Droga de vida ou
vida
de drogas
Segundo o último
Relatório
Mundial
publicado pelo
Escritório das
Nações Unidas
sobre Drogas e
Crime UNODC -
26.06.2012, a "A
heroína, a
cocaína e outras
drogas continuam
matando cerca de
200.000 pessoas
por ano,
devastando
famílias,
levando à
miséria milhares
de pessoas, bem
como gerando
insegurança e a
disseminação do
HIV". Está
estimado que
cerca de 230
milhões, ou 5%
da população
adulta mundial
(de 15 a 64 anos
de idade),
utilizaram
alguma droga
ilícita pelo
menos uma vez,
em 2012. Além
disso, o
Relatório aponta
que os usuários
problemáticos de
drogas,
principalmente
as pessoas
dependentes de
heroína e
cocaína,
totalizam cerca
de 27 milhões,
cerca de 0,6% da
população adulta
mundial, ou uma
em cada 200
pessoas. São
números
alarmantes e
crescentes.
Está na mídia
atualmente a
morte do
vocalista
Chorão. Como já
se tornou
público e
declarado pela
ex-mulher, as
drogas
consumiram sua
vida.
Naturalmente
todos nós temos
defeitos e
imperfeições e,
obviamente,
virtudes. O
problema é
quando os
defeitos e
imperfeições
superam nossas
virtudes. Mas
não se pode
esquecer de que
o uso de drogas
é sempre uma
escolha do
indivíduo.
A família do
Chorão culpa a
ex-mulher por
abandoná-lo na
hora em que ele
mais precisava
dela, os amigos
escondem que ele
fosse usuário de
drogas e
exaltaram sua
personalidade
forte, de “Bady
Boy”, como se
isso fosse uma
virtude que lhe
permitisse ser
um dependente
químico.
Gostemos ou não,
famosos são
modelo para a
sociedade. O que
é muito grave é
que são
formadores de
opiniões e
carregam consigo
milhares de
seguidores de
suas ideias,
músicas, temas e
princípios. Em
muitas músicas a
banda Charlie
Brow Jr faz
apologia das
drogas,
justamente pelo
fato de seu
líder ter sido
um dependente de
drogas. Todos
temos
responsabilidades
sociais.
Na experiência
profissional já
ouvi muitos
relatos de
usuários que
declaravam que,
ao embalo de
suas músicas,
das músicas de
Raul Seixas, Amy
Winehouse e
outros consumiam
drogas
freneticamente,
pois se
“inspiravam” na
melodia e nas
letras
sugestivas do
uso de drogas.
Quando não são
referências
diretas, elas
são de ordem
subliminar, ou
seja, passam no
subconsciente
das pessoas, sem
que se deem
conta, mas lhes
afetam os
comportamentos.
Veja esse trecho
da música
Ralé:
“... Taí. Agora
é ver botar gás
e rodar, rodar.
Com os manos
apavorar. Nós
somos a minoria.
Mas nós vamos
adiante. Com o
que a vida me
ensinou eu me
torno gigante...
Se tiver que
ser. Vai ser o
que vier. Carro,
droga, treta,
mulher”.
Obviamente o
envolvimento da
melodia não
permite que as
pessoas se deem
conta da “trama”
da letra. Isso é
o que chamamos
de ação
subliminar na
consciência.
Já na letra a
seguir, Com
Minha Loucura
Faço Meu
Dinheiro, Com
Meu Dinheiro
Faço Minhas
Loucuras, o
texto é
objetivamente
claro e vai
direto ao ponto
do mundo das
drogas:
“... Eu
mergulhei fundo,
tomei de tudo
pra tentar
chegar ao fim de
um poço de um
mundo sujo que
só me impõe
princípios,
objetos, valores
falidos,
princípios,
objetos de
valores falidos”.
Mais adiante, na
letra, Chorão
refere-se a um
momento de sua
vida em que
vivia longo
período de
abstinência da
cocaína, que era
sua droga de uso
frequente:
“... Demorei
a enxergar por
conta das
respostas que eu
não tinha
naquela hora,
mas se eu
tivesse
enxergado há
muito tempo eu
já estaria na
boa como estou
agora...”.
Mais objetivo e
direto do que na
letra da música
Liberdade
Acima de Tudo,
impossível:
”Se quiserem
me internar não
deixem,
deixem-me
exercer minha
loucura em paz.
Se quiserem me
internar não
deixem,
deixem-me
exercer minha
loucura em paz
porque eu nasci
pra ser maluco e
te fazer a
tradução do que
é ser um bom
maluco, do que é
ser um maluco
sangue bom...”.
Segundo os dados
biográficos de
sua trajetória
existencial,
passou por
diversas
internações, sem
nunca ter
concluído
nenhuma delas,
pois vivia na
estrada com a
Banda. A mídia
e os familiares
justificam que
sua entrada nas
drogas foi em
razão de sua
vida sofrida,
separação dos
pais etc., antes
do sucesso.
Porém, não soube
aproveitar o
sucesso para uma
“boa vida”. Era
dado como um
sujeito bondoso,
solidário e
altruísta, que
são virtudes
importantes na
vida de uma
pessoa, porém
muito pouco fez
por si mesmo,
como ocorre com
todo dependente
químico que não
cuida de si
mesmo, não se
ama, não se
valoriza e não
se respeita. Por
isso perdem a
vida para as
drogas. Em
muitas de suas
letras, muito
boas por sinal,
cantou um mundo
feliz, de
liberdade, de
pleno amor, de
crescimento para
todos, mas foi
vítima de si
mesmo. Uma pena,
pois era músico
de talento. A
mídia vai
exaltar sua
trajetória de
sucesso na
música. É
inegável que foi
uma banda de
grande sucesso.
Talvez façam até
um filme, como
ocorreu com
outro ícone –
Cazuza –, porém,
não darão ênfase
ao mais
importante:
a droga pode
matar e mata.
Mas como tudo
passa, logo
estará
esquecido, pois
outro assumirá
seu posto. Droga
de vida ou vida
de drogas.
Reportando-nos
ao Espiritismo
que nos ensina
sobre a moral,
podemos afirmar
que “a
alma, por sua
natureza
essencial
divina, está
faminta de
beleza, de bem e
sedenta de
felicidade.
Ainda que em
meio aos maiores
extravios,
sempre existe
nela esse gérmen
que há de se
desenvolver com
seus esforços,
assim,
preenchendo suas
mais altas
aspirações”.
Agora, no mundo
espiritual,
Chorão poderá
rever seus
conceitos e
princípios e,
numa próxima
lida, quem sabe,
poderá ser
feliz.