Amor...
perseverança...
educação
Lar Infantil
Marília Barbosa
comemora 60 anos
“Deixai vir a
mim as
criancinhas, e
não as impeçais;
porque o reino
dos céus é para
aqueles que se
lhes
assemelham.”
– Jesus
(Evangelho de
Marcos, cap. X.)
Os heróis estão
muitas vezes a
nosso lado, sem
serem notados.
Despertam e agem
de modo
valoroso,
sobressaindo,
quando sua ajuda
se torna
primordial,
necessária.
Mostram então
seu brilho,
mostram por que
vieram, seus
feitos se tornam
lembrados.
Aqueles que
foram
beneficiados
jamais se
esquecem.
Agigantam-se,
agindo de modo
correto, na hora
exata. Comovem,
emocionam.
Tornam-se
exemplos a serem
seguidos. O
maior deles é
Jesus, a quem os
Espíritos, na
questão 625 de
“O Livro dos
Espíritos”,
nomeiam como o
modelo e guia a
quem devemos
adotar. O herói
é assim: por
amor, age; por
amar, comove.
Há alguns dias,
conversávamos
com uma jovial
amiga, que tem
um excelente
humor. Foi uma
das primeiras
meninas do Lar
Infantil Marília
Barbosa, de
Cambé, que no
dia 29 de março
completará 60
anos! Ela nos
contou que
naquela época,
bem no início,
cerca de 80
meninas dormiam
no imenso quarto
do lar destinado
a elas.
Aconteciam
muitos fenômenos
de efeitos
físicos ali,
provocados por
Espíritos
infelizes,
infantis, que
queriam
prejudicar a
obra em curso.
Ela nos disse
que aqueles
fenômenos as
marcaram muito,
porque elas
morriam de medo!
Eram crianças!
Os Espíritos
puxavam seus
cabelos!
Arrancavam suas
cobertas,
jogavam-nas no
chão, fora das
camas! Elas
ficavam tão
amedrontadas,
que era
necessário que
alguém em quem
confiassem
dormisse
naqueles dias lá
no quarto, com
elas. Hugo ou
Dulce Gonçalves
lá ficavam, o
“paizinho” e a
“mãezinha” que
as amavam,
cuidavam delas,
educavam-nas.
Muitas vezes,
Hugo Gonçalves,
médium vidente,
pedia-lhes que
não se
assustassem, mas
o ajudassem com
oração e fé, que
era um Espírito
que ali estava e
que seria
amorosamente
levado pelos
benfeitores da
casa. Dito e
feito. Tudo se
acalmava, a
confusão
passava, os
fenômenos
cessavam.
Algumas ainda se
cobrem
firmemente,
todas as noites,
até hoje, mesmo
já avós e com
conhecimento
espírita, uma
sequela dos
sustos daquela
época.
Ao ouvirmos esse
relato, pensamos
nesse trabalho
heroico de
abnegação, amor
e renúncia quase
que total, que
foi a escolha de
vida de Hugo e
Dulce Gonçalves.
Quem tem filhos
sabe que não é
fácil educar uma
criança. É
preciso muito
amor,
disciplina,
cuidados,
renunciar a si
mesmo
constantemente.
Hugo e Dulce
tiveram dois
filhos
biológicos, que
hoje são o
esteio do Lar
Infantil. No
lar, como pai e
mãe, tiveram 400
filhas! Filhas
alheias, que
eles tornaram
suas próprias
filhas. Foram
seu “paizinho” e
“ mãezinha” e
assim eram
chamados e
continuam sendo
assim chamados
em Cambé.
Deixaram de si
pelos que deles
necessitavam.
Atitude dos
heróis. Foram os
amorosos heróis
do Espiritismo,
que deixaram um
rastro de amor
na cidade de
Cambé.
O nome do Lar
Infantil foi
inspirado na
obra
de Marília
Barbosa
O Lar Infantil
Marília Barbosa
completa neste
mês 60 anos.
Dulce Gonçalves
foi a mãezinha
amada e
amiga de todos,
à frente do lar,
até desencarnar
no dia 19 de
maio de 2003.
Este ano serão
10 anos sem sua
presença física,
mas ela não é
esquecida.
Aqueles que amou
não a esquecem e
aqueles que a
amaram também
não. Hugo
Gonçalves, que
sempre a
presenteava com
uma rosa, todos
os dias, no café
da manhã, mesmo
agora, sem sua
presença física,
mas honrando-lhe
o espírito,
continua a
fazê-lo. Hoje
ele está com 99
anos! Continua
firme,
“pedalando a
bicicleta, para
ela não cair”,
diz ele.
60 anos! Uma
história!Tudo
começou com a
grandeza de
outro herói:
Luiz Picinin, um
cristão sincero,
um verdadeiro
espírita. Ao
visitar Nova
Iguaçu, no Rio
de Janeiro,
encantou-se com
o Lar de Jesus,
amorosamente
dirigido pela
bondosa
professora
Marília Barbosa,
esposa do grande
espírita
brasileiro
Leopoldo
Machado. Foi ela
quem, pensando
na autoestima
das crianças, a
quem amava,
retirou do nome
da instituição a
palavra
orfanato,
colocando no
lugar o nome
lar. Era sua
casa, seu lar.
Picinin voltou
para Cambé com a
cabeça
fervilhando...
Havia muitas
crianças
precisando de um
lar por aqui. As
dificuldades
econômicas eram
enormes naquela
época, em que
famílias se
deslocavam para
a região com
sonhos de
riqueza e
acontecendo o
contrário.
