ANGÉLICA
REIS
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Londrina, Paraná
(Brasil) |
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A
Personalidade Humana
Fredrich
Myers
(Parte 41)
Damos
sequência ao estudo
metódico e sequencial do
livro A Personalidade
Humana, de Fredrich
W. H. Myers, cujo título
no original inglês é Human
Personality and
Its Survival of Bodily
Death.
Questões preliminares
A. Que tipo de fenômeno
oferece, com maior
segurança, informação
quanto ao grau em que os
Espíritos guardam
conhecimento das coisas
terrestres?
Segundo Myers, são as
experiências de escrita
automática e de
cristaloscopia que nos
proporcionam com maior
precisão tais
informações, mais até do
que as aparições
espontâneas.
(A Personalidade Humana,
capítulo VIII – O
automatismo motor.)
B. Que fenômeno se
observa na possessão?
Afirma Myers que na
possessão a
personalidade do
autômato desaparece
completamente por algum
tempo, durante o qual se
produz uma substituição,
mais ou menos completa,
da personalidade. A
palavra e a escrita são,
então, manifestações de
um Espírito alheio ao
organismo do qual se
apossou.
(Obra citada. Capítulo
IX – Possessão,
arrebatamento, êxtase.)
C. Como se processa o
fenômeno da possessão?
As provas parecem
indicar que o autômato
cai inicialmente no
estado de êxtase,
durante o qual “seu
espírito abandona o
corpo”, ao menos em
parte. Ele entra, então,
num estado no qual o
mundo espiritual se
abre, mais ou menos, à
sua percepção e, ao
abandonar o organismo
físico, favorece a
invasão deste por outro
Espírito que dele se
serve, mais ou menos da
mesma forma que o
próprio Espírito do
sujeito.
(Obra citada. Capítulo IX – Possessão,
arrebatamento, êxtase.)
Texto para leitura
991. O caso que
relataremos pode ser
considerado único no
gênero. Trata-se do
êxito de uma experiência
direta, de uma mensagem
projetada antes e
comunicada após a morte,
por um homem que
considerava que a
esperança de uma
existência após a morte
merecia um esforço
hercúleo, não importando
o resultado. O irmão da
Sra. Finney (Proceedings
of the S. P. R., VIII,
pág. 248-251), meses
antes de sua morte,
pintou um ladrilho, de
modo determinado,
partindo-o e dando a
metade à sua irmã;
depois disse-lhe que a
avisaria, no dia em que
morresse, onde escondera
a outra metade do
ladrilho, assim como o
conteúdo de uma carta
que estaria oculta no
mesmo lugar. Após a
morte do irmão, a Sra.
Finney recebeu através
de uma mesa as
prometidas comunicações,
concernentes tanto ao
conteúdo da carta como
ao lugar onde estava
oculta a outra metade do
ladrilho. Essas
comunicações eram
absolutamente corretas.
992. Todos podem tentar
experiências desse
gênero. E devo
acrescentar que são as
experiências de escrita
automática, de
cristaloscopia, etc.,
mais do que as
concernentes às
aparições espontâneas,
as capazes de
proporcionar uma
informação real quanto
ao grau em que os
Espíritos desencarnados
guardam um conhecimento
das coisas terrestres.
993. Antes de encerrar
este capítulo façamos um
retrospecto.
Comprovaremos que os
fenômenos motores nada
mais fizeram do que
confirmar e estender os
resultados que o estudo
dos fenômenos sensoriais
nos fez entrever.
Chamamos a atenção sobre
o grau variável de
amplitude das
capacidades
subliminares, quer no
sono, quer na vigília.
Assistimos a uma
intensificação
hiperestésica de uma
capacidade comum
terminar na telestesia e
telepatia comuns, das
quais as pessoas vivas
ou mortas constituem o
ponto de partida. Ao
lado dessas capacidades
que, na hipótese de uma
existência independente
da alma, nos parecem
suscetíveis de
explicação, notamos,
igualmente, a existência
de uma capacidade
pré-cognitiva de
determinado gênero, que
nenhum dos fatos
científicos conhecidos é
capaz de explicar.
