No trato com os
sofredores
Efigênio S.
Vítor
Nossos modestos
apontamentos
desta noite
objetivam
acordar-nos a
atenção para a
responsabilidade
no trato com os
desencarnados
sofredores,
transviados em
treva e
perturbação.
É imprescindível
aplicar a
psicologia
cristã em todas
as fases do
intercâmbio.
Em várias
circunstâncias,
essas entidades
jazem
extremamente
ligadas aos
nossos corações.
O obsessor muita
vez será o
companheiro
enternecidamente
querido à nossa
alma e que se
nos distanciou
do caminho. Será
um pai muito
amado que nos
partilhou a luta
em passado
próximo... Será
uma criatura
jungida a nós
outros, através
de vínculos
preciosos que o
pretérito nos
restitui...
A amnésia
temporária, que
nos é imposta
durante a
reencarnação, à
maneira de
supremo recurso
da Lei Divina
para
acomodar-nos a
mente enfermiça
à extirpação dos
males profundos
que nos
atormentam a
alma, não nos
exime da
cortesia e do
respeito para
com os seres que
nos compartilham
a sorte.
Daí procede o
imperativo de
muito carinho,
prudência e
ponderação na
abordagem das
mentes
desequilibradas
que nos visitam.
A sessão
mediúnica para
socorro a
desencarnados
padecentes pode
ser comparada a
uma clínica
psiquiátrica,
funcionando em
nome da bondade
de Nosso Senhor
Jesus Cristo.
O doutrinador ou
os doutrinadores
são médicos e
enfermeiros com
obrigações muito
graves para com
os necessitados
e pacientes que
os procuram.
Não podemos
esquecer que o
desencarnado
dessa condição,
transportando
imensos
conflitos em si
próprio, é assim
como pilha
ressecada, com
perda quase
absoluta de
potência
elétrica,
acolhendo-se
numa pilha nova,
carregada de
energia – o
médium a que se
ajusta –,
fazendo retinir
a campainha das
manifestações
sensoriais, de
modo a
reequilibrar-se
com a eficiência
possível.
O médico
sensato, frente
ao enfermo que
lhe pede
auxílio, decerto
não entrará em
pormenorizadas
indagações
quanto a
deslizes que
terá ele
cometido, por
infortúnio da
própria
situação.
Não usará
franqueza
destrutiva.
Saberá dosar a
verdade,
veiculando-a
através da água
viva do amor,
suscetível de
regenerar os
tecidos lesados
por moléstias
indefiníveis.
Invocará a
essência do
socorro divino,
que palpita em
toda a Natureza,
estimulando-lhe,
assim, a
confiança.
Situá-lo-á no
otimismo, na
alegria e na
esperança, a fim
de que o poder
curativo do
Criador em cada
célula viva
possa entrar em
ação.
E o doutrinador,
na assembleia
mediúnica, é um
agente da mesma
espécie,
atendendo a uma
dupla de
pacientes, que,
no caso, vem a
ser o
desencarnado
doente e o
médium que o
abriga, pois que
qualquer golpe
vibrado sobre a
entidade
comunicante
percutirá, de
modo imediato,
sobre a
organização
perispirítica do
instrumento em
serviço.
É por essa razão
que, muitas
vezes, se o
doutrinador não
se precata
contra
semelhantes
perigos, o
medianeiro
humano, não
obstante
amparado por
benfeitores
responsáveis,
costuma
retirar-se da
tarefa
assistencial
predisposto a
perturbações
orgânicas,
porquanto, entre
a organização
medianímica que
auxilia e o
doutrinador que
esclarece, se
entrosam elos
sutis de força,
em torno do
necessitado que
está recolhendo
o recurso de que
precisa, a fim
de refazer-se.
O desencarnado
sofredor, no
momento em que
se comunica,
permanece, dessa
forma,
temporariamente,
quase que na
posição de um
filho espiritual
das forças
conjugadas do
doutrinador e do
médium.
Eis aí a razão
por que devemos
prezar com mais
veemência a
responsabilidade
nos serviços
desse teor.
Fazem-se
indispensáveis a
serenidade e a
tolerância. E em
qualquer fase
mais complexa do
esforço
protecionista
recordemos a
oportunidade da
prece como
medicação
inadiável para
que a bênção de
Mais Alto se
registre na obra
de solidariedade
cristã que nos
propomos
efetuar.
Não nos
esqueçamos,
assim, de que na
comunhão com as
mentes
torturadas, já
libertas do vaso
físico, é
imprescindível
aprendamos, com
Jesus, a servir
com paciência e
carinho, para
que a nossa
máquina de
trabalho não se
resseque, por
falta de
combustível da
humildade e do
amor.
Mensagem
transmitida
psicofonicamente
na noite de
20/9/1956, por
intermédio de
Francisco
Cândido Xavier,
e publicada no
livro Vozes
do Grande Além,
obra ditada por
Espíritos
diversos.