Ao idoso com carinho
A frase acima pode
servir perfeitamente de
legenda para o trabalho
realizado pela Fundação
Espírita João de Freitas
Lúcio Aneu Sêneca,
romano, nasceu no ano 4
a.C. e desencarnou em
Roma aos 68 anos de
idade. Rico, vivia uma
vida simples e buscava
contemplá-la com o
melhor das suas forças e
da sua filosofia. Um dia
refletindo sobre os
anciãos disse:
“Quando a velhice
chegar, aceita-a, ama-a.
Ela é abundante em
prazeres se souberes
amá-la. Os anos que vão
gradualmente declinando
estão entre os mais
doces da vida de um
homem, Mesmo quando
tenhas alcançado o
limite extremo dos anos,
estes ainda reservam
prazeres.” Com muita
propriedade o filósofo,
contemporâneo de Jesus,
olhava para o idoso com
ternura ofertando-lhe
uma colher de estímulo.
Em verdade quando se
chega aos anos
superiores da vida
física o homem traz em
si toda uma gama de
experiências. Somente
mais tarde o ser
encarnado pode avaliar o
valor de uma existência
no corpo físico. Ali,
quase sempre distanciado
dos ardores e das
paixões, pode refletir
com calma e sabedoria
utilizando para isto a
ferramenta da
maturidade. É bom
conversar com o idoso. É
bom encontrá-lo no
clube, na praia, nas
arenas dos grandes
torneios, é bom tentar
ler seus pensamentos,
divagações e apreciar
seu sorriso cálido, suas
mãos que realizaram,
seus sonhos de encontros
com o Deus da sua
crença. Ao seu lado
muitas vezes nos
sentimos enternecidos.
Quantos vovôs e vovós
não se tornam arrimos
psicológicos de uma
família. Quantas vezes
suas presenças são
requisitadas para uma
opinião sensata porque
eivada de
conhecimentos...
Ao idoso todo o carinho
quer em suas casas junto
dos seus, quer na via
pública, nas salas de
concertos, encenações,
ônibus, aviões ou outro
meio de transporte
qualquer. Nos parques,
enquanto crianças correm
e brincam jovens se
enamoram e adultos se
buscam para trocas, o
idoso é ali o pórtico da
vida nas duas dimensões.
A vida que está prestes
a deixar e aquela que se
lhe abrirá qual portal
de bronze aos sons dos
guizos, anunciando-lhe
nova etapa após
transpô-la. O idoso
pressente-a. Olha-a e
sorri para aqueles que
acabam de chegar ou se
encontram em plena faina
alimentando o progresso
com seus que fazeres.
Então ele, o ancião,
observa, comenta, propõe
e depois vai descansar
em sua cadeira de
balanço ou num tabuleiro
de xadrez ensinando aos
netos a arte de vencer
com peões, cavalos,
reis...
Depois, de bengala ou
não, vai caminhar pelas
ruas das suas
lembranças, saudades,
tempos bons ou difíceis.
O idoso bem sabe que
todos eles foram bons e
estavam de acordo com
suas necessidades.
“Viver é envelhecer”
– Somente eles podem
avaliar o bem e o mal
porque os viveram ao
longo de muitos anos.
Podem até fazer
apologias que enriqueçam
a filosofia que tanto se
entrega a conceituar o
que é o bem e o que é o
mal. O idoso sorri para
o filósofo e diz: “Qual
nada... Tudo é bom na
criação de Deus!”.
“Viver é envelhecer”,
diz Simone de Beauvoir
numa das suas reflexões.
E envelhecer, o que
significa? Talvez
Fernando Pessoa tenha
respondido quando disse:
“Há um tempo em que é
preciso abandonar as
roupas usadas, que já
tem a forma do nosso
corpo, e esquecer os
nossos caminhos, que nos
levam sempre aos mesmos
lugares. É o tempo da
travessia: e, se não
ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para
sempre, à margem de nós
mesmos”. Assim é salutar
a vivência na senectude
física. Aristóteles já
dizia que “O tempo
consome as coisas e tudo
envelhece com o tempo”.