994. Durante o estudo
dos automatismos motores
encontramos um terceiro
grupo de casos que
confirmam em todos os
pontos os resultados
fornecidos pela análise
dos automatismos motores
do sono e da vigília. As
provas convergentes a
este ponto supõem, ao
serem colocadas em
dúvida, uma audácia de
negação incomum. Mas os
automatismos motores
ensinaram-nos coisa
diversa, ao mesmo tempo
mais enérgicos e
persistentes que os
automatismos sensórios
colocando-nos na
presença de certos
problemas que a natureza
superficial e fugidia
das impressões
sensoriais nos permite,
de certo modo, afastar.
995. Assim, através da
discussão do mecanismo
dos fantasmas visuais e
auditivos se oferecem à
nossa escolha conceitos
opostos, o da influência
telepática e o da
invasão psíquica;
dizíamos que devemos
admitir ou uma ação
exercida pelo agente
sobre o espírito do
sujeito que recebe,
estimulando os trajetos
sensoriais do cérebro
deste último, de tal
forma que a impressão
exterioriza-se sob a
forma de
quase-percepção, ou
então de uma modificação
realizada pelo agente na
parte de espaço onde se
distingue uma aparição,
talvez percebida por
diversos indivíduos.
996. Naquele momento, a
hipótese da influência
telepática pareceu-nos a
mais natural, a menos
extremada, das duas,
talvez porque as imagens
de que nos ocupávamos
eram tão vagas e
obscuras. Mas agora, ao
invés de alucinações
flutuantes,
defrontamo-nos com
impulsos fortes e
duradouros que parecem
vir das profundezas do
ser e que, igual à
sugestão hipnótica, são
capazes de vencer as
resistências e
repugnâncias do sujeito
que desconhece o repouso
quando não age de acordo
com esse impulso.
Podemos também falar de
influência telepática,
mas agora o termo não
será distinto de invasão
psíquica.
997. Esse forte influxo
nervomotor, ainda que
aparente ser estranho,
corresponde, na
realidade, quase
exatamente, à ideia que
possuímos de invasão,
não só do espaço em que
está o sujeito, mas de
seu corpo e de suas
capacidades. Essa
invasão, ao se prolongar
indefinidamente, pode se
converter em possessão e
unir e intensificar, ao
mesmo tempo, as
hipóteses anteriores: a
da ação telepática sobre
o espírito do sujeito e
a presença
fantasmogênica ao seu
redor.
998. O que, de início,
parece uma simples
influência, tende a se
converter num
comportamento
persistente; o que, de
início, parecia uma
simples incursão no
ambiente do sujeito, se
converte numa incursão
no próprio organismo.
Esse ligeiro progresso
do estado vago a uma
relativa clareza da
concepção apresenta-nos
uma série de problemas
novos. Mas não devíamos
nos precipitar; alguns
desses fenômenos
precedentes podem servir
para que compreendamos
os fenômenos mais
desenvolvidos.
999. Nos casos de
desdobramento da
personalidade vimos
sobrevir os mesmos
fenômenos, quando estava
em jogo só a
personalidade do
sujeito. Vimos uma parte
do eu subliminar dominar
parcial ou
temporariamente o
organismo inteiro, quer
dirigindo os movimentos
de um braço, quer todo o
sistema nervoso, e isso
com graus variáveis de
deslocamento da
personalidade primitiva.
1000. O mesmo sucede com
a sugestão
pós-hipnótica.
Percebemos que o eu
subliminar recebia a
ordem de escrever, por
exemplo: “Parou a chuva”
e escrever imediatamente
estas palavras sem
considerar a vontade
consciente do sujeito e
desta vez também com
graus variáveis de
deslocamento do eu de
vigília. Destes ao caso
da Sra. Newman, não há
mais do que um passo.
1001. O eu subliminar
desta última, ao pôr em
movimento as capacidades
supranormais e realizar
um esforço nesse
sentido, adquire o
conhecimento de certos
fatos procedentes do
espírito da Sra. Newman
e serve-se da mão dela
para os escrever
automaticamente. O maior
problema que surge,
sobre isto, é o de saber
como a Sra. Newman
adquiriu o conhecimento
dos fatos, ou melhor, de
que forma conseguiu
escrevê-los.
