Qual a primeira obra
espírita
que deve ser lida?
Nosso objetivo com este
texto é poder dividir
com os confrades algo
que nós descobrimos nas
obras de Kardec sobre o
assunto.
Anteriormente,
orientávamos o que de
comum se ouve nas Casas
Espíritas, se não em
todas, pelos menos na
sua maioria: se você
quer aprender o
Espiritismo deve começar
pela obra “O Livro
dos Espíritos”.
Com o tempo percebemos
que muitos leitores não
agradavam desse livro
que, por não lhes
despertar nenhum
interesse, não liam
senão algumas páginas.
Então, resolvemos
indicar “O que é o
Espiritismo”. E isso
o fizemos em muitas
palestras que proferimos
no meio espírita; porém,
sempre ressaltava que
isso era uma opinião
pessoal, adquirida por
experiência, não que
fosse orientação
doutrinária.
Entretanto, isso sempre
nos causava um certo
desconforto, porquanto
muitos companheiros
achavam que nós
estávamos “inventando
moda”. Foi por isso que
tomamos a iniciativa de
pesquisar nas obras da
codificação, para tentar
encontrar algo que
pudesse solucionar a
questão.
Já desde a primeira
edição de O que é o
Espiritismo, que
ocorreu em julho de
1859, Kardec dava a
seguinte orientação:
A primeira leitura a
fazer-se é a deste
resumo,
que apresenta o conjunto
e os pontos mais
salientes da ciência;
com isso, pois, já se
pode fazer dela uma
ideia e ficar-se
convencido de que, no
fundo, existe algo de
sério. Nesta rápida
exposição esforçamo-nos
por indicar os pontos
sobre o que
particularmente se deve
fixar a atenção do
observador. A ignorância
dos princípios
fundamentais é a causa
das falsas apreciações
da maioria daqueles que
querem julgar o que não
compreendem, ou que se
baseiam em ideias
preconcebidas.
Se desta leitura nascer
o desejo de continuar,
deve-se ler O Livro
dos Espíritos,
onde os princípios da
doutrina estão
completamente
desenvolvidos; depois,
O Livro dos Médiuns,
para a parte
experimental, destinado
a servir de guia aos que
desejarem operar por si
mesmos, como aos que
quiserem bem compreender
os fenômenos. Vêm
depois as diversas
obras onde são
desenvolvidas as
aplicações e as
consequências da
doutrina, como: O
Evangelho segundo o
Espiritismo, O Céu e o
Inferno segundo o
Espiritismo etc.
(KARDEC, A. O que é o
Espiritismo. Rio de
Janeiro: FEB, 2001, p.
149) (grifo nosso).
Como se vê, foi o
próprio Kardec quem
recomendou como primeira
leitura o livro O que
é o Espiritismo; e,
uma vez convencido da
seriedade da Doutrina,
deve-se, na sequência,
aí sim, ler a obra O
livro dos Espíritos.
Achamos ótimo isso, pois
confirma o que na
prática havíamos
percebido, ou seja, a
obra O Livro dos
Espíritos é, muitas
vezes, maçante para quem
não tem conhecimento e
nem ainda despertou
interesse pela Doutrina;
entretanto, caso leia
primeiro o livro O
que é o Espiritismo,
saberá se a Doutrina
Espírita responde a seus
anseios. Em caso
positivo, certamente,
lerá a obra O Livro
dos Espíritos e,
assim, o que era
“maçante” tornar-se-á
prazeroso. Além disso,
também ficamos muito
felizes em saber que é
orientação doutrinária,
já que ela provém de
Kardec.
Em janeiro de 1861,
Kardec publica a obra
O livro dos médiuns,
da qual transcrevemos da
Primeira Parte, capítulo
III – Do Método, o
seguinte:
35. Aos que quiserem
adquirir essas noções
preliminares, pela
leitura das nossas
obras, aconselhamos
que as leiam nesta ordem:
1º - O que é o
Espiritismo?
Esta brochura, de uma
centena de páginas
somente, contém sumária
exposição dos princípios
da Doutrina Espírita, um
apanhado geral desta,
permitindo ao leitor
apreender-lhe o conjunto
dentro de um quadro
restrito. Em poucas
palavras ele lhe percebe
o objetivo e pode julgar
do seu alcance. Aí se
encontram, além disso,
respostas às principais
questões ou objeções que
os novatos se sentem
naturalmente propensos a
fazer. Esta primeira
leitura, que muito pouco
tempo consome, é uma
introdução que facilita
um estudo mais
aprofundado.
2º - O Livro dos
Espíritos.
Contém a doutrina
completa, como a ditaram
os próprios Espíritos,
com toda a sua filosofia
e todas as suas
consequências morais. E
a revelação do destino
do homem, a iniciação no
conhecimento da natureza
dos Espíritos e nos
mistérios da vida de
além-túmulo. Quem o lê
compreende que o
Espiritismo objetiva um
fim sério, que não
constitui frívolo
passatempo.
3º - O Livro dos
Médiuns.
Destina-se a guiar os
que queiram entregar-se
à prática das
manifestações,
dando-lhes conhecimento
dos meios próprios para
se comunicarem com os
Espíritos. É um guia,
tanto para os médiuns,
como para os evocadores,
e o complemento de O
Livro dos Espíritos.
4º - A Revue
Spirite.
Variada coletânea de
fatos, de explicações
teóricas e de trechos
isolados que completam o
que se encontra nas duas
obras precedentes,
formando-lhes, de certo
modo, a aplicação. Sua
leitura pode fazer-se
simultaneamente com a
daquelas obras, porém,
mais proveitosa será, e,
sobretudo, mais
inteligível, se for
feita depois de O
Livro dos Espíritos.
Isto pelo que nos diz
respeito. Os que desejem
tudo conhecer de uma
ciência devem
necessariamente ler tudo
o que se ache escrito
sobre a matéria, ou,
pelo menos, o que haja
de principal, não se
limitando a um único
autor. Devem mesmo ler o
pró e o contra, as
críticas como as
apologias, inteirar-se
dos diferentes sistemas,
a fim de poderem julgar
por comparação.
Por esse lado, não
preconizamos, nem
criticamos obra alguma,
visto não querermos, de
nenhum modo, influenciar
a opinião que dela se
possa formar. Trazendo
nossa pedra ao edifício,
colocamo-nos nas
fileiras. Não nos cabe
ser juiz e parte e não
alimentamos a ridícula
pretensão de ser o único
distribuidor da luz.
Toca ao leitor separar o
bom do mau, o verdadeiro
do falso. (KARDEC, A.
O Livro dos Médiuns.
Rio de Janeiro: FEB,
1996, p. 51-52). (grifo
nosso).
Aqui, Kardec confirma o
que havia dito antes
sobre a primeira obra a
ser lida pelos que
viessem a se interessar
em conhecer a Doutrina
Espírita, porquanto, ela
“contém
sumária exposição dos
princípios da Doutrina,
um apanhado geral desta,
permitindo ao leitor
apreender-lhe o conjunto
dentro de um quadro
restrito. Em poucas
palavras ele lhe percebe
o objetivo e pode julgar
do seu alcance”.
A novidade é a
recomendação de se ler
também a Revista
Espírita, coisa que
a grande maioria dos
espíritas não faz, por
achar que ela não faz
parte das “Obras
Básicas”, assunto que
abordamos no texto:
Quais são as obras
básicas?
Então, mesmo sem saber
já estávamos seguindo as
orientações de Kardec,
quanto ao que recomendar
para os interessados em
saber ou conhecer o
Espiritismo.