Sabemos, porém que o que
envelhece é apenas o
corpo físico, muitas
vezes, guardado num
desses templos o
espírito está remoçado e
pronto apara partir e
voltar e ser maior
ainda, pois como nos
disse Kardec: “Nascer,
viver, morrer, renascer
ainda, progredir sempre,
tal é a lei”. Desta
forma todos vamos
renascendo em cada ciclo
e aprimorando nossas
prerrogativas de vida,
uma vez que somos
singulares com Deus.
Bom e necessário são os
acolhimentos aos idosos.
Protegê-los,
respeitá-los, amá-los
ofertando-lhes o
conforto que merecem.
Quando os lares estão
impossibilitados para
tal surgem as
instituições que os
acolhe e, num trabalho
gigantesco de doações,
fazem delas os lares
perdidos de muitos
daqueles que lá são
abrigados. Em Juiz de
Fora, MG, existe uma
dessas casas de
desmedida afeição para
com setenta e oito
irmãos e irmãs que lá
residem em casas
confortáveis de sala,
dois quartos, cozinha,
banheiro, centro de
convivência, refeitório,
setor de cuidados
especiais, sala para
diversas oficinas, salão
de estudos espíritas,
escola de evangelização
para criança e mocidade
e pátios internos de
belezas e comodidades,
facultando ao idoso ou
ao visitante uma vista
harmoniosa onde o verde
da grama contrasta com
as multicores dos
florais ali plantados.
Estamos falando da
Fundação Espírita João
de Freitas que fica na
Rua São Mateus, 1350, no
bairro do mesmo nome da
rua. Por que o nome:
João de Freitas? Justa
homenagem a um mentor
comum de muitas casas
espíritas da cidade.
Amado por milhares, o
trabalhador incansável
da espiritualidade tem
doado suas benesses de
luz e conforto a quantos
lhe buscam socorro e
amparo.
Oitenta anos de luta e
tra-balho
– Ano que vem, 2014, a
instituição completará
oitenta anos! Fundada em
22 de fevereiro de 1934,
vem ao longo desses
setenta e nove anos de
atividades
ininterruptas, fazendo
crescer nos corações de
quantos conhecem a Obra
a esperança num tempo de
plena fraternidade. O
senhor Ali Halfeld tinha
o hábito de andar com um
“Livro de Ouro”,
colhendo doações. Assim
conseguiu adquirir o
terreno que fazia parte
de uma fazenda.
Construiu ali a
Fundação, abrigo de
idosos. Junto a ele
estavam também os
pioneiros Orvile Derby e
Epaminondas Braga, entre
outros. Prédio erguido,
diretoria constituída,
mãos à obra.
O atual presidente é o
senhor Ronaldo Miranda
com quem conversamos
longamente a respeito da
respeitável instituição.
Está hoje com cinquenta
e oito anos, casado e
pai de três filhos,
coloca-se como tarefeiro
do Cristo a favor
daqueles que o Mestre
encaminha a ele e mais
seis diretores que
compõem a diretoria,
além dos conselheiros. “Costumo
dizer que é minha
segunda casa. Considero
todos aqui como meus
familiares, amigos de
coração. O trabalho que
aqui realizamos é como
uma continuação do nosso
lar mesmo. Aqui cheguei
quando estava com 18
anos e foi através de um
dos seus presidentes
anteriores, senhor Romeu
de Oliveira, que conheci
a Casa. Ele trabalhou
aqui durante 30 anos
sempre à frente da
direção”. Ronaldo nos
disse com emoção.
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Portaria da Fundação |
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Sala de visitas |
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Sala de televisão |
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Oficina de artesanato |
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Voluntários da fisioterapia |
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Sala de refeições |
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Integrantes do Grupo Monoel
Philomeno de Miranda |
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Grupo de residentes |
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Uma residente da casa |
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D. Messias de Oliveira |
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Duas internas na porta da instituição |
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Outra residente da casa |
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Caminhamos pelas
dependências da Casa.
Conversamos com
residentes. Uma delas
nos convidou a entrar em
sua casa. Tudo uma
harmonia só. Limpa,
arejada, mobiliada e
suave. As vibrações ali
eram mesmo de refrigerar
mentes e corações. Outra
senhora, dona Domingas
Moreira Jacob, de
setenta e cinco anos,
com espontaneidade nos
disse que mora na
instituição há 38 anos.