1002. Mas, à medida que
progredimos, torna-se
mais difícil limitar o
problema das atividades
do eu subliminar do
autômato. Nem sempre
podemos afirmar que uma
parte da personalidade
do sujeito chegue ao
conhecimento
supranormal, através de
um esforço pessoal. As
provas a favor da
influência ou da ação
telepática externa
parecem acumular-se cada
vez mais.
1003. No caso de Kirby,
pode-se supor que o
espírito da irmã exerceu
uma ação telepática de
fora, que deu lugar a
movimentos automáticos
totalmente idênticos aos
nascidos de dentro.
Então, qual é o
mecanismo? Devemos supor
que o eu subliminar do
autômato executa os
movimentos obedecendo a
uma ordem ou influência
externa? Ou, então, o
agente externo que envia
a mensagem telepática
executa ele mesmo os
movimentos telecinésicos
que acompanham a
mensagem? Devemos supor
que estes são também
executados pelo eu
subliminar do sujeito,
sob a direção de um
espírito externo,
encarnado ou
desencarnado? Ou, então,
são efetuados
diretamente por esse
espírito externo? É
impossível dizer qual
dessas duas hipóteses é
a mais correta.
1004. Sob certo ponto de
vista, parece que o mais
simples é atermo-nos o
quanto possível a esta
vera causa que é o eu
subliminar do autômato e
compilar as observações
que atestam a existência
nele de alguma faculdade
capaz de produzir
efeitos físicos que se
estendem além do
organismo.
1005. Sobre isto
possuímos observações
fragmentárias e
inclusive a Sra. Newman
acreditava que sua
caneta, ao escrever as
mensagens que recebia
telepaticamente, de seu
marido, estava sendo
movimentada por algo
mais do que a atividade
muscular dos dedos que a
sustinham.
1006. Por outro lado,
parece improvável
atribuir à ação de um
espírito externo os
impulsos e as impressões
que, na realidade,
pertencem ao próprio
autômato e, ao mesmo
tempo, negar-se a
atribuir à mesma ação
externa os fenômenos que
se dão fora do organismo
do autômato e que se lhe
apresentam como dados
objetivos, tão
exteriores ao seu ser
como a queda de uma
maçã.
1007. Ao refletirmos
sobre estes pontos e
admitir esse gênero de
ação recíproca entre o
espírito do autômato e
um espírito exterior,
encarnado ou
desencarnado, obtemos
uma variedade realmente
desconcertante de
combinações possíveis
entre esses fatores,
variedade de influências
por parte do espírito
ativo, variedade de
efeitos que se
manifestam no espírito e
no organismo do sujeito
passivo. O que produz
essas influências e o
que é deslocado ou
substituído por elas? De
que modo colaboram dois
espíritos na possessão e
na direção de um
organismo?
1008. As palavras
possessão e direção nos
recordam o extenso
número de tradições e
crenças relacionadas aos
efeitos que os espíritos
das pessoas falecidas
podem originar, graças à
possessão e à direção
que exercem sobre os
vivos. A essas antigas
crendices nos
esforçaremos, no
capítulo seguinte, para
dar uma forma tão exata
e estável quanto seja
possível. Advirta-se que
nos propomos a atingir
esse intento com uma
disposição espiritual
inteiramente nova.
1009. O estudo da
possessão não é para
nós, como para o sábio
civilizado comum, uma
simples investigação
arqueológica ou
antropológica de formas
de superstição,
totalmente estranhas ao
pensamento sadio e
sistemático. Pelo
contrário, esse estudo
se depreende diretamente
de nossa argumentação
anterior. Esta nos é
absolutamente
necessária, tanto para a
compreensão dos fatos já
conhecidos, como para a
descoberta de fatos
ainda desconhecidos.
Sentimo-nos obrigados a
examinar certos
fenômenos definidos do
mundo espiritual, com o
fito de explicar certos
fenômenos do mundo
material.
1010. Capítulo IX –
Possessão,
arrebatamento, êxtase.
