A Concepção de
Maria
segundo o
Espiritismo
Maria de Nazaré
é certamente uma
das figuras mais
emblemáticas e
importantes da
era cristã, não
somente por
receber a missão
de trazer ao
mundo Jesus, mas
também pela
forma com a qual
conduziu o
Mestre, sempre
demonstrando
amor, fé e
sabedoria, mesmo
durante o
calvário de seu
filho.
Boa parte dos
cristãos enxerga
Maria como uma
santidade,
outros, apenas a
mulher que
trouxe ao mundo
o Messias. Em
comum, há no
mínimo um grande
respeito pela
personalidade
mariana. Através
de diversas
manifestações de
fé e
religiosidade
pelo mundo,
Maria recebeu
diferentes
nomes, e é
lembrada de
diversas formas,
tornando-a um
grande vulto do
Cristianismo.
A História de
Maria
A história da
genitora do
Mestre de
Nazaré, para
muitos, é
cercada de
mistérios desde
o período que
antecede a seu
próprio
nascimento no
plano físico.
Segundo os
registros
contidos no
Protoevangelho
de Tiago,
Maria era filha
de Joaquim, um
judeu de posses
que vivia na
região de
Nazaré, o qual
sempre oferecia
doações aos
pobres e
oferendas aos
templos. Tiago
narra que, em
certa feita, um
sacerdote
chamado Ruben
proibiu Joaquim
de realizar
doações, pois o
mesmo não havia
gerado nenhum
rebento em
Israel, o que
contrariava as
leis judaicas.
Joaquim, diante
das
circunstâncias,
caiu em profunda
tristeza e
decidiu jejuar
por 40 dias e 40
noites em uma
montanha
deserta, dizendo
a si mesmo: "Não
voltarei ao lar
nem pra comer ou
beber, até que o
senhor venha
visitar-me. As
minhas orações
me servirão de
bebida e comida
aqui no
deserto".
Enquanto isso,
em sua casa, Ana
chorava a
ausência do
marido, dividida
entre a dúvida
da viuvez e a
culpa da
esterilidade.
Até que um dia,
em meio a suas
súplicas, Ana
recebe a visita
de um "anjo" que
lhe disse: "Ana,
Ana, o senhor
ouviu as tuas
preces. Eis que
conceberás e
darás a luz a um
filho. E o fruto
do teu ventre
será conhecido
em todo mundo".
No mesmo dia,
Joaquim, ainda
sobre a
montanha, avista
dois mensageiros
de Deus que lhe
dirigiram a
palavra:
"Joaquim, o
senhor ouviu
tuas preces,
desce daqui e
vai a Ana, tua
mulher, porque
ela conceberá em
seu ventre".
Desta forma,
Joaquim retornou
ao lar e, pouco
tempo depois,
Ana engravidou e
deu a luz a uma
menina, a qual
recebeu o nome
de Maria.
Ao completar 3
anos, Maria é
levada por seus
pais ao templo
judaico e lá
permanece sob a
tutela dos
sacerdotes até
os 12 anos,
idade em que
deveria ser
retirada do
templo, antes do
período de sua
menarca.
O problema é
que, nessa
época, Maria já
havia se tornado
órfã. Foi então
que os
sacerdotes
reuniram os
viúvos da região
e, através da
orientação de um
"anjo",
escolheram José
para recebê-la.
Segundo o
apócrifo
atribuído a
Tiago, José era
um homem idoso,
portanto, bem
mais velho que
Maria. Seu dever
era proteger a
jovem, que era
considerada
pelos
representantes
do judaísmo uma
enviada de Deus,
portanto, a
mesma permaneceu
intocada.
A Concepção da
Virgem segundo a
Tradição
O maior mistério
atribuído a
Maria, pelo
menos para os
mais religiosos,
indubitavelmente
é o que diz
respeito à
concepção
virginal. Os
evangelhos
canônicos de
Lucas e Mateus
contam que Maria
manteve-se
virgem e que
Jesus fora
concebido pelo
"Espírito
Santo", ou seja,
a fecundação de
Maria aconteceu
de forma
"milagrosa", sem
a participação
de um pai
natural.
De acordo com as
escrituras
sagradas, Maria
recebeu a visita
do anjo Gabriel,
o qual anunciou
à jovem sua
concepção
através da
intervenção do
"Espírito
Santo". A partir
de então, Maria
fora acolhida
por sua prima
Isabel, mãe de
João Batista,
pois José tivera
que se ausentar
por um período
para trabalhar.
Ao retornar, o
marido de Maria
se deparou com a
mesma, já no
sexto mês de
gravidez, não
acreditando na
fidelidade da
virgem. Então,
José é visitado
por uma entidade
angelical que
lhe esclarece a
situação. Depois
deste evento, a
mãe de Jesus
segue
tranquilamente
sua gestação até
o nascimento do
enviado de Deus,
que ocorreu
através de um
parto
fisiológico,
conforme a
história que
todos conhecem.
A Concepção de
Maria segundo o
Espiritismo
O Espiritismo é
uma ciência de
observação e ao
mesmo tempo uma
doutrina
filosófica de
consequências
religiosas, que
trata da
natureza, origem
e destino dos
Espíritos e de
suas relações
com a vida
material. Além
disso, a
Doutrina
Espírita nos
convida a
desenvolver uma
fé raciocinada,
analisando os
fatos de forma
coerente,
buscando
compreender a
razão daquilo
que acreditamos.
Allan Kardec
defende que a
religião deve
caminhar em
consonância com
a ciência, de
modo que a
primeira não
ignore a última
e vice-versa. E
é baseado nesses
princípios que
analisaremos a
questão proposta
neste artigo.