“Aqui é ótimo, lugar
muito bom. Minha filha
cansa de me chamar para
morar com ela, mas nem
penso em sair daqui.
Gosto muito daqui. Eu
ajudo na rouparia e é
isto o que mais gosto. E
gosto de todos daqui,
são gentes muito boas.”
Ronaldo nos disse sobre
o centro de convivências
da instituição e para lá
nos rumamos. Local
agradável com piano,
mesas para bate papos e
jogos, sinuca,
poltronas, TV por
assinatura... Foi lá que
encontramos entre outros
o senhor Jeová Antônio
Serdeira, assistindo
futebol e assentado
confortavelmente numa
daquelas poltronas. “Já
estou aqui pela terceira
vez. Gosto muito daqui,
sou bem tratado, tudo o
que eu peço sou
atendido, então estou
muito satisfeito. A
fundação tem sido muito
boa, muito boa mesmo
para mim. Era
farmacêutico e
trabalhava na área de
promoção de produtos
farmacêuticos da Pfizer.
Estou aposentado hoje.
Tenho quatro filhos e
todos estão casados. São
todos homens e todos
eles independentes”.
No domingo a reunião é
aberta ao público
– Perguntamos sua
religião e ele disse
enfático: “Sou
católico”. É isto, a
instituição não faz
distinção religiosa para
admitir seus residentes.
“Necessitam estar acima
de 60 anos, ter uma
renda de no máximo dois
salários mínimos e
passar pela assistência
social que avaliará com
mais detalhes. São
indicados ou podem
procurar a instituição
por livre vontade”,
comentou o presidente. E
quanto ao trabalho de
informação espírita,
como isto acontece aqui?
Perguntei-lhe. “Existe
neste centro de
convivência o Grupo
Espírita Manoel
Philomeno de Miranda que
não os forçam a se
tornarem espíritas, mas
oferecem-lhes
informações sobre o
Espiritismo. O grupo
promove muitas festas
com os residentes, coisa
que eles adoram muito.
Funciona toda quarta
feira às quinze horas.
Naqueles momentos há a
música do Genésio
Marçal, violonista e
cantor que nos encanta
com suas canções e seus
CD’s e todos cantam com
ele. Há leituras de
mensagens espíritas,
preleção sobre um tema
escolhido pelo
palestrante e depois os
passes para quem
desejar. Aproximadamente
quarenta idosos
participam. Temos também
mais dois grupos de
estudos funcionando aos
domingos entre nove e
onze horas”.
A instituição promove em
todos os domingos às dez
horas da manhã uma
reunião pública que é
aberta à comunidade.
Cerca de cem pessoas se
fazem presentes. Ao lado
está a menina dos olhos:
Escola de Evangelização
Yvonne Pereira do
Amaral, fundada pela
dona Yvonne, renomada
escritora e tarefeira
espírita, quando residiu
em Juiz de Fora. Cerca
de cinquenta crianças
estão matriculadas e
frequentes aos domingos
no mesmo horário da
palestra pública. Há
ainda a mocidade
espírita que funciona no
mesmo horário e no
centro de convivência,
objetivando aproximar o
jovem do idoso e da
instituição, pois:
“serão eles os futuros
trabalhadores daqui”,
disse-nos o presidente.
Há também as visitas
dominicais de grupos de
amigos que vêm conversar
com os idosos e
trazem-lhes um lanche
farto. Isto acontece
todos os domingos, às 17
horas e os grupos
agendam suas visitas.
Em nossa caminhada pelos
pátios encontramos com o
pessoal da fisioterapia.
Um jovem e duas moças.
Ele, Waldemiro Oliveira
é o supervisor e Camila
e Mayara Lopes as
estagiárias. Waldemiro
nos disse: “Damos
assistência na parte de
fisioterapia aos idosos
tanto nas residências
quanto no setor de
cuidados especiais. O
trabalho é realizado às
3as. Feiras de 13 às 17
horas. Fazemos uma
triagem para vermos as
necessidades dos idosos
e conforme a necessidade
damos o atendimento”.
