RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)
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Lenta mudança
“De duas maneiras se
opera, como já o
dissemos, a marcha
progressiva da
Humanidade: uma,
gradual, lenta,
imperceptível, se se
considerarem as épocas
consecutivas, a
traduzir-se por
sucessivas melhorias nos
costumes, nas leis, nos
usos, melhoras que só
com a continuação se
podem perceber, como as
mudanças que as
correntes dágua
ocasionam na superfície
do globo; a outra, por
movimentos relativamente
bruscos, semelhantes aos
de uma torrente que,
rompendo os diques que a
continham, transpõe
nalguns anos o espaço
que levaria séculos a
percorrer. É, então, um
cataclismo moral que
traga em breves
instantes as
instituições do passado
e ao qual sobrevém uma
nova ordem de coisas que
pouco a pouco se
estabiliza, à medida que
se restabelece a calma,
o que acaba por se
tornar definitiva.
Àquele que viva bastante
para abranger com a
vista as duas vertentes
da nova fase, parecerá
que um mundo novo surgiu
das ruínas do antigo.” –
Allan Kardec, A
Gênese, cap. XVIII.
Quantas vezes, ao
assistir ligeiramente
aos noticiários da
televisão repletos de
crimes selvagens que são
suavizados com a
denominação de
“hediondos” e que são
punidos com penas
risíveis nesse sistema
de progressão de penas,
não fiquei indagando a
mim mesmo onde estaria
esse mundo de
regeneração?
Quantas vezes vendo o
criminoso valer-se da
impunidade não indaguei
onde estaria o começo
desse mundo de
regeneração?
Quantas vezes vendo
doentes morrerem na
porta de hospitais
superlotados, mal
aparelhados, sucateados
em sua capacidade de
oferecer o mínimo que a
população tem direito,
não questionei sobre
esse mundo de
regeneração?
Estupros de vulneráveis,
pedofilia, genocídios,
corrupções impunes,
morte ocasionada pela
fome, tsunamis,
terremotos, acidentes
com centenas de vida,
abandono de
recém-nascidos, de
velhos, suicídios,
abortos, não senti uma
derrota dentro da alma e
a sensação de que o
mundo de regeneração era
um sonho poético do mais
utópico dos poetas?
Mas quando abro essa
passagem de Allan Kardec
no livro A Gênese,
sinto a semente da
esperança agitar-se no
solo fértil da
eternidade! Como Kardec
foi tão lúcido e preciso
em suas colocações!
Abro a revista VEJA
em sua edição 2330
de 17 de julho de 2013 e
encontro a notícia de
que o apoio ao aborto
diminui entre
americanos, e lei
restritiva no Texas
reflete isso. Vale a
pena reproduzirmos um
trecho: “Mudar de ideia
– e de leis que não
sejam as garantias civis
imexíveis – é inerente
às democracias, mesmo
quando as mudanças
parecem superficialmente
conflitantes. Nos
Estados Unidos, isso
está acontecendo em
relação a duas questões
importantes, a do
casamento civil de
homossexuais e a do
aborto. Enquanto a
aprovação à primeira se
amplia, na segunda, ela
se retrai. Em 1996, 56%
dos americanos eram a
favor do aborto e 33%
contra. Hoje, quarenta
anos depois da célebre
decisão da Suprema Corte
que possibilitou a
disseminação legal da
intervenção, os números
equivalentes são 45% e
48%. Um reflexo disso
foi a aprovação do
projeto de lei no estado
do Texas que proíbe os
abortos depois dos cinco
meses de gravidez e
obriga, quando
autorizados, que sejam
realizados em centros
cirúrgicos, limitando-os
amplamente na prática”.
Em relação ao que
existia na década de
noventa, isso já é uma
pequena vitória.
A outra notícia da mesma
revista que nos dá
esperança na mudança
desse mundo atual foi em
relação ao engenheiro
Masao Yoshida, herói da
usina nuclear de
Fukushima, no Japão. Ele
e a sua equipe
arriscaram a própria
vida para evitar que o
desastre provocado pelo
tsunami de março de 2011
assumisse proporções
incontornáveis. Yoshida
permaneceu em seu posto
mesmo depois do alerta
atômico, comandando o
bombeamento da água do
mar para resfriar os
reatores cujo sistema de
refrigeração havia sido
destruído pela onda
gigante. O engenheiro
Yoshida desencarnou
vítima de câncer.
Obviamente que a vaidade
e o orgulho do ser
humano negam a relação
da doença que o vitimou
com a irradiação a que
se expôs para evitar uma
catástrofe maior. Se
pudessem, negariam
também a relação com as
bombas atômicas sobre
Hiroshima e Nagasaki e
todas as vítimas de
câncer com essas duas
explosões. Fica mais
fácil de aliviar a
consciência. Contudo,
não ludibriam as Leis da
Vida.
Muitos autores que
merecem crédito, afirmam
que Emmanuel, através de
Chico Xavier, anunciou
que o mundo de
regeneração terá início
em 2057. Entendamos bem:
terá início! O que é bem
diferente de dizer que
estará consumado. Para
esse intento, temos todo
o terceiro milênio à
nossa disposição.
“O progresso da
Humanidade se cumpre,
pois, em virtude de uma
lei. Ora, como todas as
leis da Natureza são
obra eterna da sabedoria
e da presciência
divinas, tudo o que é
efeito dessas leis
resulta da vontade de
Deus, não de uma vontade
acidental e caprichosa,
mas de uma vontade
imutável. Quando, por
conseguinte, a
Humanidade está madura
para subir um degrau,
pode dizer-se que são
chegados os tempos
marcados por Deus, como
se pode dizer também
que, em tal estação,
eles chegam para a
maturação dos frutos e
sua colheita.” – A
Gênese, cap. XVIII.
Creio que já posso ouvir
e ver determinadas
notícias na televisão
com mais calma e menos
preocupação. Ou será
melhor desligar o
aparelho? O mundo de
regeneração virá com os
homens e apesar dos
homens. Não estarei mais
nele, mas espero ter
méritos de voltar a ele
na próxima...