Um leitor pergunta-nos: Qual
a natureza íntima
(intrínseca) do Espírito
propriamente dito? Pertence
ele ao elemento espiritual
ou ao elemento material?
Antes de mais nada,
lembremos que Allan Kardec
propôs aos imortais, na
questão 23 d´O Livro dos
Espíritos, pergunta
idêntica à formulada pelo
leitor:
23. Que é o Espírito?
“O princípio inteligente do
Universo.”
a) Qual a natureza íntima do
Espírito?
“Não é fácil analisar o
Espírito com a vossa
linguagem. Para vós, ele
nada é, por não ser
palpável. Para nós,
entretanto, é alguma coisa.
Ficai sabendo: coisa nenhuma
é o nada e o nada não
existe.”
O assunto torna-se mais
claro quando examinamos a
questão 27 da mesma obra:
27. Há então dois elementos
gerais do Universo: a
matéria e o espírito?
“Sim e acima de tudo Deus, o
criador, o pai de todas as
coisas. Deus, espírito e
matéria constituem o
princípio de tudo o que
existe, a trindade
universal. Mas, ao elemento
material se tem que juntar o
fluido universal, que
desempenha o papel de
intermediário entre o
espírito e a matéria
propriamente dita, por
demais grosseira para que o
espírito possa exercer ação
sobre ela. Embora, de certo
ponto de vista, seja lícito
classificá-lo com o elemento
material, ele se distingue
deste por propriedades
especiais. Se o fluido
universal fosse
positivamente matéria, razão
não haveria para que também
o espírito não o fosse. Está
colocado entre o espírito e
a matéria; é fluido, como a
matéria é matéria, e
suscetível, pelas suas
inumeráveis combinações com
esta e sob a ação do
espírito, de produzir a
infinita variedade das
coisas de que apenas
conheceis uma parte mínima.
Esse fluido universal, ou
primitivo, ou elementar,
sendo o agente de que o
espírito se utiliza, é o
princípio sem o qual a
matéria estaria em perpétuo
estado de divisão e nunca
adquiriria as qualidades que
a gravidade lhe dá.”
Sendo dois os elementos
gerais do Universo, é
evidente que os Espíritos,
que são individualizações do
princípio espiritual,
pertencem ao elemento
designado pela palavra
“espírito”. Não há como
pretender enquadrá-lo entre
as formas peculiares ao
elemento designado pela
palavra “matéria”.
Na Introdução da mesma obra,
Kardec apresenta o que a
doutrina espírita define
como sendo a alma. Escreveu
o Codificador:
“... chamamos alma ao ser
imaterial e individual que
em nós reside e sobrevive ao
corpo. Mesmo quando esse ser
não existisse, não passasse
de produto da imaginação,
ainda assim fora preciso um
termo para designá-lo.”
(LE, Introdução.)
A conceituação de alma que
ora vimos foi complementada
por Kardec em um
interessante artigo por ele
publicado na Revista
Espírita de 1864, pp.
138 e 139, no qual o
Codificador explica por que
razão o Espiritismo se
serviu do vocábulo Espírito,
em vez de alma.
Três, disse ele, foram os
motivos. O primeiro: desde
as primeiras manifestações o
vocábulo já era usado, antes
mesmo da criação da
filosofia espírita. O
segundo: se o vocábulo
Espírito era repulsivo para
algumas pessoas, constituía
um atrativo para as massas e
deveria contribuir mais que
o outro para popularizar a
doutrina. O terceiro: os
vocábulos alma e Espírito,
embora sejam sinônimos e
empregados indiferentemente,
não exprimem exatamente a
mesma ideia. A alma é, a bem
dizer, o princípio
inteligente, imperceptível e
indefinido como o
pensamento. Não podemos
concebê-lo isolado da
matéria de maneira absoluta.
Embora formado de matéria
sutil, o perispírito faz
dela um ser definido,
limitado e circunscrito à
sua individualidade
espiritual.
Assim – conclui Kardec –
pode-se dizer: a união da
alma, do perispírito e do
corpo material constitui o
HOMEM; a alma e o
perispírito separados do
corpo constituem o ESPÍRITO.
Nas manifestações espíritas
não é, pois, a alma que se
apresenta só. Ela está
sempre revestida do seu
envoltório fluídico. Por
conseguinte, nas aparições
não é a alma que se vê, mas
o perispírito, do mesmo modo
que, quando se vê um homem,
vê-se o seu corpo, mas não o
pensamento ou o princípio
que o faz agir.
Resumindo: a alma é o ser
simples, primitivo; o
Espírito é o ser duplo; o
homem é o ser triplo.
Parece-nos que os textos
acima, chancelados pela
autoridade incomparável do
Codificador do Espiritismo,
deixam-nos claro que o
Espírito, pertencendo ao
elemento espiritual, nenhuma
analogia tem com o elemento
material, embora este
constitua instrumento
importante para o seu
desenvolvimento e progresso.
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