Em mensagem publicada nesta
mesma edição na seção de
Cartas, uma leitora pede-nos
explicações sobre a frase “O
futuro a Deus pertence”,
utilizada como título do
editorial da edição 309
desta revista. O link que
remete ao editorial é este:
http://www.oconsolador.com.br/ano7/309/editorial.html
Nós, os Espíritos, somos os
construtores do próprio
destino. Nossa caminhada
rumo à meta para a qual
fomos criados depende dos
nossos esforços, de nossa
dedicação, do empenho com
que a ela nos dirigimos.
Ignoramos, contudo,
especialmente quando estamos
reencarnados, o que nos
acontecerá na atual
existência e nas próximas,
visto que o conhecimento do
futuro não está ao nosso
alcance.
A doutrina espírita trata
com clareza essa questão.
Vejamos o que, a respeito do
assunto, está consignado em
“O Livro dos Espíritos”, que
é, como se sabe, a principal
obra da doutrina espírita:
868. Pode o futuro ser
revelado ao homem?
“Em princípio, o futuro lhe
é oculto e só em casos raros
e excepcionais permite Deus
que seja revelado.”
869. Com que fim o futuro se
conserva oculto ao homem?
“Se o homem conhecesse o
futuro, negligenciaria do
presente e não obraria com a
liberdade com que o faz,
porque o dominaria a ideia
de que, se uma coisa tem que
acontecer, inútil será
ocupar-se com ela, ou então
procuraria obstar a que
acontecesse. Não quis Deus
que assim fosse, a fim de
que cada um concorra para a
realização das coisas, até
daquelas a que desejaria
opor-se. Assim é que tu
mesmo preparas muitas vezes
os acontecimentos que hão de
sobrevir no curso da tua
existência.”
870. Mas, se convém que o
futuro permaneça oculto, por
que permite Deus que ele
seja revelado algumas vezes?
“Permite-o, quando o
conhecimento prévio do
futuro facilite a execução
de uma coisa, em vez de a
estorvar, obrigando o homem
a agir diversamente do modo
por que agiria, se lhe não
fosse feita a revelação. Não
raro, também é uma prova. A
perspectiva de um
acontecimento pode sugerir
pensamentos mais ou menos
bons. Se um homem vem a
saber, por exemplo, que vai
receber uma herança, com que
não conta, pode dar-se que a
revelação desse fato
desperte nele o sentimento
da cobiça, pela perspectiva
de se lhe tornarem possíveis
maiores gozos terrenos, pela
ânsia de possuir mais
depressa a herança,
desejando talvez, para que
tal se dê, a morte daquele
de quem herdará. Ou, então,
essa perspectiva lhe
inspirará bons sentimentos e
pensamentos generosos. Se a
predição não se cumpre, aí
está outra prova,
consistente na maneira por
que suportará a decepção.
Nem por isso, entretanto,
lhe caberá menos o mérito ou
o demérito dos pensamentos
bons ou maus que a crença na
ocorrência daquele fato lhe
fez nascer no intimo.”
A restrição ao conhecimento
do futuro, claramente
explicada nas questões
precedentes, é reafirmada na
pergunta n. 144 do livro “O
Consolador”, de Emmanuel,
obra psicografada por Chico
Xavier, na qual o conhecido
instrutor espiritual diz:
“Os Espíritos de nossa
esfera não podem devassar o
futuro, considerando essa
atividade uma característica
dos atributos do Criador
Supremo, que é Deus. Temos
de considerar, todavia, que
as existências humanas estão
subordinadas a um mapa de
provas gerais, onde a
personalidade deve
movimentar-se com o seu
esforço para a iluminação do
porvir, e, dentro desse
roteiro, os mentores
espirituais mais elevados
podem organizar os fatos
premonitórios, quando
convenham as demonstrações
de que o homem não se resume
a um conglomerado de
elementos químicos, de
conformidade com a definição
do materialismo
dissolvente”.
Segundo o que Allan Kardec
ensina no cap. XVI, itens 7
a 10, do livro “A Gênese”, a
extensão das faculdades
perceptivas dos Espíritos
depende, de fato, da efetiva
elevação deles. Essa
faculdade é inerente ao seu
estado de espiritualização,
ou desmaterialização. Quer
isto dizer que a
espiritualização produz um
efeito que se pode comparar,
se bem muito
imperfeitamente, ao da visão
de conjunto que tem o homem
colocado sobre a montanha.
No mesmo livro e no mesmo
capítulo Allan Kardec
transmite-nos, nos itens 12
a 15, duas informações muito
importantes para que
possamos compreender melhor
a frase que suscitou dúvida
em nossa leitora:
1ª
- As mais das vezes, os
acontecimentos vulgares da
vida privada são
consequência da maneira de
proceder de cada um, de modo
que se pode dizer que cada
um é o artífice do seu
próprio futuro, futuro que
jamais se encontra sujeito a
uma cega fatalidade.
2ª
- Os acontecimentos que
envolvem interesses gerais
da Humanidade têm a
regulá-los a Providência.
Quando uma coisa está nos
desígnios de Deus, ela se
cumpre a despeito de tudo,
ou por um meio, ou por
outro. Os homens concorrem
para que ela se execute;
nenhum, porém, é
indispensável, pois, do
contrário, Deus estaria à
mercê de suas criaturas. Se
faltar aquele a quem incumba
a missão de a executar,
outro será dela encarregado.
Não há missão fatal; o homem
tem sempre a liberdade de
cumprir ou não a que lhe foi
confiada e que ele
voluntariamente aceitou.
À vista disso, parece-nos
bem clara a legitimidade da
frase “O futuro a Deus
pertence”, tanto quanto o
seu significado.
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