Velhice
“O medo da velhice é
muito cruel, tornando-se
um verdadeiro tormento
para quantos não
consideram a existência
física na condição de
uma jornada de breve
duração, por mais longa
se apresente, passando
por estágios bem
delineados desde o berço
até o túmulo.” – Joanna
de Ângelis.
O único recurso de não
se chegar à velhice é
desencarnar logo. Viver,
fisicamente, pouco.
Alguém prefere essa
alternativa? Creio que
essa opção não faz parte
do desejo de nenhum
jovem. Então, o jeito é
envelhecer. Isso, quando
possível, evidentemente.
A revista VEJA,
edição 2306, página 26,
traz um artigo de uma
conhecida escritora
sobre o assunto.
Reproduziremos um trecho
para, depois,
analisarmos à luz dos
ensinamentos espíritas a
chamada “melhor idade”.
Muitos a consideram, na
realidade, a pior idade.
Quem estaria com a
razão? Vamos lá.
“A vida é um rio que
corre. Nós somos os
peixes, galhos e folhas
caídas das árvores que
essa torrente leva. Se
pensarmos assim,
imaginando que vamos
desaguar no estranho e
silencioso nebuloso mar
chamado morte, que pode
não ser o fim de tudo,
teremos uma visão
realista das etapas da
nossa existência. Sou
pouco simpática à
invenção de rótulos que
distorcem realidades
revelando apenas um
preconceito: envelhecer
é feio, é degradante,
vamos ser eternamente
jovens, seguindo aos
pulinhos até o fim,
fantasiados de Peter Pan.
Disfarçamos realidades
naturais porque as vemos
como algo feio,
inadmissível, pobres de
nós, ignorantes do que é
normal e digno e bom.
Assim, inventam-se
termos para a velhice:
um pior do que o outro.
“Terceira idade” não
significa grande coisa,
pois se podemos viver
até 80 ou 90 ainda
ativos – o número de
pessoas nessas condições
tende a aumentar
–,
vamos criar uma quarta
idade e uma quinta: isso
tudo me parece bastante
tolo. Pior ainda é
chamar a velhice, que
alguns consideram se
iniciar aos 60, outros
aos 70 ou aos 80, de
“melhor idade”. Quem
disse que é melhor?
Melhor do que qual outra
fase? Melhor é algo
muito subjetivo, em
geral nos referimos à
infância, mas a infância
é sempre feliz? A
juventude não sofre? A
maturidade não exige
trabalhos e sacrifícios?
Por que consideramos a
passagem do tempo
decadência, e não
transformação? Tudo é um
processo que se inicia
quando somos concebidos,
depois somos lançados
nesse rio de tantas
águas chamado vida. Uma
cadeia de mudanças que
após um bom tempo traz
limitações físicas,
menos elasticidade,
menos beleza no conceito
geral, talvez menos
lucidez. Alguma
dependência de outros,
quem sabe, e, se não
cultivamos bons afetos,
isso pode ser doloroso.
Mas não necessariamente
decrepitude e vergonha a
esconder!”
Recorramos aos
ensinamentos de dois
Espíritos de escol:
Chico Xavier e doutor
Bezerra de Menezes. O
primeiro pergunta: O
senhor, Dr. Bezerra, que
conhece bem o campo
orgânico, poderia me
dizer. Reconheço que a
minha fase é de uma
pessoa que é considerada
idosa. Já sei disso, mas
devo dizer que
intimamente o meu
otimismo, a minha
alegria com a vida são
os mesmos. Eu queria que
minhas pernas fossem
revitalizadas.
O segundo – doutor
Bezerra – responde:
Chico, as pernas são a
periferia da Cidade
Corpórea. Você está
dando muita importância
à periferia e se
esquecendo do centro
urbano, que é o serviço.
(Livro Lições de
Sabedoria, Editora
Fe, página 18, 1996.)
O primeiro – Chico
Xavier –, segundo
comunicação mediúnica de
Joanna de Ângelis
através de Divaldo, foi
recebido, após o
desencarne, por Jesus. O
segundo – doutor Bezerra
– despertou, em tempo
curtíssimo após seu
desencarne, ao lado de
Celina, uma das maiores
colaboradoras de Maria
de Nazaré!
Reparar a periferia é
exatamente o que a
sociedade de consumo
representada pelos
Espíritos reencarnados
na atual fase evolutiva
da Humanidade vem
fazendo com grande
angústia, se não, até
mesmo com desespero:
buscar todos os meios
para parecer sempre
jovem. Cuidam
exaustivamente da
periferia e esquecem-se
do centro urbano como
respondeu doutor
Bezerra, sabiamente, a
Chico Xavier. Enganamos,
com os recursos
estéticos existentes ao
alcance dos encarnados,
a periferia, mas não
enganamos a morte que
sintoniza com o centro
urbano. A periferia, por
mais socorrida que ela
seja, sofre a ação
inexorável do tempo. Mas
o centro urbano através
do serviço em favor do
mais necessitado pode
proporcionar-nos a ação
estética do bem que
realizarmos em favor do
próximo, conferindo-nos
a moratória que
consigamos obter perante
as Leis sábias da Vida.
Exemplo disso? É muito
fácil! Basta contemplar
a Divaldo em sua velhice
moça, mais jovem do que
qualquer jovem
fisicamente falando,
amparado pela sua
alegria em vivenciar o
bem em favor do seu
próximo durante esses
longos e produtivos
anos.
Conforme nos ensina
Joanna de Ângelis, a
velhice se apresenta
quando o indivíduo se
considera inútil, quando
experimenta o
desprestígio da
sociedade
preconceituosa, que
elaborou conceitos de
vida em padrões
torpemente
materialistas,
hedonistas.
Chico Xavier não se
entregou a esse conceito
e serviu, mesmo quando
carregado por braços
amigos, a todos os
necessitados que por ele
buscaram até o final de
seus abençoados dias
aqui na Terra.
Você conhece alguém mais
belo e mais jovem do que
ele, nos dias atuais,
segundo os conceitos de
juventude e beleza de
acordo com Jesus?