MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil) |
|
Sexo e Destino
André Luiz
(Parte
31)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Sexo e Destino,
de André Luiz,
psicografada pelos médiuns
Waldo Vieira e
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1963 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Quem dirigia o
automóvel que atropelou
Cláudio e o levou à
morte?
O condutor do veículo
era Nemésio. O
automóvel, atravessando
o sinal, precipitou-se a
toda velocidade sobre
Cláudio e Marina, em
tremenda impulsão.
Cláudio, rápido, dispôs
simplesmente de um
segundo para arredar a
filha e foi arremessado
a distância, depois de
sofrer o impacto da
máquina à altura do
tronco. Nemésio, com a
fisionomia de um louco,
passara, desnorteando
guardas e populares que,
debalde, se dispunham a
segui-lo.
(Sexo e Destino, 2ª
parte, capítulo XII, pp.
318 e 319.)
B. Qual o nome da
entidade espiritual que
nesse momento difícil, a
caminho do hospital,
aconchegava Cláudio ao
seu colo?
A entidade, que naqueles
instantes se desfazia em
pranto copioso,
chamava-se Percília.
Dizendo ser mãe de
Cláudio, a nobre
entidade informava não
chorar de dor por
ver-lhe o corpo caído,
mas de alegria por
abraçar-lhe o Espírito
levantado: "Choro,
irmãos, ao reconhecer
que eu, mulher
prostituída no mundo,
hoje em serviço de minha
regeneração depois de
provas árduas, posso
aproximar-me do filho
que Deus me confiou, a
fim de pedir-lhe perdão
pelos maus exemplos que
lhe dei..."
(Obra citada, 2ª parte,
capítulo XII, pp. 321 a
323.)
C. Antes de expirar,
Cláudio fez um pedido a
Marina. Que pedido foi
esse?
Dirigindo-se a Marina e
Gilberto, ele pediu que
dessem o nome de Marita
à filha que estava
prestes a nascer. Eis
suas palavras: "Um
espírita não aposta...
Mas... se eu tiver
vantagem... na teima...
peço uma coisa. Peço...
para que a menina...
tenha o nome de Marita...
prometam..." Nesse
momento, a palidez e o
cansaço se agravaram.
Cláudio pôde apenas
solicitar a Salomão uma
prece, um passe. O amigo
orou, trêmulo, e
administrou-lhe o
benefício. Logo depois,
Cláudio recordou o adeus
de Marita e teve a
impressão de que alguém
lhe tocava os dedos. Era
Percília, que o
acariciava. Alongou,
então, a destra na
direção de Marina,
fixando nela o
derradeiro olhar. Guiada
por Félix, Marina
estendeu-lhe a mão, que
o moribundo apertou,
fortemente, entrando em
coma, que perdurou ainda
por quatro horas. De
manhã, assistido pelos
filhos e por Salomão,
Cláudio foi finalmente
afastado por Félix do
corpo fatigado e
envolvido pelos braços
de Percília,
iniciando-se a caminhada
de retorno à pátria
espiritual.
(Obra citada, 2ª parte,
capítulo XII, pp. 324 e
325.)
Texto para leitura
151. Cláudio é
atropelado por Nemésio
- Cláudio entendeu que
Nemésio delirava, mas
não podia avisar o
genro, sem causar riscos
à filha. Procurou
informar-se junto a
hospitais e delegacias
com referência ao
suicídio anunciado, mas
em vão. Nenhum vestígio
disso havia. Ao
recolher-se, vinda a
noite, rogou a Jesus
pelo adversário. Que os
mensageiros do Cristo
se apiedassem de Nemésio,
amparando-o. Se ainda
estivesse no corpo
carnal, que se lhe
estendesse o socorro
para não resvalar em
deserção; se houvesse
buscado a vida
espiritual, que fosse
bafejado pela proteção
dos Emissários Divinos.