Para algumas
religiões, a
concepção de
Maria é tida
como um milagre,
através da ação
do "Espírito
Santo". Este
fato, explicaria
uma fecundação
assexuada. Já
segundo a
Doutrina
Espírita, não
existem
milagres, todos
os
acontecimentos
fazem parte da
Lei Natural,
criada por Deus
em sua infinita
perfeição, desta
forma, não há a
necessidade de o
Criador realizar
milagres para
provar sua
grandiosidade. A
questão dos
milagres para o
Espiritismo é
elucidada em "A
Gênese", no
tópico, "Faz
Deus milagres?":
"Não sendo
necessários os
milagres para a
glorificação de
Deus, nada no
Universo se
produz fora do
âmbito das leis
gerais. Deus não
faz milagres,
porque, sendo
como são
perfeitas as
suas leis, não
lhe é necessário
derrogá-las.
Se há fatos
que não
compreendemos, é
que ainda nos
faltam os
conhecimentos
necessários".
O fato de Jesus
ter sido gerado
de forma
milagrosa
contraria as
vias normais de
reprodução, e
para o
Espiritismo esta
é uma questão
relevante, uma
vez que a
reprodução
humana é uma
consequência das
Leis Naturais de
Deus.
A doutrina
codificada por
Allan Kardec não
nega a
participação do
"Espírito Santo"
na concepção de
Jesus, até
porque sua
reencarnação foi
minimamente
planejada pela
espiritualidade
superior (aqui
entra a
participação do
"Espírito
Santo"),
entretanto, a
fecundação de
Maria se deu por
vias normais,
através de
relação sexual
entre ela e
José, como
acontece entre
todos os casais.
Mas então, como
surgiu o mito da
virgindade de
Maria?
Acredita-se que
a Igreja tenha
disseminado essa
tese, a fim de
diminuir a
promiscuidade
entre as
pessoas. A
prática sexual
naquela época
era permitida
apenas com o
intuito de
procriação, isso
para não
provocar a
extinção da raça
humana. Quanto
menor fosse a
relação sexual
entre os casais,
menores seriam
os seus pecados.
Jesus com o
passar do tempo
tornou-se uma
figura
mitológica e,
como sendo um
Deus, não
poderia ter
nascido do
pecado original
cometido por
Adão e Eva.
Apesar dessas
considerações, o
Novo Testamento
utiliza o termo
"O Filho do
Homem" 88 vezes.
Esse termo
refere-se a
Jesus como um
ser humano, e
como tal, seu
nascimento só
poderia ter
acontecido de
forma natural.
Nas epístolas de
Paulo, que são
os registros
mais antigos
contidos na
Bíblia, não há
evidências da
virgindade de
Maria; o
apóstolo
refere-se a ela
apenas como a
mãe de Jesus. Os
evangelhos
bíblicos
reforçam ainda
que Maria e José
tiveram outros
filhos, não
podendo
persistir a
virgindade de
Maria:
"Não é este o
filho do
carpinteiro? Não
é Maria sua mãe?
Não são seus
irmãos Tiago,
José Simão e
Judas?"
(Mateus 13, 55)
A grande
diferença em
tudo isso é que
o Espiritismo
não interpreta o
ato sexual como
um pecado. O que
torna o sexo
imoral é como as
pessoas o
praticam. Não
devemos viver
para a prática
sexual, mas o
sexo é
importante para
gerar a vida,
sendo um
mecanismo
natural do ser
humano.
A Visão do
Espiritismo
sobre Maria
É certo que
Maria faz parte
de um grupo de
Espíritos
evoluídos que
vieram para
preparar a
chegada de
Jesus. É um
Espírito tão
puro, que
recebeu a missão
nobre de
conduzir o
governador da
Terra, modelo e
guia da
humanidade.
Maria é sinônimo
de amor, prova
disto foi a sua
resignação ao
presenciar o
sofrimento de
seu filho, em
nome da salvação
da humanidade. E
é por isso que
este Espírito
desperta tanta
simpatia e
admiração entre
as pessoas. Há
quem acredite
que pedir a
intercessão de
Maria é o método
mais eficaz de
se chegar a
Jesus, pois um
filho não
negaria o pedido
de uma mãe.
Na literatura
espírita,
encontramos
vários registros
sobre Maria na
espiritualidade.
O livro Memórias
de um Suicida
descreve as
atividades da
Legião dos
Servos de Maria,
um grupo de
Espíritos
especializados
no resgate de
suicidas nas
zonas
inferiores. Após
o socorro dos
réprobos, os
mesmos são
encaminhados ao
Hospital Maria
de Nazaré. Esta
instituição é
dirigida pela
mãe de Jesus.
Camilo Cândido
Botelho, autor
espiritual desta
obra, relata que
a tarefa de
cuidar de
Espíritos
suicidas não
poderia ser
desempenhada por
outro Espírito a
não ser Maria,
por ela ser a
referência de
amor e de
dedicação
fraternal.
Além disso,
milhares de
fiéis pelo mundo
todo dedicam sua
fé e devoção a
Maria. Em
virtude disso,
existem
Espíritos
abnegados que
trabalham em seu
nome, recebendo
os pedidos e as
orações e
auxiliando
aqueles que
sofrem.
É importante
ressaltar que a
Doutrina
Espírita
alimenta um
profundo
respeito a
qualquer forma
de convicção
religiosa, mesmo
posicionando-se
de forma
diferente. E
sabemos que
Maria é um
Espírito de luz
e trabalha ao
lado de Jesus em
benefício da
humanidade.
Referências:
A Epístola
Lentuli - Pedro
de Campos.
A Gênese - Allan
Kardec.
O Evangelho de
Tiago - Autor
desconhecido.
Memórias de um
Suicida - Yvonne
A. Pereira, pelo
Espírito Camilo
Cândido Botelho.