Apascenta
Um dia a fraternidade
será soberana entre
todos nós
“Pedro, apascenta as
minhas ovelhas.” -
Jesus (João, 21:17.)
Cada companheiro de
serviço cristão deverá
considerar-se
instrumento nas mãos do
Mestre Jesus, a fim de
que a sublime melodia do
Evangelho se faça
irrepreensível para a
vitória do bem, lembra
nosso estimado benfeitor
espiritual Emmanuel.
O problema da não
disseminação dos
ensinamentos do Cristo
sobre o planeta não está
na dificuldade de seu
entendimento, mas em nós
próprios, receptores
imperfeitos da perfeita
e ilimitada sabedoria do
Celeste Emissor.
O que isso significa?
Significa que, apesar de
existirem instrumentos
diferentes que emitem
sons também diferentes,
a melodia é a mesma.
Somos esses instrumentos
e o Evangelho a sublime
melodia. Então, quando
um instrumento está bem
afinado, as notas que
saem dele são claras e a
música é imediatamente
identificável. Porém,
mal cuidado, as notas
são dissonantes e a
melodia ininteligível.
O músico também é um
instrumento e, como tal,
necessita ser cuidado
com desvelo. Assim,
podemos ter um bom
músico que, descuidado,
não realiza a
interpretação que se
espera dele. Por outro
lado, um músico pouco
talentoso, esforçando-se
para superar suas
limitações, acaba
realizando um bom
trabalho.
O que podemos concluir
disso é o seguinte:
ainda que o instrumento
esteja bem afinado, se o
músico a usá-lo não
estiver também, nada
acontecerá de bom e de
útil.
Assim é com a mensagem
de Jesus. Temos à nossa
disposição vários
instrumentos para
transmitir o luminoso
sentido dos ensinamentos
sublimes do Excelso
Amigo. E o que fazemos
com esses recursos na
condição de divulgadores
do Cristianismo?
Em determinado momento
das nossas reflexões,
perguntamos a nós
mesmos: “Que tipo de
músico eu sou? De quais
instrumentos disponho
para tocar a sublime
melodia e,
principalmente, em que
estado estão esses
instrumentos?”.
Talvez sejamos um músico
não muito ruim, mas que
está se esforçando para
melhorar seus
conhecimentos e entender
melhor a partitura
divina.
Quanto aos instrumentos,
pude perceber que, na
esfera material,
disponho de todo meu
corpo: mãos, braços,
pés, olhos, ouvidos, a
fala; mas, também,
entendi que isso não é
suficiente e, buscando a
memória, dei-me conta de
que a nossa
inteligência, a nossa
vontade, os bons
sentimentos que
procuramos desenvolver
em nós são recursos
benditos com os quais o
Mestre espera podermos
espalhar a Boa Nova,
através de exemplos
adequados.
Acabei por entender que
todos nós somos
instrumentos e músicos
ao mesmo tempo, através
dos quais o Pai amoroso
permite que a Verdade,
trazida por Jesus, seja
levada a quem precisa:
consolando,
reconfortando,
agasalhando, sanando a
fome e a sede, ensinando
e amando, não importa a
quem, onde ou quando...
Sabemos que, mesmo
administrando conselhos
aos outros, ainda não
encontramos nossa
própria direção. Mas,
temos de ajudá-los para
que, através desse
exercício, possamos
encontrar o nosso
caminho.
Temos fé, mas também
temos dificuldades para
tolerar os desvios do
próximo. Outras vezes,
bondosos e confiantes,
fugimos ao estudo e à
meditação, favorecendo a
ignorância, as
interpretações errôneas
e descabidas de uma
Doutrina que é só amor,
consolo e reconforto.
Mais além,
transformamo-nos em
conselheiros excelentes,
mas não santificamos os
próprios atos, não
realizando a necessária
harmonia entre o falar e
o agir. Outras vezes,
ocupamos tribunas com um
verbo brilhante na
pregação; mas contamos
piadas menos dignas ao
invés de nos
esclarecermos para a
educação dos
sentimentos.
Alguns de nós estimam a
castidade do corpo, mas
enlouquecem pela
aquisição fácil do
dinheiro. Enquanto
outro, ao contrário,
ainda que tenha
conseguido desprender-se
das posses materiais,
cultiva verdadeiro
incêndio na carne.
