A poesia perdida
Manuel Quintão
O Consolador é a
onipresença de
Jesus na Terra.
Ao influxo da
Benemerência
Celeste, ele
asserena os
gestos
impensados das
criaturas que
gemem esporeadas
pelas provações;
aplaca os gritos
blasfemos que se
elevam de muitas
bocas com
requintes
insaciáveis de
orgulho;
recompõe os
rostos
incendidos pelo
fogo de
multifárias
paixões e
soergue os
proscritos do
remorso que se
escondem nas
dores
devoradoras,
desmemoriados na
retificação que
o destino lhes
retraça.
O Consolador
Prometido!...
Sursum corda!
Res, non
verba!...
Seguindo-lhe os
ditames, jamais
desfeches o alvo
em mira, pois os
olhos voltívolos
não podem fixar
os painéis
vislumbrados nos
cimos.
Recorda que
todas as cenas
humanas têm seus
bastidores
espirituais. Se
vives em ânsia
de paz interior,
sustém o império
sobre ti mesmo.
Espaneja em ti a
carusma dos
preconceitos que
te dançam na
mente, qual
poeira de
sombra,
entenebrecendo-te
a razão.
Recoloque os
ideais com novas
tintas de
alegria,
esperança e
coragem, no
combate aos
erros bastas
vezes milenares.
Estende um
pensamento bom
aos cépticos
transviados no
dédalo das
indagações
contraditórias,
ferretoados no
duelo interior
da dúvida.
Foge à voz
bramidora da
censura para que
os teus lábios
festejem os
ouvidos alheios
com expressões
de conselho e
acentos de
consolo. Borda a
palavra com
doçura e repete
mansamente a
própria bênção
quando a tua voz
se perca entre
os clamores dos
que passam a
vociferar
rebeldia e
avançam
espavoridos por
veredas em
chamas.
Socorre a mães
desditosas,
cujos filhinhos
doentes vertem
lágrimas a se
transmutarem nos
livores
macilentos da
morte. Afaga, ao
calor das frases
de fraternidade
revigoradora, as
têmporas
encanecidas e
latejantes que
te suplicam
algum óbolo de
carinho.
Desfaze o véu do
pranto de agonia
de quem chora às
ocultas, no
sarcófago das
trevas de si
mesmo. Derrama
preces
confortativas
entre os
peregrinos da
morte que não se
resguardaram
para a Grande
Viagem e
carreiam o
coração em
atropelos, de
espanto a
espanto, ante a
perpetuidade da
vida.
Em toda estrada
vicejam
alfombras de
sorrisos e
chovem lágrimas
de aflição, mas
o amor, com o
Cristo-Jesus,
recupera a
poesia perdida
ao longo do
nosso caminho,
pois só ele
transforma o
miasma em
perfume, o
incêndio em luz,
o espinho em
flor, o deserto
em jardim e a
queda em
ascensão.
Do cap. 22 do
livro O
Espírito da
Verdade,
obra
psicografada
pelos médiuns
Chico Xavier e
Waldo Vieira, de
autoria de
Espíritos
diversos.