Enquanto Moreira e
André lhe acompanhavam
a oração, Percília
entrou. Disse ter vindo
da parte de Félix para
colaborar com Cláudio,
cujos apelos, durante
todo o dia,
transmitidos para o
"Almas Irmãs", tinham
impelido vários amigos
a rogar auxílio em
benefício dele. Quatro
dias se passaram sem
episódios especiais, a
não ser a extrema
dedicação de Percília,
que, diante de Cláudio,
era análoga ao amor de
Cláudio para com a
filha. Entre sete e oito
da noite, André e seus
amigos desceram do
prédio. Cláudio e
Marina conversavam
tranquilamente, em torno
de assuntos triviais, à
frente das águas mansas.
Depois do descanso, a
volta. Pai e filha, à
beira da pista
asfaltada, esperavam a
vez, notando os carros
que desfilavam,
velozes. Marina
locomovia-se
pesadamente; em razão
disso, aberto o sinal,
iniciaram a travessia
com vagar. Aconteceu, no
entanto, o imprevisto.
Um automóvel,
atravessando o sinal,
precipitou-se a toda
velocidade sobre pai e
filha, em tremenda
impulsão. Cláudio,
rápido, dispôs
simplesmente de um
segundo para arredar a
filha e foi arremessado
a distância, depois de
sofrer o impacto da
máquina à altura do
tronco. O veículo era
conduzido por Nemésio
que, com a fisionomia
de um louco, passara,
desnorteando guardas e
populares que, debalde,
se dispunham a segui-lo.
Marina, em gritos, foi
imediatamente escorada
por senhoras que
acudiram, emocionadas.
Sobreveio a agitação.
Motociclistas dispararam
no encalço do agressor.
Cláudio, tonto a
princípio, recuperou os
sentidos e virou-se com
dificuldade. Superando a
resistência do corpo que
se tornara rígido,
conseguiu sentar-se,
apoiando-se nos dois
braços, tendo as mãos
espalmadas no solo.
(Cap. XII, pp. 318 e
319)
152. Cláudio é
hospitalizado -
Era a filha que o
preocupava! Ansiava
enxergá-la, sabê-la
viva, salva! O sangue
pingava-lhe da boca,
mas, sobrepondo-se à
curiosidade dos
circunstantes, perguntou
por ela. Marina,
firmando-se em
benfeitoras anônimas,
arrastou-se até ele. Não
sofrera qualquer
arranhão, mas
aturdira-se e receava
desfalecer. Fitando,
porém, o pai a
dominar-se para
insuflar-lhe segurança,
cobrou forças. Cláudio
sorriu e rogou-lhe
calma. Ferira-se um
pouco, mas era coisa
simples. Afligia-se
somente por ela. Ficasse
boazinha, suplicou.
Confiasse em Deus. Tudo
terminaria bem.
Solicitou, em seguida,
a presença do genro, que
um dos cavalheiros
presentes se
prontificou a buscar,
no endereço fornecido
por Cláudio, que queria
prosseguir conversando,
para consolo da filha,
mas as energias lhe
escapavam. Percília,
acomodada no chão,
resguardava-o em
lágrimas. Desencarnados
amigos que procediam das
vizinhanças protegiam a
gestante, enquanto
Moreira e André
diligenciavam
fortificá-lo, conjugando
recursos magnéticos. Em
derredor, a balbúrdia...
O acidentado, porém,
alheou-se, em reflexão.
Era novembro. Dois anos
haviam transcorrido
sobre o desastre no qual
supunha haver Marita
procurado a morte. Ela
tombara perto do mar,
ele também. Viu que
Marina chorava,
baixinho, e verificou
que as lágrimas
represadas lhe
constringiam a garganta.
Queria tanto viver para
aquela filha, aguardava
com tanta ternura a
criancinha por
nascer!... Nisso, sentiu
que lhe voltava à mente
a visão em que se
reconhecera visitado por
Marita, e as palavras da
prece que formulara lhe
vieram, uma a uma, no
ádito da memória:
"Senhor, tu sabes que
ela perdeu os sonhos de
criança por minha
causa... Se é possível,
amado Jesus, permite
agora que lhe dê minha
vida!..." Cláudio sorriu
e compreendeu. Estava
tudo muito claro. Ao
proteger Marina,
salvando a filha e a
neta, dera a própria
vida, tal como pedira.
