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Clássicos do Espiritismo
Ano 7 - N° 323 - 4 de Agosto de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 48)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. É verdade que, na época em que este livro foi escrito, o grau de satisfação espiritual do homem era na Europa muito baixo?  

Sim. Vivia-se, então, um período de inquietação profunda na Europa. Em nenhuma outra época, diz Myers, o grau de satisfação espiritual do homem esteve tão baixo, no que diz respeito à intensidade de suas necessidades. O antigo alimento, ainda que administrado de modo mais circunspecto, era demasiadamente pouco substancioso para a sua geração. (A Personalidade Humana. Capítulo X – Conclusão.) 

B. No tocante às mensagens mediúnicas, qual era, então, a convicção predominante?  

Segundo Myers, em sua época prevalecia a convicção de que as mensagens seriam capazes de se tornarem contínuas e progressivas, e que entre o mundo visível e o invisível existiria um caminho de comunicação que as gerações futuras desejarão alargar e iluminar. “Nossa época pode parecer a melhor; as deles lhes parecerão igualmente melhores e maiores”, afirmou Myers. (Obra citada. Capítulo X – Conclusão.) 

C. Qual é, segundo o autor desta obra, o nosso destino?  

Evolução espiritual. Esse é o nosso destino neste e no outro mundo; uma evolução gradual em numerosas etapas, à qual é impossível designar um limite. (Obra citada. Capítulo X – Conclusão.)

Texto para leitura 

1159. Cap. X – Conclusão. A tarefa que me propus, ao iniciar esta obra, pode considerar-se como realizada. Abordando sucessivamente cada um dos pontos de meu programa, apresentei, não todas as provas que possuo, e que gostaria de ter exposto, mas um número de dados suficientes para ilustrar uma exposição contínua, sem que meu livro corra os riscos de ultrapassar os limites além dos quais não teria encontrado leitores.

1160. Indiquei, igualmente, as condições principais que se depreendem, imediatamente, desses dados. As generalizações mais vastas, às quais posso entregar-me agora, são perigosamente especulativas; são de natureza a fazer com que se desviem desse gênero de investigações alguns espíritos científicos, cuja adesão me interessa especialmente.

1161. Sem dúvida, esse é um risco que prefiro correr, por duas razões, ou melhor, por uma razão capital, suscetível de ser considerada sob dois aspectos: é, em particular, impossível deixar esse acúmulo de informações obscuras e pouco familiares sem algumas palavras de generalização mais ampla, sem uma conclusão que estabeleça uma relação mais específica entre essas novas descobertas e os esquemas já existentes do pensamento e das crenças dos homens civilizados.

1162. Considero, primeiramente, este ensaio de síntese como necessário para o fim prático, que consiste em arrolar o maior número possível de auxiliares nesse tipo de investigações. Como tive ocasião de dizer mais de uma vez, não é a oposição, antes a indiferença que tem sido o verdadeiro obstáculo ao seu progresso. Ou, se a palavra indiferença é demasiado forte, o interesse provocado por essas investigações não foi suficiente para suscitar as colaborações tão numerosas e eficazes como as que se manifestam em todas as ciências que o mundo acostumou-se a respeitar.

1163. Nossas investigações se referem a um tipo de fatos que não são os da religião, nem os da ciência e não podem pedir o apoio nem do “mundo religioso” nem da Société Royale. Mas, afora o instinto de curiosidade científica pura (que, com certeza, raríssimas vezes viu abrir-se diante de si um campo tão amplo e pouco explorado), os problemas capitais, cujo mistério guardam esses fenômenos, constituem uma atração suficiente, excepcionalmente pujante.

1164. De outro lado (e aqui a razão de ordem prática que demos acima toma um caráter mais amplo e profundo) seria injusto, frente aos dados adquiridos, terminar esta obra sem tocar de forma mais direta algumas das convicções mais profundas do homem. Sua influência não deve estar limitada às conclusões, por mais importantes que sejam algumas delas, que se depreendem imediatamente.

1165. Essas descobertas são de natureza a contribuir, em especial, para o acabamento final do programa de dominação científica que a Instauratio Magna formulou para a humanidade. Bacon previu a vitória progressiva da observação e da experiência, o triunfo do fato real e analisado, em todos os domínios do saber humano; em todos, menos um. Com efeito, abandonou à autoridade e à fé o domínio das “coisas divinas”. Desejo mostrar que essa grande exceção não está ainda justificada.

