Explicando os extremos
"A justiça trabalha em
favor da educação
utilizando-se de métodos
disciplinares, inclusive
limitando a liberdade do
delinquente, a fim de
poupá-lo, bem como a
comunidade, de males
mais graves.” – Joanna
de Ângelis.
Circulou pela Internet
no dia 13/5/2013, a
notícia de uma criança
americana, Jacob Barnett,
diagnosticada como
autista e cujo
prognóstico era ruim: os
especialistas diziam à
sua mãe que ele
provavelmente não
conseguiria aprender a
ler ou sequer a amarrar
seus sapatos. Como
sabemos, o autismo é uma
patologia mental que
leva a criança a
fechar-se dentro do seu
mundo interior, não
tomando conhecimento da
realidade exterior que a
circunda.
Jacob era, portanto,
portador de autismo, o
que causava um
prognóstico ruim do seu
quadro mental.
A mãe iniciou a sua luta
contra a enfermidade
colocando-o em um
programa especial de
aprendizagem e terapia
específica para o caso.
Fora da terapia a mãe do
menino começou a
observar que ele fazia
coisas extraordinárias.
Criava mapas no chão da
sala, com cotonetes, de
lugares que havia
visitado. Próximo dos 4
anos de idade, a criança
sabia o alfabeto do fim
para o começo e falava
quatro línguas!
Certa vez a mãe levou o
menino para um passeio
no campo e os dois se
deitaram no capô do
carro para observar as
estrelas. Meses depois,
em uma visita a um
planetário, um professor
perguntou à plateia
coisas relacionadas a
tamanhos de planetas e
às luas que gravitam ao
redor. Para a surpresa
da mãe, o pequeno Jacob
levantou a mão para
responder. Para ela foi
a certeza de que o filho
tinha uma inteligência
fora do comum. Com nove
anos de idade Jacob
começou a desenvolver
teorias sobre
astrofísica. Aos onze
entrou na Universidade
onde faz pesquisas
avançadas em física
quântica. Aos 14 anos
prepara o seu mestrado
nessa área. Segundo
alguns especialistas, a
inteligência do
adolescente é superior à
de Albert Einstein!
Diante de tal quadro de
inteligência
excepcional, o que uma
mãe que tem um filho
deficiente mental tem o
direito de perguntar? Se
ela não acreditar em
Deus, a resposta será
fácil: uma combinação ao
acaso de genes foi o
responsável pelo
surgimento do gênio,
enquanto uma deficiência
qualquer explicada pela
parte material da vida
deu origem ao filho
deficiente mental. Mas,
e se ela acreditar na
existência de um Ser
supremo? Como explicar
que Deus tivesse
escolhido Jacob para ser
um gênio e ao filho de
uma senhora qualquer
para nascer um
deficiente mental? Que
Justiça e Bondade
infinitas sobreviveriam
a esse questionamento?
Mas os desígnios de Deus
não devem ser
interpelados! – fulminam
outros como se
encerrassem o assunto de
maneira magistral. Mas
não encerram. Deus não
deseja que o homem O
compreenda cada vez mais
em toda a sua grandeza?
Sim ou não? Se a
resposta for “não”, o
assunto também estará
encerrado através de uma
explicação extremamente
dogmática. Se o
conhecimento cada vez
maior da Divindade é que
nos permitirá amá-Lo
cada vez mais, o “não”
entrará em choque com
esse desejo. Não foi
Jesus quem afirmou que
conheceríamos a Verdade
e a Verdade nos
libertaria? Que verdade
maior do que Deus
existe? Então, a
resposta é afirmativa:
sim, Deus deseja que O
compreendamos cada vez
mais, por isso temos o
direito e o dever de
procurar as respostas
dos por quês da vida.
Diante dessa realidade
procede a interrogação
da mãe do filho
deficiente: como
explicar a deficiência
de um e a genialidade de
outro? E a única
filosofia que explica de
maneira não dogmática a
essa indagação está
contida na resposta de
número 372 de O Livro
dos Espíritos: os
cretinos e os idiotas
são Espíritos em
punição, habitando,
temporariamente, corpos
deficientes que
representam uma prisão
também temporária, onde
podem refletir sobre os
desequilíbrios cometidos
perante as Leis da Vida.
Que resposta mais
perfeita pode existir
que combine a Bondade e
a Justiça Divina através
da reencarnação? O
Espírito recebe uma
pausa para refletir
sobre si mesmo. É a
única explicação para
esses dois extremos da
genialidade e da
deficiência mental.
Einstein afirmava que
Deus não jogava dados,
referindo-se à perfeição
do Universo. Stephen
Hawking, o gênio
encarnado, afirma o
contrário. Segundo ele,
os buracos negros
sugerem que Deus não só
joga dados, mas Ele às
vezes nos confunde
jogando-os onde ninguém
os pode ver. Ora, se
ninguém pode ver, como
afirmar que se trata de
um dado ou de um
organograma
absolutamente perfeito
em execução? A
ingenuidade leva as
crianças a ver nas
nuvens do céu a figura
de um carneiro, de uma
árvore, de um cachorro.
Não estaria ocorrendo o
mesmo conosco ao
olharmos para os buracos
negros do Universo?
Vendo dados onde nossa
inteligência não
consegue ir mais além?
Não seríamos como as
crianças observando as
nuvens? Outro ponto: a
perfeição exclui a
condicional de jogar
dados “às vezes”, porque
o que é perfeito não
pode sofrer o impacto do
acaso uma única vez que
seja. Jacob, segundo
especialistas, tem uma
inteligência superior ao
do gênio do século XX.
Não seria interessante
conhecer, um dia, a
opinião dele sobre esse
Infinito que não cessa
de ser ampliado com um
equilíbrio que deixa o
mais materialista dos
cientistas com “a pulga
atrás da orelha”? Ou
será mais científico
dizermos: com alguma
dúvida atrás de todas as
mais sólidas convicções
materialistas? Um jogo
ou um planejamento
perfeito: são extremos a
ser explicados...