Frágil é a fé
com critério,
e o que diríamos
daquela
com mistério?
Os teólogos
antigos, por
ignorância,
fizeram muitas
interpretações
erradas da
Bíblia, ora
literais, ora
alegóricas.
Essas
interpretações
são corretas,
dependendo do
texto. Mas nas
suas ideias
sobre Deus, eles
erraram muito,
pois sua visão
de Deus era bem
próxima da do
Velho Testamento
e até da
mitologia. E foi
assim que
antropomorfizaram
Deus,
oficialmente,
transformando-O
até em três
pessoas. E eles
interpretavam os
textos bíblicos
de acordo com
suas doutrinas e
adaptava-os a
elas.
Para as
doutrinas
polêmicas, os
teólogos
arranjaram uma
saída, dizendo
que elas
pareciam
contraditórias,
porque se
tratavam de
ensinos divinos
incompreensíveis
para nós. Com o
tempo, passaram
a denominá-las
de mistérios. E
para completar a
solução dessas
doutrinas
polêmicas, a
Igreja, que era
unida ao
imperador,
transformou-as
em dogmas, ou
seja, ensinos
que deveriam ser
aceitos por
todos os
habitantes do
Império Romano.
E ai de quem
discordasse de
um dogma! E eles
vingaram e estão
aí até hoje!
Alguém poderia
pensar e com
razão o que este
colunista tem a
ver com a
Igreja. Eu
responderia nada
e, ao mesmo
tempo, muito. É
que defendo o
espiritualismo,
e, sendo a
Igreja a maior
instituição
espiritualista
do mundo, não
desejo que
sucumba. Banco,
pois, uma
espécie de
“advogado do
diabo” da
Igreja. Aliás,
nesse sentido,
tenho muito a
ver também com
todas as outras
demais
religiões.
O objetivo dos
concílios
ecumênicos foi
sempre de
confirmar ou
condenar alguma
doutrina. Por
exemplo, até o
Concílio
Ecumênico de
Trento
(1545-1563), a
dança era
condenada pela
Igreja, deixando
de o ser nesse
concílio. Mas
até hoje, ainda
há católicos que
acham que é
prática
pecaminosa a
dança. E os
protestantes e
os evangélicos,
em grande parte,
ainda acham que
a dança é
pecado,
condenando-a.
Aliás, eles têm
herdado algumas
doutrinas da
Igreja que ela
já descartou há
muito tempo.
“Pistis”, em
grego, e “fides”,
em latim, têm
duas traduções:
fé e fidelidade.
O Livro de
Hebreus definiu
fé, no sentido
de crer, como a
certeza da
existência de
coisas
invisíveis, que
se esperam
(11:1). Neste
texto, se trata
de fé no sentido
de crer ou
acreditar. Mas
em muitos
textos, o
sentido é mais
de fidelidade ou
de ser fiel. Por
exemplo, a
conhecida frase
“se você tiver
fé em Jesus”,
você se salva, o
sentido é de
fidelidade,
pois, crer por
crer, acreditar
por acreditar em
Jesus, até o
“diabo” acredita
Nele, e como
acredita! E isso
não pode salvar
ninguém, pois a
cada um será
dado de acordo
com suas obras.
E a fé sem
obras, segundo
São Tiago, é
morta.
Mudanças
doutrinárias na
Igreja, através
dos concílios
ecumênicos,
acontecem mesmo
de vez em
quando, sendo,
pois, coisas
normais na
Igreja. Porém a
Igreja diz que
os dogmas são
intocáveis. Mas
foram as
doutrinas mais
polêmicas e
misteriosas que
viraram dogmas.
E, assim, é
lamentável que,
atualmente, a
Igreja chegue a
países muito
atrasados e
neles se instale
vitoriosa, mas
decresça nas
nações mais
adiantadas onde
ela, há séculos,
já estava
instalada! Um
padre disse para
mim que a Igreja
é protegida por
Deus, pois o
clero faz tudo
para acabar com
ela!
Creio que a
Igreja lamente
essa situação e
não ficará
indiferente
diante disso.
Sim, pois, se
até mesmo com
relação às
doutrinas
religiosas
racionais e sem
mistérios, às
vezes há
dificuldades
para elas serem
aceitas pelas
gerações do
Terceiro
Milênio, que
diríamos, então,
das doutrinas
meio
mitológicas,
antibíblicas e
misteriosas?