1166. Acho que existe um método de chegar ao conhecimento dessas coisas divinas com a mesma certeza e segurança tranquila que devemos aos progressos no conhecimento das coisas terrestres. A autoridade das religiões e das igrejas será, dessa forma, substituída pela observação e a experiência. Os impulsos da fé se transformarão em convicções racionais e solucionadas que farão nascer um ideal superior a todos os que a humanidade concebeu até hoje.

1167. Na maioria, os leitores das páginas anteriores estarão, sem dúvida, preparados para uma opinião expressa com tanta franqueza. Mas serão poucos aos que esta opinião não parecerá, à primeira vista, estranha e inverossímil. A filosofia e a ortodoxia colocar-se-ão de acordo para torná-la presunçosa e a própria ciência não aceitará sem objeção que se admitam em seus quadros fatos cuja existência costumava negar desde os tempos mais remotos e cujo valor desconhece.

1168. Não necessito descrever aqui, extensamente, a inquietação profunda de nossa época. Em nenhuma outra o grau de satisfação espiritual do homem esteve tão baixo, no que diz respeito à intensidade de suas necessidades. O antigo alimento, ainda que administrado de modo mais circunspecto, é demasiadamente pouco substancioso para nós, modernos.

1169. Duas correntes opostas atravessam nossas sociedades civilizadas: de um lado a saúde, a inteligência, a moralidade, todos esses dons que os progressos rápidos da evolução planetária proporcionam ao homem, adquiriram proporções extraordinárias; do outro, esta mesma saúde e prosperidade ressaltaram ainda mais o Welt-Schmers (1) que corrói a vida moderna, a perda de toda a fé real na dignidade, no sentido, na infinidade da vida.

1170. São muitos, com certeza, os que aceitam, com facilidade, essa limitação do horizonte, os que veem sem pena que toda esperança elevada se dissipa e obscurece sob a influência das atividades e prazeres terrenos. Mas outros existem que não se dão por satisfeitos com tão pouco; parecem crianças demasiado grandes para os jogos com que se lhes divertem e que estão dispostos a cair na indiferença e no descontentamento, contra os quais o único remédio consiste na iniciação nos trabalhos sérios dos homens.

1171. Conheceu a Europa uma crise semelhante. Época houve em que a candura alegre, os impulsos irrefletidos do mundo primitivo desapareceram, onde a beleza deixou de ser o culto dos gregos e Roma, a religião dos romanos. A decadência alexandrina, a desolação bizantina encontraram sua expressão em diversos epigramas que poderiam ter sido escritos em nossos dias. Produziu-se, então, uma grande invasão do mundo espiritual e com as novas raças e os novos ideais a Europa recobrou a juventude.

1172. O único efeito deste grande impulso cristão começa, talvez, a atenuar-se. Porém, mais benesses podem vir de uma região donde a graça viera certa vez. A agitação de nossa época é a da adolescência, não a da senilidade; anuncia antes a proximidade da puberdade, que a da morte.

1173. O que nossa época exige não é o abandono de todo esforço, mas uma tensão de todos os nossos esforços; está madura para um estudo das coisas invisíveis tão sério e sincero como o que a ciência aplicou aos problemas terrestres. Em nossos dias, o instinto científico, desenvolvido há pouco na humanidade, parece tomar fôlego para adquirir a importância que o espírito religioso teve no passado, e se existe a menor fenda através da qual seja possível ver o que ocorre fora da cadeia planetária, nossos descendentes apressar-se-ão em se valer dela e desenvolvê-la.

1174. O esquema de conhecimentos que se impõe a esses investigadores deve ser tal que, mesmo superando nossos atuais conhecimentos, dê-lhes seguimento; por conseguinte, tratar-se-á de um esquema não-catastrófico, mas evolucionista, não promulgado e terminado num momento, mas que se desenvolve aos poucos em investigações progressivas.

1175. Não deve, da mesma forma, existir uma mudança contínua, um progresso sem fim do ideal humano, de sorte que a fé abandone seu ponto de vista limitado para colocar-se no do futuro sem fim, menos para suprir as lacunas da tradição do que para tornar mais intensa a convicção de que existe uma vida superior, para a qual se deve trabalhar, uma santidade que se pode alcançar um dia, em virtude de uma graça e mediante esforços até aqui desconhecidos?