Nas preces costumeiras,
rogava aos amigos
espirituais o ajudassem
no resgate da falta
cometida. Se lhe
competia encetar o
pagamento do débito
assumido, no curso de
existências
porvindouras, por que
não iniciá-lo, ali
mesmo, entre os rostos
desconhecidos que Marita
fora igualmente
constrangida a
defrontar? Soberana
tranquilidade se lhe
instalou no espírito.
Diante da ambulância que
chegara, pediu a
internação no Hospital
dos Acidentados e,
carregado por braços
generosos, despediu-se
da filha,
recomendando-lhe
otimismo, serenidade.
Esperasse por Gilberto
e lhe participasse o
acontecido, sem exagerar
as impressões. Nada de
alarmes. Que não se
apoquentassem por
sustos. (Cap. XII, pp.
320 e 321)
153. Cláudio se
avizinha da morte
- Dentro do carro,
enquanto Cláudio
pensava em Marita,
Percília – que o
aconchegava de encontro
ao colo – se desfazia
em pranto copioso.
Dizendo ser mãe dele, a
nobre entidade informava
não chorar de dor por
ver-lhe o corpo caído,
mas de alegria por
abraçar-lhe o Espírito
levantado: "Choro,
irmãos, ao reconhecer
que eu, mulher
prostituída no mundo,
hoje em serviço de minha
regeneração depois de
provas árduas, posso
aproximar-me do filho
que Deus me confiou, a
fim de pedir-lhe perdão
pelos maus exemplos que
lhe dei..." Diante desse
testemunho de humildade,
André e Moreira baixaram
a fronte, envergonhados,
e num movimento
instintivo inclinaram as
cabeças, ao mesmo tempo,
sobre a destra maternal
que afagava o ferido,
osculando-a com
reverência. O médico que
atendera Marita foi
chamado e atendeu sem
delonga. O irmão Félix
também surgiu de
repente, como se já
soubesse de antemão o
que acontecera.
Ativou-se, assim, o
trabalho socorrista por
parte dos benfeitores
espirituais, em
colaboração com a
medicina terrestre.
Félix avisou, porém, que
Cláudio estava prestes a
desligar-se do corpo e
nenhuma providência
humana conseguiria
sustar a hemorragia
interna em efusão
crescente. Todas as
medidas tomadas pelo
facultativo redundavam
infrutíferas e Cláudio
esmorecia. Tentou
mentalizar a figura de
Marita, mas a cabeça não
se aprumava. Lembrou-se
de Agostinho e Salomão,
e reportou-se de leve a
isso. Agostinho já
demandara o mundo
espiritual, semanas
antes, mas, se possível,
estimaria abraçar o
farmacêutico amigo. O
médico entendeu e
comunicou-se com
Gilberto e Salomão, pelo
fio. Viessem com
urgência. O moribundo,
em prece, rogava forças.
Desejava apelar para o
genro e para a filha,
invocar-lhes a
benevolência para Márcia
e Nemésio. Félix
redobrou esforços para
sustar o fluxo
hemorrágico, ainda que
por minutos, e,
colaborando
intensamente com o
médico, obteve o que
procurava. (Cap. XII,
pp. 321 a 323)
154. A
desencarnação
- Cláudio ganhou
inesperada melhora.
Raciocinava com
firmeza, conseguia
comandar-se. Lúcido, viu
quando Gilberto e Marina
entraram, compungidos.
Depois, verificou a
chegada de Salomão.
Declarou-se, então,
reanimado e alegre,
elaborando as palavras
com a serenidade
possível. Olhando de
maneira acariciante para
a filha ansiosa,
avisou, com um sorriso
forçado, que talvez
fosse compelido a
efetuar grande viagem
para tratamento mais
amplo. Marina
compreendeu o
significado do gracejo e
caiu em choro. O pai
advertiu-a com doçura.
Onde a fé que
cultivavam? como não
confiar em Deus que
renova o Sol cada manhã,
para que a vida
permaneça triunfante?
Tencionava falar-lhes de
assunto sério...