Escrevemos páginas que
expressam as diretrizes
dos ensinamentos de
Jesus e não conseguimos
usufruir da intimidade
do Mestre; mas é preciso
ampliar a cultura
espírita, e por isso
prosseguimos sem
temor... Ainda somos
imperfeitos, é verdade,
mas estamos tentando, a
cada dia, ser melhores.
E é isso que importa a
Deus. É isso que Jesus
espera de nós.
Então, como podemos
perceber, apesar de
todas as dificuldades e
da nossa indiscutível
imperfeição de
seguidores do Evangelho
Redentor, é preciso
continuar caminhando.
Isso acontece porque
ainda falta coerência
entre os ensinos de
Jesus e as nossas
atitudes no dia-a-dia.
Por essa razão somos
aprendizes e nada mais
que aprendizes do
Cristo.
Esse foi o motivo que
levou o Mestre a fazer o
apelo a Simão Pedro para
que continuasse Seu
apostolado, e ele se
reveste, ainda hoje, de
significativo convite a
todos nós. Somos hoje
esses discípulos, com a
tarefa de prosseguir
exemplificando o amor, a
fraternidade, a
solidariedade
indistintamente, como
Jesus fazia, acolhendo
todos como irmãos,
filhos do mesmo pai.
O pedido que Jesus fez a
Pedro é o mesmo que
ainda faz a cada um de
nós, no recesso de
nossas consciências: que
apaziguemos tudo o que
estiver ao nosso redor,
sem gritos, castigos ou
imposições; sem abandono
dos infelizes ou
flagelação dos rebeldes;
sem lamentações ou
desesperos; que
sustentemos os
companheiros mais
necessitados que nós
mesmos, numa clara
demonstração do amor ao
próximo, mesmo que seja
alguém com quem ainda
não conseguimos uma
convivência fraternal.
E nas palavras
judiciosas de Emmanuel,
encontramos orientação
segura para o nosso
posicionamento em
relação aos ensinamentos
deixados: lembra-nos
para não desanimarmos
diante da rebeldia, e
que não condenássemos o
engano alheio, pois a
lição renovadora surgirá
adiante para todos
nós... Fala ainda da
necessidade de educar
sempre, de ajudar o
próximo ao invés de
criticá-lo, e acima de
tudo de sermos
trabalhadores fiéis à
causa que abraçamos,
sendo exigente conosco e
amparando os corações
frágeis e enfermiços que
nos acompanham no
caminho da evolução.
Quando plantamos o bem,
o tempo se encarregará
da germinação e do
desenvolvimento desse
bem. É urgente
aprendermos a não
analisar destruindo
qualquer iniciativa de
crescimento dos que
estão ao nosso redor,
pois o inexperiente de
hoje pode ser o mentor
de amanhã. Cada um de
nós tem qualidades
positivas que precisam e
devem ser destacadas. E
gostamos disso. Por
isso, meus irmãos,
sigamos em frente, pois
a vida se encarregará do
resto.
O planeta, como já
percebemos, não é
paraíso terminado e, por
essa razão, estamos
longe da angelitude. Mas
não importa em qual
posto estejamos na vida:
obedecendo ou
administrando, ensinando
ou aprendendo, é
indispensável afinarmos
o nosso instrumento de
serviço com o diapasão
do Mestre, se não
quisermos prejudicar-Lhe
as obras.
Segundo Emmanuel, para
Jesus o importante é
saber se O amamos,
porque, com amor, as
demais dificuldades se
resolvem. Se o aprendiz
do Evangelho Redentor,
que somos todos nós,
tiver suficiente
quantidade dessa
essência divina, a
tarefa mais árdua
converte-se em
apostolado de bênçãos
promissoras.
É imperioso, dessa
forma, reconhecer que as
nossas conquistas
intelectuais valem
muito, que nossas
indagações são
louváveis, mas que, em
verdade, somente seremos
eficientes colaboradores
de Jesus se tivermos
amor. O Mestre foi claro
quando asseverou para os
aprendizes que
tão-somente os que O
amarem saberão
trilhar-Lhe o caminho e
guardar-Lhe os
ensinamentos.
Mas Ele também sabe que
um dia a fraternidade
será soberana entre
todos, que a paz reinará
no planeta e que,
finalmente, teremos
aprendido.
Bibliografia:
Emmanuel/F. C. Xavier –
Fonte Viva,
lições 19 e 84 – 31ª ed.
Caminho, Verdade e Vida
– lição 97 – 17ª ed.
Palavras de Vida Eterna
– lições 135 e 175 – 20ª
ed. – Editora CEC –
Uberaba/MG – 1995.