Doações
esquecidas: as
dádivas do
carinho!
“(...) não poupe
a dádiva do
carinho,
transmitindo e
recebendo
energia vital
responsável pela
preservação da
vida.”
Marco Prisco. *
A mensagem acima
nos sugere
ainda:
“Afague o
filhinho querido
(...)
Acarinhe a
pessoa amada
(...) de modo a
transmitir-lhe a
sua boa emoção.
(...)
Demonstre o
sentimento
afetivo a outra
pessoa. (...)
Externe,
mediante
palavras e atos,
as suas emoções
superiores em
relação àqueles
que o
sensibilizam
positivamente.
(...)
Não basta amar.
É necessário
dizê-lo,
demonstrá-lo,
alimentar-se de
afetividade.
(...)
Irradie a
amizade onde se
encontre e, no
círculo da sua
afetividade, não
poupe a dádiva
do carinho...”.
Diz mais: as
crianças não
acarinhadas
adoecem; os
ditadores isolam
em cubículos
exíguos aqueles
que se lhes
opõem, a fim de
dobrá-los à sua
vontade.
*
Pessoa amiga
relatou-nos que,
ao atender
carinhosamente
um pedinte idoso
que lhe bateu à
porta,
desculpava-se
com ele, pela
insignificância
do que lhe
oferecia. Ele,
contudo, se pôs
a conversar com
ela, dizendo de
seus
sofrimentos, de
suas
necessidades que
o obrigavam a
mendigar e a
suportar pelas
ruas todo tipo
de
incompreensão.
Tinha vergonha,
mas se não
pedisse,
passaria fome,
ele e alguns
netinhos.
Se pede, é
humilhado e
agredido.
Muitos, quando
lhe doam
qualquer coisa,
nem sequer lhe
ouvem os
agradecimentos,
dando-lhe as
costas. E
afirmava-lhe que
a dádiva maior
que lhe ofertara
fora a atenção
que lhe
dispensara, a
boa palavra.
Era-lhe, pois,
muito grato.
Refere-nos outro
amigo que, anos
atrás, quando
funcionário
público, o
Estado de Goiás
atrasara o
pagamento do
funcionalismo
por vários
meses. Ele e
alguns colegas
que exerciam
outras
atividades
sofriam menos.
Mas muitos só
possuíam aquela
fonte de renda e
esgotaram a
capacidade de se
endividarem: no
armazém, na
farmácia, junto
a familiares e
onde mais
obtivessem
créditos.
Os filhos
estavam com as
roupas apertadas
e curtas, os
sapatos gastos.
Faltavam-lhes
materiais
escolares.
Indispensável
receber uma
parcela dos
atrasados, ainda
que apenas o
salário de um
mês, para
renovar o
crédito do
armazém e
atender às
urgências mais
prementes!
Reuniram-se e
decidiram ir ao
Palácio para
expor suas
agruras ao
governador –
provisório
“inquilino da
Casa Verde” – e
rogar-lhe que
amenizasse suas
angústias e a
dos entes
amados.
Subiam a pé, em
caravana, a
Avenida Goiás,
em direção ao
Palácio das
Esmeraldas,
quando se
aproximou deles
um pedinte,
homem velho,
encanecido pelos
sofrimentos que
a vida lhe
impusera.
E estendeu mãos
trêmulas a um
deles, que
estava vestido
de terno, por
dever de ofício,
mas que, dentre
todos, era
aquele de
situação mais
difícil.
Ao mirar o homem
alquebrado, de
mãos suplicantes
e olhar humilde,
sofrido, nosso
personagem
comparou a
própria desgraça
com a daquela
criatura que,
certamente, após
muitas labutas,
não contava com
outro meio de
sobrevivência
que não o de
buscar a
caridade
pública. Nessa
busca, quem sabe
quantas
humilhações lhe
eram impostas!
Tudo isso
refletiu, num
átimo de tempo.
Seu coração
encheu-se de
compaixão pelo
outro. E, à
maneira do
samaritano da
parábola de
Jesus, comovido,
apertou-lhe
calorosamente a
mão, com todo o
vigor e carinho
de seu coração,
olhando-o nos
olhos, e a
dizer-lhe:
– Deus te
abençoe, meu
irmão!...
E repetiu,
baixinho, com os
olhos em
silenciosas
lágrimas,
traduzindo a
emoção que lhe
ia na alma:
– Deus te
abençoe, meu
irmão!...
Para surpresa
sua e dos
circunstantes, o
esmoler se pôs a
chorar
convulsivamente,
pois que lhe
sentiu a
vibração de
amor, naquele
toque fraterno,
generoso, de
alma para alma!
Àqueles que se
acercaram,
curiosos, sem
compreender o
que se passava,
a imaginar que
agredira o
mendicante,
disse-lhes que
se acalmassem e
aguardassem a
explicação do
próprio homem.
Ao ser indagado,
quando se
recompôs,
respondeu-lhes:
– É porque há
muito tempo não
sou tratado com
carinho! Há
muito não sou
visto como
gente! Todos me
escorraçam,
maltratam ou
dão-me algo com
desprezo,
virando as
costas, para se
livrarem de mim!
Deu-lhe mais com
a vibração e as
palavras
fraternas, com o
aperto de mão,
do que se lhe
desse algum
recurso, por
maior que
fosse!
*
Reportagem da TV
Cultura informou
que, no distrito
do Brooklyn,
em Nova Iorque,
nos Estados
Unidos, a
comunidade
estimulou a
volta de valores
singelos como
cumprimentar as
pessoas,
conhecidas ou
não – simples
dever de
urbanidade, hoje
pouco cultivado
– para, com
sucesso,
diminuir a
violência.
É preciso
cultivar a
gentileza, ver o
outro,
valorizá-lo, a
partir do
cumprimento, do
aperto de mão!
Essas, também,
são formas de
amar, de
expressar
fraternidade e
construir um
mundo melhor,
pois que o
silêncio e a
indiferença são
formas de
violência.
Quantas vezes
deixamos passar
oportunidades
preciosas para
amenizar
sofrimentos,
encorajar alguém
que se ache
abandonado ou
enfermo; quantas
vezes negamos o
bem precioso do
alimento ao
faminto; mas,
sobretudo,
quantas vezes
negamos o
sorriso, a
palavra boa, o
aperto de mão, o
simples mas
precioso olhar
de
compreensão!...
Egoístas,
isolamo-nos, a
buscar soluções
apenas para
necessidades
passageiras, sem
levar em conta
aqueles que
cruzam nossos
caminhos, sem
amá-los, sem
lhes doar algo
de nós mesmos.
Há dois mil anos
Jesus
ensinou-nos
preciosa
filosofia de
vida – que se
resume no amar o
próximo como a
si mesmo –, a
qual nos
harmonizará com
as Leis
Cósmicas.
Respeitá-la e
aplicá-la em
nossos
relacionamentos
é a forma ideal
de evoluirmos
conscientemente.
A dádiva do
carinho está ao
nosso alcance. É
só nos educarmos
para essa
indispensável
doação, que
belamente
expressa o amor
ao semelhante!
Jesus veio até
nós. Quando nos
decidiremos ir
até Ele,
vivenciando seus
ensinos?
(*) Mensagem
recebida pelo
médium Divaldo
P. Franco, em
4.12.89, no
Centro Espírita
‘Caminho de
Redenção’, em
Salvador-BA.