À medida que Chico foi
ficando famoso não raras
vezes surgiam indivíduos com
o único propósito de colocar
a autenticidade de sua
mediunidade à prova.
Apresentaremos aqui um
desses casos e o desfecho
surpreendente.
Em uma de nossas costumeiras
viagens a Uberaba,
convidamos um ex-prefeito de
Águas da Prata, onde
residíamos, para que fosse
conhecer Chico Xavier.
Católico irredutível, ditado
de brilhante inteligência,
dera, tempos atrás, grande
trabalho para a divulgação
da doutrina espírita no
local, o que podem
testemunhar o Sr. R. A.
Ranieri, Delegado de Polícia
naquela época, e o Sr.
Welson Barbosa, mais tarde
Prefeito da cidade, ambos
dirigentes do Grupo da
Fraternidade.
Após presenciar fenômenos de
efeitos físicos e
inteligentes em nossa casa,
sua curiosidade foi
despertada e acabou por
aceitar o convite.
A viagem transcorreu
bastante agradável. Piadista
nato, emérito gozador de
tudo e de todos, achava que
tinha chegado a hora de
checar o homem, ver se ele
era mesmo o "tal", e se, o
alarde que faziam em torno
de seu nome, não seria
apenas motivado pela
divulgação exagerada da
imprensa. Ponderamos, e
fizemos com que ele
entendesse que não se deve
testar um médium, e muito
menos o seu guia. Seguindo o
mesmo tom de gozação, embora
falando coisas sérias,
afirmamos que poderia "dar
zebra" qualquer teste que
ele fizesse. Ele nos
prometeu que o respeitaria,
mas sua fisionomia de "sarrista",
já estampada, demonstrava
que o "check-up" estava
preparado.
Antes da viagem havíamos
pedido a uma de nossas
amigas, que preparasse um
doce de abóbora na casca,
pois sabemos o fraco de
Chico por guloseimas. A
embalagem foi feita às
pressas, em jornal.
Em Uberaba, fomos direto à
Comunhão Espírita Cristã,
onde fomos recebidos
amavelmente em sala
reservada. Antes mesmo que
entregássemos o petisco, ele
foi logo nos dizendo, ao
olhar o pacote: "Doce de
abóbora especial, como eu
gosto, ainda mais feito pela
Neuza. Mande um abraço a
ela; quando lá estive
saboreei em seu bar esse
gostoso doce..."
Não é preciso dizer a cara
de nosso amigo; tornou-se
mudo e, ao sairmos, muito
sem graça, fez o seguinte
comentário, ensaiando uma
piada: - "O baixinho é
quente..." (ele também é
baixinho).
Cabe aqui uma pequena nota.
Águas da Prata é conhecida
pelo bom número de doceiras
que possui, e que fazem
doces de todas as frutas da
região, quer em compotas,
quer cristalizadas ou em
calda. A senhora a que Chico
se referiu, a mesma Neuza a
quem encomendamos o doce de
abóbora na casca, havia sido
dona de um bar-restaurante
da cidade e só o havia visto
uma única vez. Quando lhe
contamos o fato ela
confessou nem se lembrar
mais que ele havia comido o
tal doce.
Extraído do livro "Nosso
Amigo Chico Xavier (50 anos
de Mediunidade)" , de
Luciano Napoleão da Costa e
Silva - Nova Mensagem
Editorial Ltda. / 1977.
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