A verdadeira realeza
Quando Pilatos
perguntou: “És o rei
dos judeus?” (João, 18:
33), Jesus respondeu:
“Meu reino não é deste
mundo. Se o meu reino
fosse deste mundo, a
minha gente houvera
combatido para impedir
que eu caísse nas mãos
dos judeus; mas, o meu
reino ainda não é
daqui”. (João, 18: 36.)
Quando Jesus disse que
seu reino não é deste
mundo, Ele estava se
referindo à vida futura,
que, se não existisse,
não teria razão de ser a
reencarnação, nesta
verdadeira escola para o
Espírito, na sua marcha
evolutiva, aqui na
Terra.
Por não acreditarem na
vida futura e imaginando
que Jesus falava da vida
presente, seus
julgadores não
compreenderam os
ensinamentos do Mestre,
considerando-os sem
lógica e pueris. Os
judeus tinham ideias
imprecisas sobre a vida
futura. Acreditavam nos
anjos, consideravam os
mesmos como os seres
privilegiados da
Criação, mas não tinham
noções precisas da
evolução do Espírito e
achavam que a
observância às leis de
Deus era recompensada
com os bens terrenos, a
supremacia de sua nação
e as vitórias sobre os
inimigos.
Jesus revelou, mais
tarde, que há um Mundo
Espiritual, onde reina a
justiça. É o mundo que
Jesus promete aos que
andam de acordo com as
leis de Deus e onde os
bons acharão a sua
recompensa. É esse o
reino a que Jesus se
referia, e ao qual Ele
voltaria quando deixasse
a Terra.
Existem dois tipos de
realeza: a realeza
terrestre e a realeza
moral. A primeira
corresponde às glórias,
aos títulos e às
honrarias da Terra. Ela
se acaba aqui na Terra
mesmo. A realeza moral
se prolonga e mantém seu
poder, sobretudo, após a
morte. Sob esse aspecto,
Jesus é o mais poderoso
rei entre os que
reinaram e que reinam na
Terra.
A distinção entre uma
realeza e outra
encontra-se na
esclarecedora mensagem
dada por uma ex-Rainha
de França, constante do
item 8 do cap. II (Meu
Reino não é deste Mundo)
do livro O Evangelho
segundo o Espiritismo.
Destacamos alguns
trechos:
“... Que trouxe eu
comigo da minha realeza
terrena? Nada,
absolutamente nada. E,
como que para tornar
mais terrível a lição,
ela nem sequer me
acompanhou até o túmulo!
Rainha entre os homens,
como rainha julguei que
penetrasse no reino dos
céus! Que desilusão! Que
humilhação, quando, em
vez de ser recebida aqui
qual soberana, vi acima
de mim, mas muito acima,
homens que eu julgava
insignificantes e aos
quais desprezava, por
não terem sangue nobre!
Oh! Como então
compreendi a
esterilidade das honras
e grandezas que com
tanta avidez se
respeitam na Terra!
Para se granjear um
lugar neste reino, são
necessárias a abnegação,
a humildade, a caridade
em toda a sua celeste
prática, a benevolência
para com todos. Não se
vos pergunta o que
fostes, nem que posição
ocupastes, mas que bem
fizestes, quantas
lágrimas enxugastes.”
“Correm os homens por
alcançar os bens
terrestres, como se
houvessem de guardar
para sempre. Aqui,
porém, todas as ilusões
somem. Cedo se apercebem
eles de que apenas
apanharam uma sombra e
desprezaram os únicos
bens reais e duradouros,
os únicos que lhes
aproveitam na morada
celeste, os únicos que
lhes podem facultar
acesso a esta.”
É nesse sentido
que Jesus, no
ensinamento registrado
no Evangelho de Lucas
(12:2 e 3), pede que nos
acautelemos do fermento
dos fariseus:
"Tendo-se
juntado milhares de
pessoas, de modo que um
e outro se atropelavam,
começou Jesus a dizer
primeiro aos seus
discípulos: Guardai-vos
do fermento dos
fariseus, que é a
hipocrisia. Nada há
encoberto que se não
venha a descobrir; em
oculto que se não venha
a saber. Por isso, o que
dissestes na treva, à
luz será ouvido; o que
falastes ao ouvido, no
interior da casa, sobre
os telhados será
proclamado".
Quem conhece o problema
das vidas sucessivas
sabe que após a morte
passamos a viver no
Mundo Espiritual, onde
não se pode esconder
aquilo que se pensa,
pois a linguagem dos
Espíritos é o
pensamento.
Assim sendo, no Mundo
Espiritual, as pessoas
que costumavam, na
Terra, falar mal do
próximo e fingir amizade
na sua presença,
encontram grande
dificuldade no Mundo
Maior, porque estavam a
fazer assim na Terra,
mas na nova morada não
podem fazê-lo, porque,
quando querem fingir, o
fingimento transparece.
Nas pesquisas de Allan
Kardec sobre esse
assunto, publicadas na Revista
Espírita, há
Espíritos que se queixam
profundamente das
situações em que se
encontram, porque não
podem fazer nada
escondido. Tudo o que
querem ocultar está
sempre sob os olhos de
Entidades espirituais
que enxergam tudo quanto
fazem, tudo quanto eles
pensam, tudo quanto eles
sentem.
Por isso, devemos ser
leais e sinceros, a fim
de evitarmos situações
embaraçosas para o nosso
Espírito, pois após a
morte, se não nos
libertarmos na Terra do
vício da hipocrisia, nos
colocaremos em situações
verdadeiramente
desesperadoras,
revelando aquilo que não
queremos revelar.