Comentando o mal
"Lembre-se de que o mal
não merece comentário em
tempo algum."
André
Luiz.
Já imaginaram o que
seria dos jornais nas
televisões se essa
orientação de André Luiz
fosse seguida? Muita
gente diz que
determinados noticiários
fazem escorrer sangue
pelo aparelho, mas não
se dá conta de que os
responsáveis são as
pessoas que os alimentam
sintonizando com esse
tipo de noticiário. Sim,
porque, se não atraíssem
público, não renderiam
os lucros dos
patrocinadores desse
tipo de programas.
De tal maneira que somos
responsáveis na medida
em que acolhemos esse
tipo de noticiário e
sentimos uma espécie de
prazer mórbido com eles.
Isso fica muito bem
evidenciado quando
ocorre um acidente de
trânsito e várias
pessoas se aglomeram
para assistir ao
desenrolar dos fatos.
Existe uma espécie de
prazer doentio em
assistir à chegada do
socorro médico e das
autoridades de trânsito
que aquele acontecimento
exige. O que fazem os
noticiários das
televisões ou outros
veículos de comunicação?
Levam o “prato pronto”
para o interior de
nossos lares com a nossa
permissão.
Existe muita coisa boa
acontecendo no mundo sem
nenhuma dúvida. Por que
não sofrem divulgação
intensa como as
tragédias? Quem gosta de
parar e contemplar um
acidente, provavelmente
também gostará de ver os
detalhes de um acidente
em seu aparelho de
televisão, ou no jornal
que assina, ou na
estação de rádio que
sintoniza. E isso é
muito ruim. Muito mais
do que possamos
imaginar. Estabelecemos
nesses minutos de
atenção uma sintonia
perigosa com o
pessimismo, atraindo as
companhias encarnadas e
desencarnadas que se
afinam com esse
sentimento. Por isso
André Luiz é taxativo: o
mal não merece
comentário em tempo
algum!
Um dos exemplos recentes
desse tipo de
comportamento foi o
noticiário sobre os
acontecimentos ocorridos
em Newtown, no estado de
Connecticut, em que um
jovem matou a própria
mãe, pegou suas armas e
foi até sua antiga
escola, Sandy Hook,
tendo matado vinte
crianças com idade entre
6 e 7 anos, além de seis
adultos que tentaram
salvar os alunos.
Desde 1982, houve 62 (!)
crimes como esse nos
Estados Unidos. Doze em
escolas. As teorias para
explicar essas tragédias
são várias: filmes
violentos, videogames
violentos, acesso fácil
a armas naquele país
etc. Seja qual seja a
causa ou os vários
fatores responsáveis por
esses acontecimentos, o
principal não está sendo
feito que é exatamente a
não divulgação do mal.
Isso porque mentes que
abrigam desequilíbrios
em potencial, ao ver a
divulgação que o mal
alcança, podem se sentir
estimuladas a repetir o
fato de alguma maneira.
São mentes enfermas. Não
raciocinam como a
maioria. Nessas cabeças
doentes, se o assassino
foi mostrado para o
mundo através dos
noticiários da televisão
alcançando a fama fugaz
de alguns minutos, mesmo
pagando o preço da
própria vida, ele, o
criminoso em potencial,
também poderá desejar
ser alvo dessa
divulgação infeliz,
dessa fama lamentável.
Não podemos nos esquecer
que são mentes
portadoras de patologias
que se sentirão
estimuladas a seguir o
caminho amplamente
noticiado.
Vamos a um exemplo
corriqueiro e mais fácil
de ser entendido. Você
está na sua sala
assistindo a um
determinado programa de
televisão de sua
preferência. Seu filho
pequeno está ali
presente, brincando ao
seu lado. De repente, em
um dos intervalos, entra
a propaganda de uma
determinada bebida
alcoólica com mulheres
bonitas e homens
“sarados”. Seu filho vê
esses anúncios. Você
acha que não tem
importância porque ele é
pequeno e não entende
nada. Só que ele absorve
a mensagem de que aquela
bebida traz felicidade
para todo aquele pessoal
alegre que participa da
propaganda exibida. Mais
tarde, quando adulto,
diante de uma bebida, a
mensagem vem à tona na
mente do seu filho. E
ele pode querer
experimentar beber para
ser feliz como os jovens
do filme a que assistiu
quando brincava ao seu
lado “inocentemente” na
sala de televisão.
Percebeu o perigo das
mensagens quando
portadoras de
determinadas
informações? Agora
imagine esse tipo de
noticiário quando
alcança uma mente
adulta, mas portadora de
determinado
desequilíbrio! Por isso,
mais uma vez, André Luiz
está coberto de razão: o
mal não merece
comentário em tempo
algum. Aliás, no livro
Nosso Lar,
capítulo 34, quando
André conversa com uma
recém-chegada à Câmara
de Retificação, recebe
uma advertência fraterna
de Narcisa, a
responsável pelo local,
exatamente quando ele
entabula conversa com o
Espírito resgatado de
zonas de sofrimento,
procurando entrar em
detalhes daquilo que lhe
ocorrera. Narcisa é
taxativa ao fazer duas
afirmativas em forma de
advertência sobre as
informações que André
procura: André, meu
amigo, você esqueceu que
estamos providenciando
alívio a doentes e
perturbados? Que
proveito lhes advém de
semelhantes informações?
E, logo depois:
Não comente o mal. Já
sei tudo que lhe ocorreu
de amargo e doloroso.
Descanse, pensando que
vou atendê-la.
Diante desses
noticiários que ocupam
demasiado espaço nos
diversos tipos de
imprensa em nosso país e
no mundo, que tal, pelo
menos nós espíritas,
seguirmos as orientações
de Narcisa a André Luiz,
fechando o nosso jornal,
ou mudando de sintonia
nosso rádio ou aparelho
de televisão?