Caridade
é o nosso lema
No dia dezoito de abril
último comemorou-se mais
um ano da primeira obra
publicada por Allan
Kardec, intitulada O
Livro dos Espíritos.
E desde o princípio da
codificação desta
doutrina – o Espiritismo
–, a linha de divulgação
do Mestre de Lion sempre
incluiu a elegância e a
caridade para aqueles
cujas vidas ainda não
estavam em consonância
com os ensinamentos do
Cristo.
Mais à frente,
especificamente em 1864,
com o auxílio e revisão
do grupo espiritual que
dirigia os trabalhos do
professor Rivail – o
Espírito de Verdade –,
no lançamento da obra “O
Evangelho segundo o
Espiritismo”, fica
explícito no capítulo
que leva o título deste
artigo que a caridade
seria o nosso lema.
No entanto, passados
aproximadamente cento e
cinquenta anos que
medeiam o lançamento
destas duas bússolas da
conduta do homem que se
rotula espírita, não é
incomum encontrarmos
divulgadores da doutrina
espírita que se colocam
numa posição
diferenciada, como se
fôssemos nós superiores
ao resto da humanidade.
Triste engano.
Somos parte da
humanidade que tem se
equivocado durante
séculos passados,
acumulando dívidas
perante a nossa
consciência e perante
nossos irmãos, e nos
encontrando hoje na
condição de começar a
quitar estas dívidas. A
oportunidade de servir à
causa espírita é a
bênção divina sobre nós
para que, colocando-nos
como instrumentos do
bem, possamos agora
devolver o que tiramos,
ajudar a colocar alguns
no caminho cristão, do
qual em outras épocas
ajudamos a se desviarem,
enfim, quitar uma
pequena parte de nossos
muitos desacertos.
Como criticar, então, de
maneira impiedosa
aqueles que hoje estão
na condição em que já
estivemos muitas vezes?
Como julgar que somos
melhores, quando na
verdade a doutrina vem
nos mostrar de forma
clara e inequívoca que
estamos apenas em graus
diferentes de evolução,
mas todos igualmente
amados pelo Criador?
Os pioneiros desta jovem
doutrina, aqueles nos
quais com certeza
devemos nos espelhar,
sempre foram unânimes no
seu comportamento para
com os semelhantes. E
para citar somente o
mais profícuo deles,
Chico Xavier, como
imaginar aquela figura
doce sendo rude ou cruel
nas suas apalavras ou
atitudes diante daqueles
que o Mestre Jesus
classificou simplesmente
como doentes, justamente
os que precisam de
médicos?
O bom senso diz que
somos todos doentes
ainda em algum setor de
nossa caminhada, ou não
estaríamos estagiando
num mundo de provas e
expiação. A não ser que
tenhamos a pretensão de
aqui estar na condição
única de missionários,
almas elevadíssimas que
“descem” aos mundos
inferiores tão-somente
para compartilhar sua
grandeza espiritual.
Ponto não menos
importante a ser
lembrado é que este
comportamento não atrai
a simpatia daqueles que
ainda não conhecem a
doutrina. E embora a
preocupação central da
doutrina não seja
números, não se
conseguirá atingir os
corações que tanto
necessitam de conforto,
de apoio, para saírem
dos vícios de todas as
espécies, que tanta dor
causam não somente aos
viciados, mas também às
suas famílias. Enfim, é
improdutiva e, por isso
mesmo, não inteligente
esta estratégia
agressiva.
Nos momentos em que
subirmos numa tribuna
espírita ou estivermos
diante do teclado do
computador para nos
colocarmos como
instrumento da
espiritualidade, que
possamos antes elevar o
pensamento ao Mestre
Jesus, pedindo que nos
permita ser reais
instrumentos da sua obra
– migalhas onde somente
Ele é o pão – para
auxiliar nossos irmãos
de caminhada, nossos
iguais perante Aquele
que não permitiu
privilégios quando
estatuiu suas leis. E,
principalmente, que
possamos aproveitar esta
oportunidade maravilhosa
de evolução, sendo os
primeiros a praticar
aquilo que apregoamos ao
nosso próximo, atraindo
a simpatia dos bons
Espíritos e repelindo a
dos fascinadores e
levianos, através da
simplicidade em nosso
viver.