Bem-aventurados
os aflitos?!
O capítulo V de
O Evangelho
segundo o
Espiritismo
requer nossa
mais detalhada
atenção.
“Bem-aventurados
os aflitos”
pode, em um
primeiro
momento, causar
estranheza,
naqueles que não
conhecem em
profundidade
este item do
Sermão da
Montanha.
Como pode haver
alguma
bem-aventurança
em sofrer uma
aflição? É a
primeira
pergunta a ser
considerada.
Inicialmente, é
importante notar
que, sob o ponto
de vista
espiritual,
antes padecer do
que causar uma
aflição. Menos
crítico sofrer,
do que causar
sofrimento ao
próximo. Se
estamos em
aflição, já nos
colocamos no
processo de
reajustamento.
Por outro lado,
quando causamos
sofrimento em
alguém, estamos
semeando os
espinhos, os
quais
obrigatoriamente
serão colhidos
mais adiante...
Conforme
esclarecido na
obra de Kardec,
o aspecto
fundamental para
entendermos a
bem-aventurança
aos aflitos é a
compreensão
sobre a vida
espiritual. Ao
projetarmos
nosso olhar para
a realidade
imaterial, já
vamos considerar
com muito mais
serenidade todos
os nossos
desafios, por já
aceitarmos a
condição
transitória de
qualquer que
seja a razão do
nosso
sofrimento. Por
outro lado, o
materialista
realmente tem
motivos de sobra
para se
desesperar,
porque o
conceito de
unicidade da
existência é
incapaz de
trazer
compreensão
sobre os
desafios mais
críticos que nos
afligem.
Continuando a
ler o referido
capítulo, nos
deparamos com um
aspecto muito
esclarecedor: as
causas das
aflições. Kardec
as divide em
anteriores e
atuais. Apesar
de muitas vezes
querermos
remeter as
causas de nossos
problemas às
vidas passadas,
a leitura deste
item nos mostra
claramente: uma
grande parte de
nossas aflições
tem causa na
vida presente.
Egoísmo,
orgulho,
impaciência,
invigilância,
indisciplina são
algumas das
falhas morais
com resultados
desastrosos para
nossa paz e
nossa
felicidade. Uma
análise isenta
de nossos atos
da vida presente
pode nos mostrar
que, se nossa
conduta fosse
realmente
equilibrada, a
maior parte de
nossos
dissabores
sequer
existiria!
Em relação
àqueles desafios
que
verdadeiramente
não podem ser
explicados na
vida atual,
possivelmente,
os mesmos
apresentam suas
causas em vidas
passadas. Ainda
aqui, podemos
considerar a
bem-aventurança
da aflição,
porque tratam-se
de ajustes
necessários para
nossa jornada
evolutiva.
Considerando que
a Justiça Divina
se chama amor,
os padecimentos
pelos quais
passamos
representam uma
parcela mínima
dos males que
causamos, apenas
o necessário
para nosso
processo
evolutivo.
Após
considerarmos as
causas, podemos
refletir: qual o
objetivo das
aflições? Todos
os nossos
desafios são
degraus de nossa
jornada de
ascensão. O
sofrimento em si
não é um fim,
mas um meio, uma
forma de
aprendizado.
Desta forma,
sempre que
visitados pela
dor, devemos nos
perguntar: “O
que tenho a
aprender com
isto?”. “Qual o
significado
desta aflição?”.
E nesse processo
de autoanálise,
temos chance de
compreender que
aquela
dificuldade é
portadora de
mensagens
importantes para
nosso progresso
moral. Vencendo
a revolta,
podemos analisar
com
imparcialidade
nossa conduta e
constatar quais
modificações de
comportamento
nos são mais
urgentes.
Utilizando o
recurso da
oração, vamos
colher o bálsamo
da paz.
Praticando a
caridade, vamos
apaziguar nossas
emoções. E,
projetando nosso
olhar para a
vida futura,
teremos
condições de
compreender o
sentido profundo
de:
“Bem-aventurados
os aflitos,
porque serão
consolados!”.