...)
As emoções devem
ser
‘integradas’,
ou seja,
primeiramente,
devemos nos
permitir
‘sentir’;
logo após
devemos
julgá-las e
‘pensar’
sobre nossas
necessidades ou
desejos em pauta
e, a partir de
então, ‘agir’
com
livre-arbítrio,
executando ou
não, conforme
nossa vontade
achar
conveniente.
O mecanismo de nos ‘consentir’,
de
‘raciocinar’
e de
‘integrar’
emoções,
determinará
nossos êxitos ou
nossas derrotas
frente às
estradas de
nossa
existência.
As emoções são muito importantes,
visto que é
através delas
que nos
individualizamos
e nos
diferenciamos
uns dos outros.
Ninguém sente,
pois, exatamente
igual, isto é,
com a mesma
potência e
intensidade,
seja no
entusiasmo
frente a uma
situação
prazerosa, ou na
frustração ao
observar uma
meta perdida.
Podemos pensar
igual aos
outros, mas para
um mesmo
pensamento,
criaturas
diversas têm
múltiplas
reações
emocionais.
Assim considerando, as emoções não
são certas ou
erradas, boas ou
impróprias, mas
apenas energias
que dependem do
direcionamento
que dermos a
elas.
Reconhecê-las ou
admiti-las não
significa, de
maneira alguma,
que vamos sempre
‘agir’ de
acordo com elas.
Em face dessa conjuntura, quando
negadas ou
reprimidas, não
desaparecem como
por encanto,
mas, por serem
energias, quando
reprimidas, elas
se alojarão em
determinados
órgãos e
congestionarão
as entranhas
mais íntimas da
estrutura
psicossomática
dos indivíduos.
Ao abafarmos as emoções, podemos
gerar uma grande
variedade de
doenças
autodestrutivas.
Abafá-las pode
também nos levar
a reações mais
exacerbadas ou à
completa
ausência de
reações, à
apatia...
Portanto, quando
tomamos amplo
contato com
nosso lado
emocional,
começamos a
reconhecer
vestígios a
respeito de nós
mesmos, que nos
proporcionarão
uma
autodescoberta,
autopreservação,
segurança íntima
e crescimento
pessoal.
Ao ignorarmos nossas reações
emocionais, não
investigando sua
origem em nós
mesmos, teremos
sempre a
tendência de
‘projetá-las’
nos outros.
Às vezes, tentamos fazer nossas
emoções
desaparecerem,
porque as
tememos.
Reconhecer o que
realmente
sentimos
exigiria ação,
mudança e
decisão de nossa
parte, e, muitas
vezes, seríamos
colocados face a
face com as
verdades
inadmissíveis e
inconcebíveis
por nós mesmos,
portanto,
tentamos
projetá-las como
sendo emoções
não nossas, mas,
sim, dos outros.
Em razão disso, certos indivíduos
condenam
veementemente os
‘ciscos’
nos outros, e
somente veem em
tudo luxúria e
perversão,
desonestidade ou
ambição. É
possível que
esses mesmos
indivíduos
estejam
reprimindo o
reconhecimento
de que eles
próprios trazem
consigo emoções
semelhantes às
que condenam.
Na lição do ‘argueiro e da trave’,
Jesus
reconhecia a
universalidade
desse processo
psicológico, a
‘projeção’
e, como
sempre,
asseverava a
necessidade da
busca de si
mesmo, para não
transferirmos
nossos traços de
personalidade
desconhecidos às
coisas, às
situações e aos
outros. O Mestre
nos inspirava ao
mergulho em
nossa própria
intimidade, a
fim de que
pudéssemos
enxergar o
‘lado obscuro’
de nossa
personalidade.
Ao tomarmos esse
contato
imprescindível
com nossas
‘sombras’, a
consciência do
ser se torna
mais lúcida,
crítica e
responsável,
descortinando
amplos e novos
horizontes para
o seu
desenvolvimento
e plenitude
espiritual.
Finalizando, atentemos para a
análise: as
condutas alheias
que mais nos
irritam são
aquelas que não
admitimos estar
em nós mesmos.
Os outros nos
servem de
espelho, para
que realmente
possamos nos
reconhecer”.
Quando aquela turba estava prestes a
linchar pelo
apedrejamento a
pobre mulher
flagrada em
adultério, Jesus
desarmou a
todos,
simplesmente
fazendo as
criaturas ali
presentes
mirarem a imagem
que o espelho do
lado sombra de
cada um deles
refletia. E
quando
mergulhamos em
nosso lado
sombra, não
ficamos nada
lisonjeados com
a visão que
temos. Daí a
completa
impossibilidade
de arbitrar
sobre os erros
alheios. Que
cada um ‘dê
conta de sua
própria
administração’,
conforme o
aconselhamento
paulino.
Mudemos o enfoque de nossa visão e
mantenhamos o
corcel das
paixões e
emoções
devidamente
subjugado pela
férrea vontade
de crescer
espiritualmente,
abandonando em
definitivo os
pântanos e
lodaçais
rasteiros,
alcandorando-nos
na direção dos
Cimos Gloriosos
da Emancipação
Espiritual
definitiva,
repetindo em
uníssono com
Jesus: “Eu
venci o mundo”.
Substituamos
“o estúpido
amor-próprio, a
tola vaidade e o
louco orgulho,
pela caridade
cristã, pelo
amor ao próximo
e pela humildade
que o Cristo
exemplificou”,
agasalhando
no coração o
princípio do bem
que gerará o
horror ao mal.
Segundo Neio
Lúcio,
“(...) Quem
procura o Sol do
Reino Divino há
de armar-se de
amor para vencer
na grande
batalha da luz
contra as
trevas. E para
armazenar o amor
no coração é
indispensável
ampliar as
fontes da
piedade”.
- KARDEC, Allan.
O Evangelho
segundo o
Espiritismo.
129. ed. Rio [de
Janeiro]: FEB,
2009, cap. XII,
item 13, § 2º.