Nas visitas que eu e minha
esposa fazíamos duas a três
vezes por ano, naquela
época, junto aos trabalhos
de Chico, na periferia de
Uberaba, sempre aprendíamos
muito, mas muito mesmo.
Certa vez, estivemos na
periferia da cidade, onde
por muitos anos Chico
manteve, junto com seu
grupo, um trabalho de
assistência. Era num bairro
afastado, muito humilde,
onde só havia uma cobertura
pequena em discreto lugar e
pouquíssimos lugares para
se sentar: bancos feitos na
madeira tosca e singela e o
resto, só um terreno baldio.
Ali, quando Chico
comparecia, centenas de
pessoas, de todo lugar do
Brasil, além das pessoas
simples daquele lugar, que
amavam o médium,
compareciam.
O que nos chamou a atenção
foi o início do trabalho.
Como todos os espíritas têm
o costume de fazer, um livro
foi escolhido e, para Chico,
era sempre “O Evangelho
segundo o Espiritismo”.
Abrir uma página “ao acaso”,
esse é o nosso hábito.
Não foi o que vi. Chico,
lentamente, pegou o livro,
folheou-o, e foi mudando,
página a página; ele parecia
conversar com alguém. Às
vezes, seus lábios pareciam
mexer-se.
Ao contrário do que estamos
acostumados a fazer, quando
abrimos um livro para nossa
prece diária, nada de
pressa, de abrir
subitamente.
Chico consultava as páginas
com tamanho cuidado e,
evidentemente, dirigido por
alguém, que senti quanto ele
respeitava a influência do
mais alto para cada momento
em que uma página deveria
ser aberta.
Naquele minuto, aprendi a
nunca mais abrir subitamente
um livro de mensagens antes
de uma prece. Afinal, se
Chico, o médium a serviço da
mensagem cristã, o fazia com
tanta calma e compenetração,
por que nós, espíritas em
aprendizado, deveríamos
fazê-lo de forma abrupta?
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