Envolto em
entusiasmo, após
ver a obra de
Marília,
idealizou o lar
infantil,
erguendo-o com a
ajuda dos amigos
espíritas da
cidade e
dando-lhe o
sugestivo nome
de Marília
Barbosa,
homenagem justa
a quem inspirou
a obra.
A primeira
diretora, uma
bondosa senhora,
Dona Soledade,
ficou pouco
tempo,
desencarnou em
poucos meses.
Picinin
precisava de um
administrador
para o lar
infantil. Foi
então inspirado.
Hugo Gonçalves
administrava na
época uma grande
fazenda, no
patrimônio
Içara, na região
de Astorga, não
muito longe de
Cambé. Era
excelente
administrador.
Estivera
presente na
inauguração do
lar infantil,
numa grande
festa a que
compareceram
diversos
espíritas do
Brasil. Era ele!
Picinin começou,
então, a
visitá-lo,
propondo-lhe a
ideia de ir para
o lar infantil.
Ele e Dulce
assumiriam o
lar. Ele
insistiu, em
idas e vindas,
até que
conseguiu. Hugo,
Dulce e seus
dois filhos
vieram para
Cambé no mesmo
ano da
inauguração,
1953. Tornou-se
ele o paizinho,
ela a mãezinha.
Dedicaram-se
para sempre, ela
por cinquenta
anos, até 2003,
quando
desencarnou;
ele, até hoje.
Picinin e Hugo
foram muito
amigos. Seu
esforço fez
crescer o
Espiritismo no
Norte do Paraná.
Hoje 105
crianças
frequentam o
Lar
Infantil Marília
Barbosa
O tempo passou.
60 anos
passaram! Isso
não é pouca
coisa. Hugo
Gonçalves, aos
99 anos, ainda
faz a prece de
despedida das
reuniões
públicas do
Centro Espírita
Allan Kardec, de
Cambé, vinculado
ao lar infantil.
Continua
heroicamente
presente, amado
por todos,
cercado por
todos. Colhe os
frutos de sua
semeadura de
amor. As meninas
dos primeiros
tempos, hoje
avós, muitas
delas, outras
não, algumas
ainda jovens, o
cercam de amor,
chamam-no de
pai, cuidam
dele. Fazem a
comida de que
ele gosta,
cercam-no de
carinho, cuidam
de suas amadas
flores,
retribuem o que
receberam. O que
ele pede, fazem.
Suas noras
também. Todos
querem
agradá-lo.
Mudanças
aconteceram
nestes últimos
tempos. O
governo
modificou as
coisas. Os lares
infantis de
antes agora são
centros
educacionais. As
crianças, de
ambos os sexos,
ficam neles para
os pais poderem
trabalhar e
voltam com eles
para casa, no
final da tarde.
Hugo continua
presente no lar.
Conta-nos,
feliz, que certo
dia um menino,
de cerca de
cinco anos, lhe
disse: – Vô,
quero um beijo
aqui. E mostrou
a testa. Hugo se
abaixou e
beijou-o
docemente no
rosto. – Aí não,
vô, aqui!
Insistiu o
menino,
mostrando a
testa. Ele se
abaixou de novo
e beijou-lhe a
testa. Quando
ele se ergueu, o
lar inteiro
estava em fila,
pedindo a mesma
coisa! Ele teve
que se abaixar e
dar mais de 100
beijos!
Hoje são 105
crianças no Lar
Infantil Marília
Barbosa. Ali
elas ficam até
os seis anos.
Aprendem noções
básicas de
leitura, escrita
e raciocínio
lógico, contando
com oito
professoras,
todas pedagogas
e formadas no
magistério.
Depois dessa
idade vão para
as escolas de
ensino
fundamental.
Há 10 anos Dulce
se retirou da
Terra e, desde
então, sua neta,
Dulcene
Gonçalves Alves,
que é pedagoga e
psicopedagoga,
assumiu a
coordenação
pedagógica do
lar infantil e,
apesar de Hugo
ainda ser o
diretor-presidente,
a direção na
prática é dela.
Tarefa bela e
difícil!
Pesa-lhe nos
ombros um fardo:
ser tão boa
quanto o foram
seus avós! Ser
tão amorosa como
eles o foram! Um
dia ser tão
lembrada pelos
rastros de amor
como eles o são!
Tarefa de amor e
sacrifício, de
renúncia e
abnegação. Que
ela siga Jesus e
Kardec,
espelhando-se em
seus amados avós
e que passe
esses exemplos
de amor e
gentileza para
as crianças do
lar, pois o
mundo precisa de
adultos
amorosos, que
mudarão a Terra.
Essas crianças,
educadas com
amor, levarão
consigo o que
aprenderem e
lembrarão um dia
que passaram
pelo lar Marília
Barbosa, numa
época que foi a
melhor de suas
vidas!
Que a bandeira
do Espiritismo
”Deus, Cristo,
Caridade”,
idealizada por
Allan Kardec,
continue
tremulando
espiritualmente
no Lar Infantil
Marília Barbosa,
pois ela se
manteve firme e
luminosa, sob o
comando de Hugo
e Dulce, após o
chamamento de
Luiz Picinin.
Que o amor seja
sempre vivido
nesse lar e que
aqueles que por
ali continuarem
passando, ao
longo de muitos
anos, sejam
verdadeiros
cristãos.
“Meus discípulos
serão conhecidos
pelo amor que
dedicarem uns
aos outros”,
disse Jesus.
Ele aguarda por
nós. Feliz
aniversário, Lar
Infantil Marília
Barbosa! Paz!
União! Trabalho!
Um dia todos
teremos passado
também por aqui.
Mas o que
aprendemos, o
que fizemos e o
nosso legado de
boas obras, amor
e paz,
permanecerão!
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