1176. Pode ser que nas gerações vindouras a fé mais verdadeira consista nos incessantes esforços para encontrar entre os fenômenos confusos algum indício do mundo superior, de encontrar “a substância das coisas aguardadas, a prova das coisas invisíveis”. Confesso, por meu lado, que, com frequência, tenho a impressão de que nossa época foi favorecida de forma excepcional, que nenhuma revelação, nem certeza futuras, igualará a alegria desse grande esforço contra a dúvida em prol da certeza, contra o materialismo e o agnosticismo que acompanharam os primeiros avanços da ciência, por uma convicção científica mais profunda de que o homem possui uma alma imortal.

1177. Não conheço outra crise de fascínio mais intenso; mas isto não é, talvez, depois de tudo, senão a incapacidade da criança faminta de imaginar coisa mais agradável que o primeiro pedaço de pão que leva à boca. Demos-lhe apenas isto e pouco se importará em saber se um dia será primeiro ministro ou trabalhador rural.

1178. Por transitório e dependente que seja o lugar que ocupamos na história dos esforços humanos, é outra nuance de um sentimento que muitos conheceram. Sentiram especialmente que a incerteza comunica à fé um alcance e um valor que a certeza científica é incapaz de oferecer. Experimentaram uma alegria austera na escolha da virtude, sem alcançar qualquer recompensa da virtude.

1179. Essa alegria, semelhante à alegria de Colombo ao navegar a oeste de Hierro, não pode ser, talvez, reproduzida sob os mesmos aspectos. Todavia, para descer a uma comparação mais humilde, jamais o homem será capaz de se dedicar ao estudo com o mesmo espírito de fé pura, sem antecipação dos resultados, como ao aprender o alfabeto nos joelhos de sua mãe. Diminuiu, depois, nosso esforço intelectual? Sentimos que já era desnecessário lutar contra a inércia, porque soubemos que o conhecimento trazia uma recompensa segura?

1180. As variedades das alegrias espirituais são infinitas. Na época de Tales, a Grécia experimentara a alegria da primeira noção vaga da unidade das leis cósmicas. Na época do Cristianismo a Europa recebera a primeira mensagem autêntica de um mundo situado além do nosso.

1181. Em nossa época prevalece a convicção de que as mensagens são capazes de se tornarem contínuas e progressivas, que entre o mundo visível e o invisível existe um caminho de comunicação que as gerações futuras desejarão alargar e iluminar. Nossa época pode parecer a melhor; as deles lhes parecerão igualmente melhores e maiores.

1182. Evolução espiritual: esse é o nosso destino neste e no outro mundo; a evolução gradual em numerosas etapas, à qual é impossível designar um limite. E a paixão da vida não é a debilidade egoísta, antes, um fator de energia universal. Deve-se manter sua força intacta, mesmo quando nossa lassidão nos impulsione a cruzar os braços num repouso eterno; deve sobreviver e aniquilar as “dores que conquistam a verdade”.

1183. Se os gregos consideravam como uma deserção do posto designado na batalha o fato de deixar através do suicídio a vida terrestre, quanto mais é covarde o desejo de desertar do cosmos, a resolução de nada esperar, não só do planeta, mas do conjunto das coisas!

1184. Todavia, o homem pode sentir-se na sua casa no universo infinito; o pavor maior já passou; a verdadeira segurança começa a ser adquirida. O medo maior era o da extinção ou de solidão espiritual; a verdadeira segurança reside na lei da telepatia.

1185. Elucidarei meu pensamento. À medida que consideramos os diversos aspectos sucessivos da telepatia, vimos que o conceito se alargava e se tornava mais profundo, gradualmente, durante o curso de nossos estudos. No princípio, se nos mostrou como uma transmissão quase mecânica de ideias e imagens de um cérebro a outro. E finalmente vimos que revestia uma forma mais variada e imponente, como se expressasse a verdadeira invasão por um espírito longínquo.

1186. Pudemos assinalar à sua atividade uma extensão maior que qualquer espaço da terra ou do oceano, preenchendo o abismo que separa os espíritos encarnados dos espíritos desencarnados, o mundo visível do invisível. Dir-se-ia não existir limite para a distância de suas operações, como não há para a intimidade de suas invasões.  (Continua no próximo número.) 
 

(1) Welt-Schmers ou Weltschmerz é um termo cunhado pelo autor alemão Jean Paul Richter e denota o tipo de sentimento experimentado por alguém que entende que a realidade física nunca pode satisfazer as exigências da mente. Ele também é utilizado para designar o sentimento de tristeza ao pensar sobre os males do mundo.




 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita