Atendimento
Fraterno
O Atendimento
Fraterno que
hoje se faz nos
centros
espíritas já era
praticado há
muitas décadas,
mas dedicado
apenas a
Espíritos
desencarnados,
nas reuniões
mediúnicas,
chamadas de
desobsessão
ou de
doutrinação.
Àquele tempo, o
exercício
mediúnico era
também voltado
aos trabalhos de
materialização,
em que se
corporificavam
Espíritos e eram
movimentados
objetos,
transportadas
flores, etc.
Havia também a
prática
mediúnica
voltada a curas
físicas e, em
menor escala, à
psicografia.
A doutrinação de
Espíritos
situava-se mais
no campo
filosófico,
sectário, com
vigorosa
argumentação
doutrinária,
distante da
pregação dos
chamamentos do
Evangelho.
Praticava-se um
esforço de
convencimento
pela razão que,
muitas vezes,
não tocava o
coração, embora
fossem citados
pontos do
Evangelho. Às
vezes, o diálogo
chegava às raias
de verdadeiro
debate
acalorado, como
se fosse uma
disputa política
ou uma discussão
acadêmica.
Mas, com o
passar do tempo,
o entendimento
dos
trabalhadores da
seara mediúnica
evoluiu muito,
principalmente
depois da obra
de Chico Xavier,
na qual se
sobressai a
literatura de
André Luiz e de
Emmanuel.
Em verdade, a
obra de André
Luiz ainda não
foi
suficientemente
avaliada, porque
não tem sido
estudada em
profundidade, a
não ser em
grupos que
promovem
seminários,
encontros, etc.
Em toda a série
de seus livros,
têm-se
esclarecimentos
quanto à prática
mediúnica e à
necessidade do
esforço pessoal
do trabalhador,
no sentido de
capacitar-se a
levar as
verdades do
Evangelho ao
Espírito
necessitado, não
só através de
citações dos
ensinamentos de
Jesus, mas da
exemplificação
do esforço de
vivência do
médium e do
doutrinador.
Nas reuniões
mediúnicas,
aquele que
antigamente era
abordado como
obsessor,
perseguidor,
hoje é visto
como um irmão
necessitado de
esclarecimento,
de ser
beneficiado com
as luzes dos
ensinamentos de
Jesus.
Hoje, o
doutrinador
desceu da
cátedra de onde
ensinava o
caminho do bem
através de
arrazoados
filosóficos e de
citações
evangélicas,
para falar ao
irmão
equivocado,
carente de
compreensão, de
amparo, de
carinho, embora
se mostre,
muitas vezes,
rebelde,
imprudente,
atrevido. O
entendimento de
hoje leva-nos a
olhar o obsessor
não como um
perseguidor
implacável, um
criminoso, mas
como um irmão
equivocado e
doente, a
requerer
atenção,
respeito,
bondade e
carinho.
Perseguidor e
perseguido não
mais são vistos
como algoz e
vítima, mas como
irmãos que se
desavieram no
passado, os
quais deverão
ser beneficiados
pelas luzes do
Evangelho.
Essa compreensão
mais avançada
deve também
iluminar aqueles
que se dedicam à
atividade de
atendimento
fraterno a
encarnados,
prática que se
tem tornado
comum nas casas
espíritas. É
imprescindível
um esforço
constante no
Bem, da parte
daquele que se
propõe a ajudar:
conscientização
de que, embora
não seja um
santo acabado,
deve manter um
contato íntimo
com a oração,
deve promover
esforços no
campo do
autoaprimoramento,
da disciplina,
da obediência.
Aquele que se
propõe a ouvir e
ajudar um irmão
necessitado deve
esforçar-se
continuamente na
busca do
desenvolvimento
da bondade, da
tolerância, da
benevolência, da
humildade e da
compaixão.
Essa
conscientização
permanente fará
com que o
atendente tenha
a palavra
carregada de
energia
positiva, aquela
emanada da
convicção
profunda e do
coração voltado
ao Bem, pois
assim suas
palavras serão
revestidas de
uma energia que
tocará fundo o
entendimento do
interlocutor,
não
representando
apenas posição
intelectual, mas
vibração sincera
de Amor.
Essa condição
essencial para o
trabalho de
evangelização é
colocada em
relevo pelo
Instrutor
Alexandre: O
companheiro que
ensina a
virtude,
vivendo-lhe as
grandezas em si
mesmo, tem o
verbo carregado
de magnetismo
positivo,
estabelecendo
edificações
espirituais nas
almas que o
ouvem. Sem essa
característica,
a doutrinação,
quase sempre, é
vã.
(Missionários da
Luz, cap. 18)
A força da
convicção, do
equilíbrio e do
amor daquele que
fala, que
doutrina, foi
sentida por
Mateus, que a
registra no
último versículo
das suas
anotações de O
Sermão da
Montanha:
E sucedeu que,
concluindo Jesus
este discurso,
as turbas
estavam
maravilhadas com
seu ensino, pois
estava ensinando
a eles como quem
tem autoridade e
não como os
escribas deles.
(Mt, 7: 28 e 29)