A importância do
trabalho voluntário
– Parece simples, mas
este trabalho é todo
voluntário. Camila
comentou: “É muito bom
estar aqui e ver o
carinho e o cuidado como
são tratados os idosos.
Somos muito bem
recebidas por todos
daqui. É muito gostoso
estar aqui, trabalhando,
se ajudando através
deste trabalho
voluntário”. Muito
consciente a reflexão
daquela jovem e Mayara
completou: “Damos apoio,
não só na parte da
fisioterapia, mas também
no fator psicológico.
Atendendo suas
carências, acabamos por
virar parte das famílias
deles. Se fosse fazer
hoje minha monografia
escreveria: ... às vezes
tratamos das crianças,
dos adultos e quando
chegam os idosos
corremos o risco de
largarmos a mão e aqui
percebemos que não é bem
assim, temos que ter
carinho, pensar sempre
no futuro que eles
também possuem e com
isto buscarmos fazer o
melhor para eles
também”. Sim, muito
emocionante!
Mais à frente um grupo
de meninos e meninas
uniformizados e alunos
do Colégio Militar
daquela cidade,
matriculados na 6ª.
série, estavam felizes e
achando tudo “muito
maneiro!” É que eles
estavam numa função
interdisciplinar no qual
o tema é a
solidariedade. Em visita
à instituição buscavam
ver as necessidades para
tentar ajudar. E eles
eram belos e belos os
contrates daqueles
rostinhos com as faces
doces das velhinhas que
transitavam entre eles.
Meu Deus, quanta
maravilha! Dona Ana
Rocha Meyer, de 86 anos,
morando ali desde 2010,
foi logo dizendo: “Gosto
muito daqui, é o melhor
lugar do mundo. Fui
professora primária,
naquele meu tempo eles
chamavam de ensino
primário. Trabalhei aqui
em Juiz de Fora. Minha
família me visita sempre
embora sejam poucas as
pessoas da minha
família. Não tenho
filhos, o que tive
morreu. Quem vem muito
aqui é o meu sobrinho.
Afirmo ainda que aqui é
o melhor lugar do
mundo!” Os alunos se
entreolharam e sorriram
e depois ouviram dona
Idalice Maria Lima,
colega de casa de dona
Ana Rocha dizer: “Estou
aqui há 16 anos e tenho
98 anos. Nasci em 13 de
julho de 1914. Eu julho
próximo completo 99 anos
e ano que vem, 2014, 100
anos! Gosto muito daqui,
vim para conhecer e
acabei ficando. O que
mais gosto daqui é a
comunidade, o pessoal,
todos são muito
benquistos, atenciosos,
amáveis. Todos aqui me
chamam de bonequinha,
bonitinha... (risos).”
Que senhora elegante!
Vestida a rigor dava
mostras de plenitude
espiritual. Olhei as
crianças e as idosas e
pensei: “Quem, neste
contexto, é o mais
velho?” E me lembrei de
Jesus, Chico Xavier,
Irmão X e o livro Boa
Nova em seu capítulo que
versa sobre: Velhos e
Moços.
“Quando chegamos à
instituição somos
recebidos por todos eles
com muito carinho. No
meu caso, quando entro
aqui meu carro fica
circundado deles para
conversar, falar e até
reclamar alguma coisa,
mas tudo com um carinho
imenso, de família
mesmo”. Ronaldo também
estava emocionado quando
nos disse isto.
Conversando com ele eu
disse que os residentes
são pessoas que já
viveram uma vida. Têm
experiências, talentos,
expansões.
O valor da experiência
dos idosos
– Perguntei-lhe como
eles podem demonstrar
ali suas
potencialidades. “A
maioria está entre 75 a
80 anos. Então eles
trazem suas histórias e
as conta, permutando
informações. Isto
enriquece a convivência.
E tanto os diretores
quanto voluntários
sempre procuram um ou
outro para saber das
suas experiências. E as
histórias que contam
sempre adiciona algo em
nossas vivências. Temos
aqui uma cantora e ela
se apresenta em nossas
festas que realizamos
uma vez a cada mês.
Temos artesãs do crochê,
tricot e outros que
dedilham violão, etc.
Então eles se envolvem
nessas vivências e se
deliciam com elas”.