Aguardando novos
dados que veremos surgir
durante o desenrolar
deste capítulo, que nos
permitam dar uma
definição mais ampla da
possessão, vamos
defini-la dizendo que é
somente uma forma mais
desenvolta do
automatismo motor. A
diferença entre esses
dois estados consiste em
que na possessão, a
personalidade do
autômato desaparece
completamente durante
algum tempo, durante o
qual se produz uma
substituição, mais ou
menos completa, da
personalidade; a palavra
e a escrita são
manifestações de um
Espírito alheio ao
organismo do qual se
apossou.
1011. As mudanças
produzidas na opinião,
no que se refere a esta
questão, desde 1888, ano
em que concebemos, pela
vez primeira, a ideia
deste livro, são deveras
significativas. Naquela
época existia um certo
número de provas a favor
das ideias que
defendemos, mas, por
razões diversas, essas
provas podiam ser
interpretadas de
maneiras diferentes. No
que concerne aos
fenômenos apresentados
por Moses, poder-se-ia
dizer que a “direção”
sob a qual falava e
escrevia, no estado de
possessão, reduzia-se a
mera auto-sugestão ou a
impulsos oriundos de sua
personalidade mais
profunda.
1012. Não tive ocasião,
que a gentileza de seus
executores
testamentários me
propiciaram depois, de
estudar toda a série
desses fenômenos de
acordo com as anotações
originais de Moses, e de
adquirir a convicção,
que agora tenho, de que
um fator espiritual
desempenhava um papel
importante nessa extensa
série de comunicações.
Em resumo, não
suspeitava então que a
teoria da possessão
pudesse ser apresentada
como algo mais do que
uma especulação
verossímil, como uma
nova prova a favor da
sobrevivência do homem
após a morte corporal.
1013. O estado de
coisas, como sabe
qualquer leitor dos
relatórios da Sociedade
de Investigações
Psíquicas, sofreu uma
mudança total durante os
últimos dez anos. Os
fenômenos de êxtase da
senhora Piper,
cuidadosamente
observados, durante
muito tempo, pelo Dr.
Hodgson e outros,
formavam, a meu ver, o
conjunto de provas
psíquicas mais notáveis
de todas as que se
produziram em qualquer
campo. E, mais
recentemente, outras
séries de fenômenos de
êxtase, obtidas com
outros “médiuns”, ainda
que incompletas,
acrescentaram provas
materiais às que se
concluíram das
experiências da Sra.
Piper. Daí resulta que
os fenômenos de
possessão, atualmente,
são os melhores
testemunhos e,
intrinsecamente, os mais
avançados de todos os
que nos ocupamos.
1014. Mas o mero
acréscimo de provas
diretas, qualquer que
seja a sua importância,
está longe de ser a
única causa das mudanças
por nós referidas. Não
só a evidência direta
aumentou, senão que a
evidência indireta, por
seu lado, cresceu. A
noção da personalidade,
a da conduta ou
orientação dada ao
organismo pelos
espíritos se
modificaram, pouco a
pouco, a tal ponto que a
possessão, que até há
pouco passava por mera
sobrevivência do
pensamento primitivo,
pode ser agora
considerada como o
ápice, o desenvolvimento
ulterior da maioria das
experiências,
observações e reflexões
que nos mostraram os
capítulos anteriores.
1015. Vejamos o que
significa, na realidade,
a noção de possessão. É
preferível considerar,
desde o início, este
significado em toda a
sua extensão, tendo em
conta que as provas
obtidas, em diferentes
épocas, nada mais fazem
do que confirmar, em
última análise, o antigo
significado do termo. Os
casos modernos mais
espantosos, entre os
quais os de Stainton
Moses e da Sra. Piper,
que podem ser
considerados como os
mais característicos,
apresentam analogias
entre si bastante
íntimas e semelhanças
que uma análise atenta
não tarda a descobrir.
1016. Pretende-se, pois,
em primeiro lugar, que o
autômato caia no êxtase,
durante o qual “seu
espírito abandona o
corpo”, ao menos em
parte; que entre, em
todo caso, num estado no
qual o mundo espiritual
se abre, mais ou menos,
à sua percepção e no
qual, igualmente – e
aqui está um elemento
novo –, o espírito ao
abandonar o organismo
favorece a invasão deste
por outro espírito que
dele se serve, mais ou
menos da mesma forma que
o próprio espírito do
sujeito.
(Continua no próximo
número.)