Marejaram-se-lhe os
olhos de pranto e, com
inflexão de súplica,
rogou-lhes bondade e
entendimento para Márcia
e Nemésio. Quando a
oportunidade aparecesse,
que o lar do Flamengo se
mantivesse repleto de
carinho para eles, tanto
quanto fora farto de
amor para ele. Confessou
que Márcia era excelente
companheira, que ele,
tão-somente ele, devia
ser culpado pela
separação. Acentuou que
não detinha nenhum
motivo para malquerer
Nemésio e que o
considerava um irmão,
pessoa da família, com
credenciais para ser
acatado e compreendido
em qualquer
circunstância... O
enfermo, nesse ponto,
passou a respirar com
dificuldade e, como
Gilberto aludisse ao
neto que viria, o
agonizante esboçou uma
expressão quase risonha
e ponderou: "Minha
neta..." E acrescentou,
reticencioso: "Um
espírita não aposta...
Mas... se eu tiver
vantagem... na teima...
peço uma coisa. Peço...
para que a menina...
tenha o nome de Marita...
prometam..." A palidez e
o cansaço se agravaram.
Cláudio pôde apenas
solicitar a Salomão uma
prece, um passe. O amigo
orou, trêmulo, e
administrou-lhe o
benefício. Logo depois,
Cláudio recordou o adeus
de Marita e teve a
impressão de que alguém
lhe tocava os dedos. Era
Percília, que o
acariciava. Alongou,
então, a destra na
direção de Marina,
fixando nela o
derradeiro olhar. Guiada
por Félix, Marina
estendeu-lhe a mão, que
o moribundo apertou,
fortemente, entrando em
coma, que perdurou ainda
por quatro horas. De
manhã, assistido pelos
filhos e por Salomão,
Cláudio foi finalmente
afastado por Félix do
corpo fatigado e
envolvido pelos braços
de Percília,
iniciando-se a caminhada
de retorno à pátria
espiritual. (Cap. XII,
pp. 324 e 325)
155. No plano
espiritual -
Recolhido a uma
organização assistencial
vinculada aos serviços
desenvolvidos por André
Luiz, nas adjacências do
Rio, Cláudio refazia-se.
Félix, que não sossegou
enquanto não lhe admitiu
o reequilíbrio perfeito,
entregou-o aos cuidados
de André, sem retornar a
vê-lo. Desperto, Cláudio
mantinha-se vexado,
confundido e, de momento
a momento, acusava-se,
apegado a complexos de
culpa. André empregava
todos os meios justos
para dissuadi-lo. Que
aproveitasse os erros
por lições. As Leis
Divinas preceituam
esquecimento do mal para
que o bem se incorpore à
nossa individualidade,
gerando automatismos de
elevação. André
mostrou-lhe ter
atravessado também
crises semelhantes;
todavia, descobrira no
serviço o remédio para
as enfermidades do
sentimento. Cultivasse,
pois, paciência, que
ninguém logra
aperfeiçoar-se sem
paciência, até mesmo
consigo próprio. Contava
com amigos no "Almas
Irmãs", de onde havia
descido às lides da
reencarnação. Andava
transitoriamente
esquecido, sob o efeito
natural das experiências
a que se condicionara no
plano físico;
entretanto, recuperaria
oportunamente mais
amplos potenciais da
memória, rejubilando-se
com reencontros
abençoados. Cláudio
reconfortou-se,
esperançado, e no quarto
dia após o transe
comoveu André com
singular pedido.
Reconhecendo-se
amparado por muitos
benfeitores, porque
somente à custa de
muitos favores pudera
acordar, antes da morte,
para as realidades da
alma, rogou permissão
para continuar
trabalhando, mesmo
desencarnado, no seio da
família, sem
ausentar-se do Rio.
Amava os filhos,
ambicionava converter-se
para eles num servidor.
Mas não era só... Duas
criaturas deixara, junto
das quais se reconhecia
devedor: Nemésio e
Márcia. Além de suspirar
por se redimir, diante
dos credores, sonhava
auxiliá-los e amá-los.
(Cap. XIII, pp. 326 e
327) (Continua no próximo
número.)