Ronaldo havia nos dito
sobre o setor de
cuidados especiais.
Fomos até ele. Contém
dezesseis leitos e para
ali são encaminhados os
idosos que se acham
enfermos necessitando
cuidados especiais. Uma
equipe de nove
enfermeiros e uma
supervisora, todos
contratados, os atende
com a supervisão de
médicos. Estes, num
trabalho voluntário.
“Quando nossos recursos
não são suficientes, os
encaminhamos para os
hospitais da cidade. Lá
são atendidos através do
SUS e dos seus planos de
saúde pessoais. A
maioria é atendida pelo
SUS. Ali terão os
acolhimentos e
internações se
necessário. Sabendo que
ficamos sempre atentos
com equipes que os
visitam. Também os
medicamentos que
necessitamos aqui são
fornecidos pelo SUS ou
trazidos pelo pessoal da
enfermagem”. E quando
chegam ao óbito?
Perguntei. “A
instituição comunica à
família que juntos fazem
o roteiro necessário
como certidão, velório e
sepultamento. Há casos
em que a família não
atende ao nosso chamado,
então providenciamos
tudo. Cartórios,
prefeitura ou algum
outro órgão não nos
ajudam nas despesas.
Conversamos com dona
Messias de Oliveira, com
oitenta e um anos de
idade. Ela, sorridente
nos disse sobre os
atendimentos que recebe
naquele núcleo de
cuidados especiais:
“Aqui é muito bom mesmo.
Estive internada várias
vezes em hospitais da
cidade e o tratamento
que recebo aqui é igual
ao que recebi naqueles
hospitais. Pode dizer
isto, meu filho, somos
muito bem tratados
aqui”.
A Fundação é puramente
espírita e não recebe
ajudas de órgãos
públicos como municipal,
estadual ou federal,
para a sua manutenção
diária. Ela se mantém
através de doações e
alugueis de alguns
imóveis que estão em
nome da instituição.
Recebemos também
contribuições de alguns
residentes. Eles
colaboram com 60% do
salário mínimo, girando
em torno de R$420,00
hoje. Isto, quando
podem. Caso contrário
damos a eles todo o tipo
de conforto sem a menor
participação financeira
dos residentes”.
As doações são
generosas, embora
esporádicas
– São servidas várias
refeições diárias: café
da manhã, mais tarde um
coquetel de frutas,
almoço, lanche da tarde,
jantar e uma ceia à
noite composta de leite
e biscoitos. Nas
quarenta casas
existentes podem residir
até oitenta idosos,sendo
este o número limite da
instituição. Quando
chegam e se não trazem
móveis a instituição os
fornece, adquirindo
através de doações.
Promove festa junina,
baile e venda de
produtos artesanais
feitos por voluntários e
residentes na oficina de
artesanato conduzida por
Márcia Menegatte. E
dá-lhe fuxicos, bonecas
de pano, aventais
rendados e com belas
aplicações, toalhas,
panos de prato,
bordados, almofadas...
Existem ainda aulas de
computação ministradas
pela Leandra e torneios
de música, danças e
festas diversas que
muito animam e encantam
os idosos.
Cerca de cem voluntários
participam do trabalho,
cada qual trazendo sua
quota proporcionando uma
variedade de eventos e
serviços que a todos
ajuda sobremodo. Chegam
doações generosas, se
bem que esporádicas.
Mas, quando um telhado
necessita ser reparado
ou outra parte qualquer
dos prédios, sempre a
espiritualidade indica
alguém como o caso de
uma senhora e de um
sindicato que juntos
ofertaram trinta mil
reais numa hora em que
era mesmo muito
necessários tais
valores. “Há casos em
que alguns residentes se
tornam voluntários. Mas
são casos raros e o
fazem porque querem
ajudar. Assim, a saúde
permitindo, eles
contribuem com suas
parcelas e dentro
daquela atividade onde
melhor se adequam”,
falou-nos ainda o
presidente.
Eles saem ou ficam o
tempo todo em casa? –
perguntei.
“O residente precisa
cumprir uma norma de
sair e retornar entre
sete da manhã e sete da
noite. Estamos agora
implementando um
registro de saída e
chegada do idoso, bem
como seu destino ao
sair. Tivemos ano
passado alguns sustos de
pessoas que passaram mal
na rua, outro que quase
foi atropelado. Com isto
saberemos aonde a pessoa
vai e se demorar sabemos
onde encontrá-lo. A
única restrição à sua
saída é seu estado de
saúde ou a própria
família que autoriza ou
não” – disse-nos
Ronaldo.
Reinaldo José de Souza é
enfermeiro contratado e
ele nos disse algo de
muita relevância: “Nosso
trabalho aqui é
grandioso, crescendo
sempre, e, a cada dia,
acrescentado de acordo
com os conhecimentos que
chegam através de outros
profissionais que aqui
vem nos visitar,
trazendo novas
informações para uma
qualidade de vida melhor
para os nossos
abrigados.” O presidente
nos disse ainda que uma
vez por mês as crianças
da evangelização vão até
os idosos. “Naqueles
dias as aulas são
trocadas pela visitas
que aproximam o idoso da
criança.” E assim Seara
e Seareiros vão
cumprindo seus papéis no
grande concerto das
delicadezas próprias da
fraternidade em
propulsão.
A fala de quem dirige a
instituição
– “Quando falamos em
Fundação, falamos com
emoção. No meu caso,
aqui estou por pura
emoção, de coração
mesmo. Hoje para
administrar uma casa
desta deveria ser um
Administrador de
Empresas, formado,
porque o trabalho é
muito desgastante e
requer providências que
nem sempre só a emoção
resolve. Mas, aqui
estamos e vamos
trabalhar. Quanto ao
futuro, não posso dizer.
A atual diretoria ainda
tem alguns meses pela
frente. Pela empolgação
falamos em continuar e
em outras horas achamos
melhor passar para
outro. Aqui é tudo muito
marcante e digo a todos
que o trabalho é
cansativo sim, porém
extremamente
gratificante e o que
recebemos de lucros com
isto só a
espiritualidade pode
dizer. É muita alegria
adentrar uma casa dessas
e saber que cerca de
oitenta pessoas convivem
aqui dentro aguardando
nossas atitudes,
decisões em favor deles.
Às vezes coisas
pequenas, pequenas
doações nossas, mas de
grande valor para eles.
É tudo muito bom e digo
para aqueles que ainda
não tiveram coragem de
assumir uma tarefa
dessas que assumam. É
tranquilo bastando
apenas saber dividir as
tarefas, as etapas que
fica muito fácil dirigir
uma Casa igual a essa.
Como nos diz Kardec,
devemos nos amar mais
ainda, esta é a única
maneira de realizar um
bom trabalho. Vamos
evoluir através do amor,
todos nós”.
As
palavras
acima
foram
ditas
pelo
confrade
Ronaldo
Miranda
(foto),
enquanto
caminhávamos
para sua
sala,
passando
pela
portaria
e sendo
saudado
por
gentil
irmã que
ali
cumpria
sua
tarefa.
Agradecemos
ao
Ronaldo,
ao Dr.
João de
Freitas,
à
espiritualidade
presente
e a
Jesus a
grande
oportunidade
de ver
de perto
uma Obra
gigantesca
e
eficiente
em seus
propósitos.
Parabéns,
irmãos.
Sigamos
em
frente.
Lá
no
futuro
|
|
encontraremos
a paz
que
repousa
nas
mentes e
nos
corações
daqueles
que
cumprem
bem e
com
galhardia
seus
compromissos
assumidos
com
Jesus e
a
espiritualidade. |
André Luiz no livro
No Mundo Maior,
capítulo nove, diz-nos
que “A fé representa a
força que sustenta o
espírito na vanguarda do
combate pela vitória da
luz divina e do amor
universal” e no livro
Dicionário da Alma
encontramos que “As
obras que construímos na
Terra são raízes
profundas de nossa alma,
retendo nosso coração no
serviço”. Assim fé com
obras é alicerçar-se
para os sublimes voos em
direções superiores da
consciência. O trabalho
desenvolvido na Fundação
Espírita João de
Freitas, em Juiz de Fora
(MG) é bem o vértice e o
vórtice desse desiderato
feliz e necessário,
estimulando a tantos
quantos desejam evoluir
no bem.
|